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Homenagens - Academia Brasileira de Letras

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Cinqüentenário da morte <strong>de</strong> Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida<br />

preciso, sem chegar ao paradoxo, justificar, ao ser recebido em uma <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, o título <strong>de</strong> escritor do qual só me apercebi, e ainda dado por<br />

alguns, há muito pouco tempo? Os homens <strong>de</strong> ciência <strong>de</strong> minha geração<br />

cedo compreen<strong>de</strong>ram a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamento, daquele esplêndido<br />

isolamento no qual se compraziam. Se há sábios apaixonados pelas pesquisas,<br />

que a tudo preferem os inacessíveis domínios das idéias e conhecimentos,<br />

outros nunca <strong>de</strong> todo per<strong>de</strong>ram o contato com o mundo ativo e sofredor.<br />

Os primeiros são anacoretas para os quais não existem tentações fora<br />

do <strong>de</strong>serto; em lugar do areal adusto e ressecado, sob sol escaldante e esterilizador,<br />

encontram a sombra <strong>de</strong> frondosa árvore, os olhos se <strong>de</strong>leitam na<br />

contemplação <strong>de</strong> rica e luxuriante floração, os ouvidos percebem o rumor<br />

sussurrante das idéias a esvoaçarem, aladas e puras, à procura da cabeça dos<br />

eleitos. Os segundos, mesmo quando nesse <strong>de</strong>serto, têm ao ouvido o eco das<br />

vozes humanas, raramente alegres, o mais das vezes elevadas em lamentos e<br />

não raro em imprecações. Não aceitam a bela e pura ciência só como refúgio;<br />

tomam-na como elemento <strong>de</strong> ação. O mais abstrato e transcen<strong>de</strong>nte<br />

dos conhecimentos possui esta gran<strong>de</strong> e efetiva virtu<strong>de</strong>: faz-nos perceber<br />

por instantes, embora fugazes, a veia da eterna corrente, através dos séculos,<br />

das civilizações e das vicissitu<strong>de</strong>s da História.”<br />

A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acadêmico foi significativa. Em 1936 seria intermediário da<br />

doação do Sr. Guilherme Guinle à <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> das primeiras edições <strong>de</strong> Os Lusíadas<br />

e das Rimas <strong>de</strong> Camões. É curioso que, após breves comentários, o presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong>u a palavra ao Acadêmico Afrânio Peixoto, que se esten<strong>de</strong>u na importância<br />

da doação e do alto valor dos livros doados.<br />

Em 1940 a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> promoveu uma alteração no Regimento Interno, por<br />

proposta <strong>de</strong> Fernando Magalhães, com substitutivo <strong>de</strong> João Neves da Fontoura,<br />

prevendo a apresentação <strong>de</strong> candidatura por <strong>de</strong>z Acadêmicos com vistas à<br />

eleição do ditador Getúlio Vargas. Era presi<strong>de</strong>nte da Casa o acadêmico Celso<br />

Vieira e a proposta foi votada a toque <strong>de</strong> caixa.<br />

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