Homenagens - Academia Brasileira de Letras
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Alberto Venancio Filho<br />
lho. No ano seguinte a Associação iniciava o primeiro ciclo <strong>de</strong> conferências,<br />
cabendo a Miguel Osório proferir a conferência inicial, “A alta cultura e sua<br />
organização”, na qual <strong>de</strong>stacava a forma associativa como fundamental para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da ciência. Dizia: “Os homens <strong>de</strong> ciência <strong>de</strong> minha geração<br />
cedo compreen<strong>de</strong>ram a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamento.”<br />
Em 1929 a revista Ciência e Educação publicava documento dirigido ao Governo<br />
e assinado por vários cientistas, entre os quais Miguel Osório, que <strong>de</strong>fendia<br />
a necessida<strong>de</strong> da criação da Faculda<strong>de</strong> Superior <strong>de</strong> Ciências, afirmando:<br />
“Uma das causas da <strong>de</strong>cadência <strong>de</strong> nosso ensino é a ausência <strong>de</strong> interesse pelas<br />
coisas <strong>de</strong> ciências”, e combate a opinião geral: “A ciência só <strong>de</strong>ve ser estudada<br />
no que ela tem <strong>de</strong> útil e aproveitável. Parece a todos um inútil <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong><br />
tempo estudar verda<strong>de</strong>s abstratas e fenômenos poucos comuns”. E para Miguel<br />
Osório somente a criação da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong> e Ciência po<strong>de</strong>ria dar à<br />
Universida<strong>de</strong> a verda<strong>de</strong>ira cultura superior.<br />
Parecia que este sonho ia se realizar com a criação por Anísio Teixeira no<br />
início <strong>de</strong> 1935 da Universida<strong>de</strong> do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, organizada em bases mo<strong>de</strong>rnas.<br />
O reitor Afrânio Peixoto em viagem à Europa contratara um grupo <strong>de</strong><br />
professores franceses para colaborar na nova iniciativa. Lamentavelmente, em<br />
pouco tempo o projeto iria se <strong>de</strong>scaracterizar, quando em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1935<br />
Anísio Teixeira era afastado da Secretaria <strong>de</strong> Educação e Cultura e pe<strong>de</strong>m <strong>de</strong>missão<br />
Afrânio Peixoto e vários diretores.<br />
O novo Secretário <strong>de</strong> Educação Francisco Campos então convida Miguel<br />
Osório <strong>de</strong> Almeida, professor <strong>de</strong> Filosofia da Ciência, para Reitor da Universida<strong>de</strong>,<br />
afirmando: “Sr. Reitor, a Universida<strong>de</strong> é sua”, mas não abriu mão <strong>de</strong><br />
escolher os novos dirigentes Cornélio Pena para diretor do Instituto <strong>de</strong> Arte e<br />
nosso futuro confra<strong>de</strong> Otávio <strong>de</strong> Faria para a Escola <strong>de</strong> Filosofia e <strong>Letras</strong>.<br />
O novo Reitor surpreen<strong>de</strong>u-se com o discurso <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> Otávio Faria, em<br />
que “predominava a preocupação com a luta antimarxista e era quase esquecida<br />
a verda<strong>de</strong>ira finalida<strong>de</strong> da escola cuja direção assumia: a filosofia e letras”.<br />
O relatório a ele solicitado sobre a situação da Faculda<strong>de</strong> “era vago, impreciso,<br />
tudo redigido em estilo bastante estranho. Nenhuma idéia bem <strong>de</strong>fini-<br />
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