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Untitled - Biotecnologia

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doenças, que têm causados sérios<br />

prejuízos para a citricultura brasileira.<br />

MICRORGANISMOS<br />

ENDOFÍTICOS NO BRASIL<br />

Talvez os primeiros estudos sobre<br />

o isolamento de fungos endofíticos<br />

foram os de Robrigues (1994) e Rodrigues<br />

e Samuels (1992) que isolaram<br />

de uma palmeira, o açaí (Euterpe<br />

oleracea) várias espécies de fungos,<br />

incluindo algumas até aquela época<br />

desconhecidas. Os autores salientam<br />

o potencial biotecnológico desses microrganismos.<br />

Por outro lado, bactérias<br />

endofíticas tem sido isoladas de<br />

diferentes gramíneas e de outros vegetais,<br />

especialmente as bactérias fixadoras<br />

de nitrogênio como Glucanoacetobacter<br />

diazotrophicus isolada<br />

de cana-de-açucar e que mais tarde<br />

foi isolada de batata-doce (Cavalcante<br />

e Dobereiner, 1989). Uma recente<br />

revisão (Baldani et al, 2002) apresenta<br />

detalhes sobre bactérias endofíticas<br />

fixadoras de nitrogênio ou diazotróficas<br />

isoladas no Brasil e seu vasto<br />

potencial de utilização na agricultura.<br />

A partir de 1990 foram iniciados,<br />

nos laboratórios do Departamento de<br />

Genética da ESALQ/USP em Piracicaba,<br />

pesquisas com fungos endofíticos<br />

isolados de plantas tropicais como a<br />

leguminosa forrageira Stylosanthes,a<br />

bananeira (Pereira, 1993a), o milho<br />

(Souza, 1996) e depois a soja (Mendes<br />

et al., 2001) citros (Araújo et al.<br />

2001b; Araújo et al. 2002; Glienke-<br />

Blanco etal., 2002), cacaueiro e eucalipto<br />

entre outros. Os estudos foram,<br />

em seguida, ampliados para abranger<br />

também a microbiota endofítica bacteriana.<br />

Além de mostrar a diversidade<br />

microbiana existente nessas plantas<br />

(Figuras 02 e 05), aspectos de<br />

interesse biotecnológico encontrados<br />

nesses microrganismos estão sendo<br />

explorados. Como mencionado no<br />

item anterior, atenção especial vem<br />

sendo dada ao estudo das interações<br />

entre endófitos e patógenos de plantas<br />

cítricas em uma tentativa do controle<br />

biológico de patógenos. Em eucalipto<br />

e soja vários endófitos tem<br />

tambémsemostradoapropriadospara<br />

controle biológico e para promoção<br />

de crescimento; outros, tem capacidades<br />

de biodegradação de pesticidas<br />

e de produzir antibióticos. Trabalhos<br />

com endófitos tem sido também realizados<br />

em Universidades, entre outras<br />

as do Amazonas, de Goiás, Pernambuco,<br />

Caxias do Sul e Mogi das Cruzes,<br />

com plantas da amazônia, do cerrado e<br />

da mata atlântica.<br />

As tabelas 06 e 07 apresentam<br />

alguns exemplos de estudos realizados<br />

no nosso país. Mais recentemente,<br />

um amplo estudo integrado sobre a<br />

microbiota endofítica de plantas de<br />

interesse econômico ou em perigo de<br />

extinção como é o caso da samambaia<br />

Dicksonia sellowiana, está sendo conduzido<br />

graças ao apoio da Fundação de<br />

Amparo a Pesquisa do estado de São<br />

Paulo (FAPESP). O projeto, coordenado<br />

pelo Dr. Itamar Soares de Melo<br />

(CNPMA-EMBRAPA, Jaguariúna, SP)<br />

tem como objetivos, em um esforço<br />

conjunto abrangendo vários grupos de<br />

pesquisa, caracterizar e preservar endófitos<br />

além de pesquisar o potencial<br />

biotecnológico dos mesmos (http://<br />

www.cnpma.embrapa.br/projetos/endofiticos/).<br />

Certamente, em pouco tempo,<br />

resultados de valor aplicado estarão<br />

disponíveis permitindo o uso da<br />

biodiversidade microbiana nos mais<br />

diversos segmentos da biotecnologia.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Levando-se em conta que existem<br />

aproximadamente 300 mil espécies<br />

de plantas já catalogadas e que muitas<br />

delas, já estudadas com relação à microbiota<br />

endofítica, apresentam até 5<br />

ou mais novas espécies de fungos ,<br />

pode-se chegar ao número ainda subestimado<br />

de um milhão e meio de<br />

fungos existentes em nosso planeta.<br />

Destes, apenas 4,6% são conhecidos.<br />

No ritmo atual de identificação calculase<br />

que para que todas as espécies de<br />

fungos sejam identificadas, há ainda<br />

cerca de 800 anos pela frente (Azevedo,<br />

1998a). Levando-se em conta que<br />

o processo co-evolutivo das espécies<br />

vegetais se deu lado a lado com esta<br />

microbiota endofítica e que as mudanças<br />

climáticas ao longo dos milênios<br />

levaram a um processo de seleção<br />

natural eficiente gerando variabilidade<br />

genética para as plantas e microrganismos,<br />

as perspectivas abertas para o<br />

estudo desta microbiota endofítica são<br />

imensas, principalmente no que se<br />

refere a estudos biotecnológicos, tanto<br />

a nível molecular descobrindo genes<br />

importantes ligados ao controle biológico<br />

de pragas e doenças, produção de<br />

enzimas, biorremediação de compostos<br />

tóxicos, como também para a produção<br />

de metabólitos secundários de<br />

atividades terapêuticas e de grande<br />

valor agregado no mercado internacional.<br />

Principalmente deve ser levado<br />

em consideração, que são ainda em<br />

pequeno número as pesquisas com<br />

endófitosdeplantastropicaisondedeve<br />

se concentrar o maior potencial biotecnológico<br />

da área. Muitas empresas e<br />

países já perceberam essa potencialidade.<br />

Cabe a nós proteger e utilizar em<br />

nosso benefício a biodiversidade microbiana<br />

não apenas endofítica, mas,<br />

toda a microbiota existente em regiões<br />

tropicais e subtropicais.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem à FAPESP<br />

(Proc. n o . 98/16262-2) pelo suporte<br />

financeiro constante durante a elaboração<br />

deste trabalho e a bolsa de pós<br />

doutorado a Welington Luiz de Araújo<br />

(Proc. n o . 00/010699-1).<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALQUATI,S.A.B.Paracoccidioidesbrasiliensis<br />

não ocorre na forma endofítica<br />

em gramíneas da região endêmica<br />

de Botucatu, SP. Brasil. Botucatu,<br />

UNESP, 1999, 115p., Dissertação<br />

Mestrado.<br />

ALVES, S.B. Controle microbiano de<br />

insetos. Piracicaba, FEALQ, 1998,<br />

1163 p.<br />

ARAÚJO, W.L.; LIMA, A.O.S.; AZEVE-<br />

DO J.L.; MARCON, J.; KUKLINSKY-<br />

SOBRAL, J.; LACAVA, P.T. Manual:<br />

Isolamento de Microrganismos Endofíticos.<br />

CALQ, Piracicaba, 86p.,<br />

2002a.<br />

ARAÚJO,W.L.;LIMA,A.O.S.;MACCHE-<br />

RONI JR., W; FUNGARO, M.H.P.;<br />

ANDREOTE, F.D.; SOUZA, L.A.; LA-<br />

CAVA, P.T.; AZEVEDO J.L. Biological<br />

control of plant diseases by endophytic<br />

bacteria expressing a heterologous<br />

protein from Bacillus<br />

sp. In: R. Sheves & J. Macke (Eds.),<br />

IUPAC Chemrawn XIV Conference<br />

in Green Chemistry, Univ. Colorado,<br />

Boulder (eletrônico), 2001a. ª<br />

<strong>Biotecnologia</strong> Ciência & Desenvolvimento - nº 29 71

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