Untitled - Biotecnologia
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dindo o surgimento de sintomas. Normalmente,<br />
neste parasitismo estão envolvidas<br />
enzimas líticas como quitinases<br />
e proteases, que destroem o patógeno.<br />
Entretanto, neste tipo de interação<br />
deve ocorrer a necessidade do<br />
encontro entre o patógeno e o microrganismoendofítico.Emborapossaocorrer<br />
atração química entre estes microrganismos,<br />
o contato entre eles às vezes<br />
ocorre ao acaso, dificultando o<br />
controle, visto que, o endófito e o<br />
patógeno podem colonizar regiões<br />
diferentes da planta. Neste caso, cabe<br />
ao pesquisador selecionar os organismos<br />
endofíticos que colonizem o mesmo<br />
nicho do patógeno, que sejam<br />
mais competitivos e que inibam o<br />
patógeno de forma mais eficiente.<br />
A utilização de endófitos para o<br />
controle de doenças fúngicas e bacterianas<br />
tem sido consistentemente descrita<br />
na literatura. Por outro lado, poucos<br />
estudos são direcionados para interações<br />
entre bactérias e fungos endofíticos<br />
e vírus, pois, estes organismos<br />
ocupam nichos diferentes (bactérias e<br />
fungos colonizam preferencialmente<br />
espaços intercelulares de raízes e partes<br />
baixas da planta, enquanto vírus<br />
são intracelulares de partes aéreas do<br />
hospedeiro). Entretanto, eles dependem<br />
do metabolismo da planta e, portanto,<br />
podem competir por nutrientes<br />
derivados do hospedeiro.<br />
Acredita-se que os microrganismos<br />
endofíticos evoluíram com os seus hospedeiros,<br />
apresentando assim uma íntima<br />
interação mutualística. Dessa forma,<br />
do ponto de vista evolutivo, para<br />
os endófitos presentes em tecidos vegetais,<br />
a herbivoria pode impedir a<br />
sobrevivência e disseminação das espécies<br />
sendo, portanto, interessante<br />
uma redução desta herbivoria. Estudos<br />
pioneiros nos anos 80 verificaram que<br />
a presença de fungos endofíticos poderia<br />
reduzir o ataque de insetos à<br />
planta hospedeira, sendo descrito, a<br />
partir deste período, inúmeras espécies<br />
com potencial para o controle biológico<br />
de pragas (Tabela 05).<br />
Posteriormente, verificou-se que<br />
esta redução da herbivoria ocorre devido<br />
a produção de compostos que reduzem<br />
a atratividade da planta, aumentam<br />
a susceptibilidade do inseto a<br />
doenças ou inibem o seu desenvolvimento.<br />
Estes estudos foram realizados<br />
Figura 04. Resposta de Eucalyptus citriodora à inoculação de<br />
bactéria endofítica. C) controle sem inoculação e PG-S) com<br />
inoculação de bactéria endofítica. Foto gentilmente cedida por<br />
Rudi E. L. Procópio (ESALQ/USP)<br />
principalmente em gramíneas dos gêneros<br />
Lolium e Festuca em associação<br />
com o fungo Neotyphodium, o qual<br />
diminui a incidência de insetos de<br />
diferentes ordens como afídios, coleópteros,<br />
hemípteros e lepidópteros<br />
(para maiores detalhes consultar Azevedo<br />
et al., 2000).<br />
Como já descrito anteriormente,<br />
inúmeros fungos endofíticos produzem<br />
alcalóides quando em associação<br />
com o hospedeiro. Estes alcalóides<br />
podem apresentar atividade inseticida<br />
e nematicida, protegendo desta forma<br />
seus hospedeiros. Em alguns casos o<br />
controle de pragas por fungos endofíticos<br />
é indireto, pois o metabólito produzido<br />
pelo fungo retarda o desenvolvimento<br />
da larva, e este aumento do<br />
tempo de desenvolvimento leva o<br />
inseto à morte É importante salientar<br />
também que fatores ambientais podem<br />
estar envolvidos, pois, foi verificado<br />
que em baixos níveis de nutrientes<br />
para a planta, o endófito Neotyphodium<br />
coenophialum torna o hospedeiro<br />
resistente à larvas de Spodoptera<br />
frugiperda. Entretanto, quando o nível<br />
de nutriente é elevado não foi verificada<br />
significativa redução da herbivoria.<br />
A interação entre estes organismos<br />
é tão complexa que em alguns casos,<br />
um inseto pode reconhecer a região da<br />
planta infectada pelo endófito, evitando<br />
a mesma. Estes dados mostram que<br />
a utilização prática pode ser promissora,<br />
mas exige complexos estudos, utilizando<br />
comunidades de endófitos e<br />
insetos em cada hospedeiro, visando<br />
uma reprodução confiável das condições<br />
ambientais em que se espera que<br />
o controle ocorra.<br />
MECANISMOS DE PROMOÇÃO<br />
DE CRESCIMENTO VEGETAL<br />
Microrganismos endofíticos têm<br />
apresentado a capacidade de estimular<br />
o crescimento das plantas por mecanismos<br />
diretos (fixação de nitrogênio<br />
e/ou produção de fitohormônios) e<br />
por mecanismos indiretos (antagonismo<br />
contra patógenos ou resistência a<br />
drogas). É possível que bactérias epifíticas<br />
ou endofíticas possam promover<br />
o aumento de produtividade da planta<br />
por sintetizar substâncias que atuam na<br />
regulação do crescimento e/ou por<br />
fixar nitrogênio atmosférico. Entretanto,<br />
o conhecimento do genótipo da<br />
planta e do microrganismo envolvido<br />
na promoção é de extrema importância.<br />
Neste aspecto, bactérias endofíticas<br />
dos gêneros Acetobacter, Acinetobacter,<br />
Actinomyces, Agrobacterium,<br />
Azospirillum, Bacillus, Burkholderia,<br />
68 <strong>Biotecnologia</strong> Ciência & Desenvolvimento - nº 29