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josé oiticica: itinerários de um militante anarquista - Universidade ...

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como aponta Batalha, o público receptor <strong>de</strong> tais mensagens ―mesmo quando alfabetizado<br />

<strong>de</strong>veria ter <strong>um</strong>a consi<strong>de</strong>rável dificulda<strong>de</strong> em acompanhar a arg<strong>um</strong>entação da li<strong>de</strong>ranças<br />

nas questões <strong>de</strong> cunho teórico‖. 141 Talvez aproximando a teoria <strong>de</strong> outros estudos, Oiticica<br />

acreditava que seria melhor compreendido por seus ouvintes e leitores. Assim, tinha como<br />

carro chefe <strong>de</strong> sua explicação a conservação e gasto <strong>de</strong>snecessário <strong>de</strong> energia h<strong>um</strong>ana<br />

relacionando-o com o problema da proprieda<strong>de</strong> privada. 142<br />

Suas análises sobre o acúmulo e <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> energia são baseadas na Teoria<br />

<strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong> Energia <strong>de</strong> Julius Robert von Mayer (físico e médico alemão, famoso<br />

por ser <strong>um</strong> dos fundadores da termodinâmica) e também na Teoria da Queda <strong>de</strong> Energia,<br />

<strong>de</strong>scoberta por Nicolas Léonard Sadi Carnot (físico, matemático e engenheiro francês que<br />

criou o primeiro mo<strong>de</strong>lo teórico <strong>de</strong> sucesso sobre as máquinas térmicas), relacionando-as<br />

com a energia do corpo h<strong>um</strong>ano e com o problema da proprieda<strong>de</strong> privada. 143<br />

Possivelmente inspirado no teórico <strong>anarquista</strong> francês Pierre-Joseph Proudhon, formulou a<br />

base central <strong>de</strong> suas análises sobre a socieda<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>mos notar, assim, a ampla relação<br />

feita por Oiticica para alcançar a elaboração <strong>de</strong> suas teorias: provavelmente conheceu as<br />

obras <strong>de</strong> Mayer durante o período em que esteve matriculado no curso <strong>de</strong> Medicina,<br />

aventurando-se então pelas outras áreas em que o autor atuava, como a Física. Po<strong>de</strong>-se<br />

pensar que, neste caminho, conheceu as obras <strong>de</strong> Carnot e, juntamente com as leituras<br />

<strong>anarquista</strong>s, adquiridas posteriormente a este período <strong>de</strong> estudante <strong>de</strong> Medicina,<br />

encontrou importante manancial para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> suas idéias.<br />

Dentro <strong>de</strong>ssa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimentos e vieses científicos adquiridos por<br />

Oiticica voltamos à pergunta inicial <strong>de</strong>ste Capítulo. Qual era seu anarquismo? A leitura dos<br />

artigos intitulados O <strong>de</strong>sperdício da energia feminina, dividido em seis partes e publicado<br />

na revista A Vida, entre os anos <strong>de</strong> 1914 e 1915, po<strong>de</strong> nos revelar parte <strong>de</strong> suas teorias e<br />

visões sobre a socieda<strong>de</strong>. Mesmo quase não citando os gran<strong>de</strong>s teóricos da causa, a<br />

leitura <strong>de</strong>ste artigo nos possibilita reconhecer alg<strong>um</strong>as <strong>de</strong> suas influências.<br />

Possivelmente o fato <strong>de</strong> não amparar diretamente seus conceitos em outros<br />

141 BATALHA, Claudio. ―A difusão do Marxismo e os socialistas brasileiros na virada do século XIX‖.<br />

In MORAES, João Quartim <strong>de</strong>. História do Marxismo no Brasil. Campinas: Ed. da Unicamp,<br />

1995, p. 27.<br />

142 OITICICA, José. ―As causas do crime‖. Na Barricada, Ano 1, n°13, set. 1915.<br />

143 OITICICA, José. ―O <strong>de</strong>sperdício da energia feminina‖. A Vida, Ano 1, n°1, nov. 1914.<br />

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