Homenagens - Academia Brasileira de Letras
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Dez anos sem Austregésilo <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong><br />
Mas Athay<strong>de</strong> se tornou também um campeão dos direitos humanos, quando<br />
discutiu em Paris, com a firmeza nor<strong>de</strong>stina, a firmeza <strong>de</strong>ste nor<strong>de</strong>stino<br />
pleonástico a que se refere Marcos Vilaça, aquela têmpera indomável que fez<br />
com que ele lutasse pela <strong>de</strong>finição inicial da Declaração dos Direitos Humanos<br />
“a partir da imagem e semelhança <strong>de</strong> Deus”. Não o conseguiu uma vez que<br />
os representantes dos países socialistas não podiam assinar uma tal <strong>de</strong>claração,<br />
mas retirou-lhe aquela pitada <strong>de</strong> agnosticismo contida na expressão “pela natureza”,<br />
como se o homem fosse o fruto necessário <strong>de</strong> uma lenta evolução, digamos,<br />
das fermentações do lodo da terra, como se o homem emergisse dali<br />
sem que <strong>de</strong>sabrochasse como consciência e liberda<strong>de</strong>.<br />
Foi exatamente esta nota essencial por ele introduzida na Declaração, <strong>de</strong><br />
que resultou o reconhecimento por figuras da maior expressão à época, como<br />
René Cassin, e posteriormente, como Jimmy Carter. E o reconhecimento até<br />
pela Senhora Roosevelt, que por assim dizer lamentou não po<strong>de</strong>r acompanhá-lo<br />
porque já tinha assumido um compromisso.<br />
Barbosa Lima Sobrinho pinça um aspecto da personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Austregésilo <strong>de</strong><br />
Athay<strong>de</strong> que é a questão referente a convicções religiosas possíveis. Disse Barbosa<br />
Lima: “Tenho a convicção <strong>de</strong> que Austregésilo <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong> sentia necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
uma religião que o amparasse. Passou a fazer do patriotismo a sua religião, com<br />
um fervor que nunca mais o abandonou até o último momento <strong>de</strong> sua vida.<br />
Eu acredito que o futuro dos direitos humanos passa pela universalida<strong>de</strong> da<br />
ética do cotidiano da vida dos homens, das instituições e dos governos. Este<br />
foi o sentido, o direcionamento dado por Athay<strong>de</strong> à sua obra.<br />
Quero referir aqui, rapidamente, uns poucos pronunciamentos <strong>de</strong> acadêmicos<br />
sobre Austregésilo <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong>. Adonias Filho: “Esta <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> vai <strong>de</strong>ver a<br />
V. Exa. essa prosperida<strong>de</strong>, esse esplendor, esta magnificência, esse estímulo<br />
aos escritores brasileiros que futuramente venham a fazer parte <strong>de</strong>la. O mérito<br />
<strong>de</strong>sta obra ninguém tirará <strong>de</strong> V. Exa.” E Athay<strong>de</strong> respon<strong>de</strong>ndo a Carlos Chagas<br />
disse: “Compreendi <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo que a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> não realizaria a sua alta<br />
missão cultural se não dispusesse <strong>de</strong> soli<strong>de</strong>z econômica que a tornasse in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
e soberana nas suas <strong>de</strong>cisões.”<br />
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