08.11.2014 Views

Untitled - Biotecnologia

Untitled - Biotecnologia

Untitled - Biotecnologia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Geração de Eletricidade com Biogás<br />

de Esgoto: Uma Realidade<br />

PESQUISA<br />

Geração de eletricidade a partir do biogás produzido no tratamento de esgotos<br />

Luís Henrique Nobre Avellar<br />

CENBIO/USP- Centro Nacional de<br />

Referência em Biomassa- USP<br />

lavellar@amhanet.com.br<br />

Suani Teixeira Coelho<br />

CENBIO/USP- Centro Nacional de<br />

Referência em Biomassa- USP<br />

suani@iee.usp.br<br />

João Wagner Alves<br />

CETESB- Companhia de Tecnologia e<br />

Saneamento Ambiental<br />

joaoa@cetesb.sp.gov.br<br />

Resumo: Nesse artigo apresentam-se<br />

algumas características e dados de levantamentos<br />

técnicos sobre a coleta e o<br />

tratamento de esgotos no Brasil, bem<br />

como considerações ambientais sobre o<br />

processo de biodigestão anaeróbia, e,<br />

energéticas referentes à geração de energia<br />

elétrica a partir do biogás produzido<br />

em estações de tratamento de esgotos da<br />

SABESP. Além disso, uma importante<br />

contribuição desse artigo encontra-se na<br />

apresentação de metas do projeto de<br />

infra-estrutura universitária, que faz parte<br />

do PUREFA - Programa de Uso Racional<br />

de Energia e Fontes Alternativas da<br />

USP – Universidade de São Paulo, que<br />

tem, dentre outros, o objetivo de elaboração<br />

de um sistema demonstrativo capaz<br />

de gerar eletricidade a partir do<br />

aproveitamento do biogás oriundo do<br />

tratamento de esgotos domésticos produzidos<br />

num Campus Universitário.<br />

1.Introdução<br />

Nas últimas décadas do século XX,<br />

com a crise do petróleo, alertou-se o<br />

planeta para a necessidade de busca de<br />

novas fontes alternativas de energia. Neste<br />

início de terceiro milênio, tais fatos,<br />

associados ao cenário energético brasileiro<br />

e mundial, às estimativas negativistas<br />

de esgotamento das reservas primárias<br />

de energia e aos sinais reais da<br />

escassez energética, reforçaram tal necessidade.<br />

Assim, aproveitar um sub-produto<br />

do processo de tratamento de esgotos,<br />

biogás, como combustível para a geração<br />

de energia a baixo custo, se encaixa<br />

perfeitamente dentre as disposições apresentadas<br />

pelo Banco Mundial de uso<br />

sustentável dos recursos naturais renováveis,<br />

de combate à poluição e ao<br />

desperdício de energia, em conjunto<br />

com um melhor gerenciamento dos rejeitos<br />

como elementos fundamentais para<br />

o desenvolvimento sustentável.<br />

Nesse artigo são citadas algumas características<br />

e dados de levantamentos<br />

técnicos sobre a coleta e o tratamento de<br />

esgotos no Brasil. Numa segunda etapa,<br />

realizam-se considerações energéticas e<br />

ambientais sobre a geração de energia<br />

elétrica a partir do biogás produzido em<br />

estações de tratamento de esgotos da<br />

SABESP – Companhia de Saneamento<br />

Básico do Estado de São Paulo.<br />

Também apresenta-se o resumo de<br />

duas metas do PUREFA, que engloba a<br />

aplicação de vários tipos de fontes alternativas<br />

de energia como a biomassa, a<br />

solar fotovoltaica, a solar térmica, entre<br />

outras.<br />

2. Tratamento de Esgotos<br />

Em função do impacto produzido no<br />

meio ambiente, as águas residuais de<br />

origem doméstica, ou com características<br />

similares, são denominadas esgotos<br />

sanitários ou simplesmente esgotos, e<br />

podem ser separadas em quatro frações<br />

distintas: sólidos em suspensão, matéria<br />

orgânica, nutrientes e organismos patogênicos.<br />

Segundo Van Haandel e Lettinger<br />

(1994), o objetivo principal do tratamento<br />

de esgoto é corrigir suas características<br />

indesejáveis de tal maneira que seu uso<br />

ou disposição final possa ocorrer de<br />

acordo com as regras e critérios definidos<br />

pelas autoridades regulamentadoras.<br />

Resumidamente, o processo de tratamento<br />

de esgotos pode ser separado nas<br />

seguintes etapas: gradeamento, caixas<br />

de areia, decantação primária, adensamento<br />

por gravidade, digestão anaeróbia,<br />

desidratação e filtragem por prensa.<br />

Nos digestores anaeróbios, durante o<br />

processo de oxidação da matéria orgânica,<br />

ocorre a liberação de biogás. A<br />

principal vantagem do processo anaeróbio<br />

está na degradação do material orgânico,<br />

que é acompanhada da produção<br />

de energia na forma de biogás. A produção<br />

de lodo desse processo é menor do<br />

que a dos processos aeróbios: no aeróbio<br />

são 97% contra apenas 30% do<br />

anaeróbio (Van Haandel, 1994).<br />

Salientando a contribuição do processo<br />

de digestão anaeróbia como vetor<br />

na redução da poluição ambiental, podese<br />

citar como exemplo estudos realizados<br />

por Acuri (1986), nos quais, durante<br />

a biodigestão anaeróbia, para um tempo<br />

de retenção de 06 (seis) dias, ocorreu<br />

uma destruição de 99% do agente patogênico<br />

Salmonella Typhosa, presente<br />

nos testes realizados com dejetos de<br />

bovinos.<br />

3. Geração de Eletricidade<br />

com Biogás de Esgoto<br />

Sem deixar de lado a grande contribuição<br />

ambiental do tratamento de esgotos,<br />

tem-se destacado nesse processo a<br />

produção de um combustível alternativo<br />

(biogás), principalmente nesses tempos<br />

de crise energética que vem atravessando<br />

o Brasil, no qual busca-se utilizar<br />

toda energia produzida a baixo custo e<br />

passível de ser aproveitada para geração<br />

de eletricidade.<br />

No Brasil, segundo o BEN (2000),<br />

para um total de 9,8 mil distritos existem<br />

120 <strong>Biotecnologia</strong> Ciência & Desenvolvimento - nº 29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!