Untitled - Biotecnologia
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Tabela 02. Exemplos de microrganismos endofíticos e alguns de seus produtos<br />
Endófito<br />
Acremonium sp.<br />
A. lolii<br />
Conoplea elegantula<br />
Cryptosporiopsis cf. quercina<br />
C. cf. quercina<br />
Cytonaemasp.<br />
Fusarium subglutinans<br />
Pestalotiopsis microspora<br />
Stegolerium kukenani<br />
Taxomyces andreanea<br />
Composto químico<br />
Leucinostatina A<br />
Lolitrems, peramina e<br />
paxilina<br />
Isocumarinas<br />
Criptocandina<br />
Criptocina<br />
Ácido CitônicoAeB<br />
SubglutinolAeB<br />
Taxol<br />
Taxol<br />
Taxol<br />
Atividade biológica<br />
Antitumoral e antifúngico<br />
Micotoxinas<br />
Controle de Choristoneura<br />
fumiferana<br />
Antifúngico<br />
Antifúngico<br />
Inibidor de protease em<br />
Citomegalovírus<br />
Imunossupressivo<br />
Antitumoral<br />
Antitumoral<br />
Antitumoral<br />
Referência<br />
Strobel &Hess (1999)<br />
Rowan (1993)<br />
Findlay et al. (1995)<br />
Strobel et al. (1999)<br />
Li et al. (2000)<br />
Guo et al., 2000<br />
Lee et al., 1995<br />
Strobel et al., 1996<br />
Strobel et al., 2001<br />
Stierle et al., 1993<br />
do nas diferentes interações biológicas,<br />
um gradiente e não distinções<br />
abruptas entre endófitos, epífitos e<br />
patógenos. Aliás, somos nós pesquisadores<br />
que rotulamos os microrganismos<br />
dentro dessas categorias, pois,<br />
estes microrganismos só querem obter<br />
nutrientes, crescer, reproduzir e<br />
sobreviver, não tendo a menor idéia<br />
e nem se interessando em como nós<br />
os classificamos.<br />
Uma vez que os microrganismos<br />
endofíticos convivem com microrganismos<br />
epifíticos e patogênicos, o<br />
isolamento dos mesmos deve ser<br />
feito a partir do interior de tecidos e<br />
órgãos sadios, evitando-se assim os<br />
microrganismos patogênicos. Deve<br />
ser feita também uma desinfecção da<br />
superfície do fragmento da planta<br />
eliminando-se dessa forma os microrganismos<br />
epifíticos. Existe uma série<br />
de procedimentos que podem ser<br />
utilizados para o isolamento de endófitos,<br />
sendo o manual de isolamento<br />
de endófitos recentemente publicado<br />
(Araújo et al., 2002a) indicado<br />
para o conhecimento de detalhes<br />
necessários para que o procedimento<br />
seja feito com sucesso. Entretanto,<br />
deve-se ter em mente que sempre<br />
alguns raros epífitos e mesmo patógenos<br />
podem ser isolados juntamente<br />
com uma grande quantidade de<br />
microrganismos endofíticos (Figura<br />
02). Dessa forma, a quantificação das<br />
espécies ou gêneros de microrganismos<br />
isolados é um procedimento<br />
auxiliar na distinção entre endófitos<br />
e eventuais não endófitos.<br />
É interessante salientar que, devido<br />
a desequilíbrios no metabolismo<br />
da planta, causados por situações<br />
de estresse, sejam elas de causa<br />
natural ou mesmo por práticas culturais<br />
mal realizadas, como uso excessivo<br />
de fertilizantes e outros produtos<br />
químicos, pode ocorrer um desequilíbrio<br />
na microbiota endofítica<br />
causando uma verdadeira abertura<br />
de portas para fitopatógenos. Mesmoummicrorganismoendofíticoque<br />
não produz danos em uma determinada<br />
espécie ou variedade de planta,<br />
em condições de desequilíbrio,<br />
pode se apresentar como um patógeno<br />
para o mesmo hospedeiro (Di<br />
Fiori & Del Gallo, 1995).<br />
Diversas espécies de fungos endofíticos<br />
são taxonomicamente relacionadas<br />
a fitopatógenos dos mesmos<br />
hospedeiros. Como exemplo<br />
pode ser citado o caso de plantas<br />
cítricas como Citrussinensis, na qual<br />
o fungo endofíticoGuignardiamangiferae<br />
(syn. G. endophyllicola) é<br />
filogeneticamente relacionado à G.<br />
citricarpa, o agente causal da mancha<br />
preta do citros (Baayen et al.,<br />
2002). Em outro caso, a mutação de<br />
um único gene transformou uma<br />
linhagem patogênica do fungo Colletotrichum<br />
magna em uma linhagem<br />
endofítica, mostrando que a<br />
diferença entre estes dois grupos<br />
pode ser muito tênue (Freeman &<br />
Rodriguez, 1993).<br />
ATIVIDADES DOS<br />
MICRORGANISMOS<br />
ENDOFÍTICOS<br />
Como se observa na tabela 01,<br />
os microrganismos endofíticos apresentam<br />
uma série de atividades que<br />
podem afetar a planta hospedeira,<br />
como por exemplo produzir compostos<br />
com atividades biológicas diversas;<br />
por vezes estes compostos<br />
apresentam uma considerável toxicidade,<br />
como no caso de fungos<br />
endofíticos produtores de alcalóides<br />
responsáveis pela proteção das plantas,<br />
especialmente gramíneas forrageiras<br />
contra animais herbívoros.<br />
Também, a síntese de substâncias<br />
tóxicas por determinadas plantas<br />
contra herbívoros, pode ser estimulada<br />
pela presença de enzimas ou<br />
outros compostos dos microrganismos<br />
endofíticos, que atuando sobre<br />
certos genes da planta promovem a<br />
biossíntese destes metabólitos secundários<br />
tóxicos. Para a planta este<br />
estímulo aumenta o seu desempenho<br />
neste habitat, reduzindo a herbivoria<br />
sobre ela.<br />
Em alguns casos, plantas conhecidas<br />
como tóxicas são, na verdade,<br />
hospedeiras de microrganismos produtores<br />
de alcalóides, sendo estes<br />
compostos responsáveis por intoxicações<br />
em animais silvestres, provocando<br />
anorexia, depressão, uremia e<br />
64 <strong>Biotecnologia</strong> Ciência & Desenvolvimento - nº 29