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Homenagens - Academia Brasileira de Letras

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Alberto Venancio Filho<br />

Segundo um colaborador, nos trabalhos Miguel Osório não era muito regular.<br />

A períodos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> febril, sucediam dias em que o movimento do<br />

laboratório fazia-se menos intenso, sendo-lhe fácil suspen<strong>de</strong>r uma transformação<br />

matemática ou <strong>de</strong>ixar um escrito ao meio <strong>de</strong> uma frase e, sem qualquer<br />

mudança do que estava feito, retomá-los <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> longo intervalo, por vezes<br />

dias, no ponto em que os havia <strong>de</strong>ixado; podia o seu trabalho ser interrompido,<br />

sem prejuízo, a qualquer momento, para uma consulta ou pela chegada <strong>de</strong><br />

uma visita.<br />

Em tom cortês e afável a sua conversação nunca permanecia em plano superficial<br />

ou vadio e sempre continha um motivo profundo. Muito havia <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong> no que, certa vez, como blague lhe disse seu irmão: “Miguel, a sua prosa<br />

é muito brilhante, muito interessante, mas me fatiga. Quando você me <strong>de</strong>ixa,<br />

estou cansado <strong>de</strong> pensar.”<br />

Na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Carlos Chagas Filho, Miguel Osório “era um homem alto,<br />

um corpo <strong>de</strong>lgado, encimado por uma bela cabeça, on<strong>de</strong> ponteava uma barba<br />

alourada, em cuja face <strong>de</strong>stacavam-se dois lindos olhos azuis e um maravilhoso<br />

sorriso. Era gran<strong>de</strong> poliglota e falava um francês perfeito”. Carlos Chagas Filho<br />

comenta que, ao assistir em Paris, no Palais <strong>de</strong> la Découverte, uma conferência,<br />

ao término um assistente perguntou em que universida<strong>de</strong> francesa Miguel<br />

Osório lecionava, e não foi possível convencê-lo <strong>de</strong> que era brasileiro, e<br />

que sua língua era o português e não o francês.<br />

Afonso Pena Júnior fixou alguns aspectos espirituais <strong>de</strong> Miguel Osório, <strong>de</strong><br />

cujo sorriso luminoso parecia ver a transfiguração <strong>de</strong> um Apolo, jovem e sempre<br />

feliz.<br />

No discurso <strong>de</strong> posse procurava justificar a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escritor e a posição<br />

<strong>de</strong> cientista:<br />

“Ao apresentar agra<strong>de</strong>cimentos como homem <strong>de</strong> ciência, cuja vida tem<br />

sido <strong>de</strong>dicada à pesquisa <strong>de</strong> algumas esquivas, fugidias e relativas verda<strong>de</strong>s,<br />

ou como alguém que, por motivos vários, tem empunhado a pena para escrever<br />

algumas coisas necessárias <strong>de</strong> dizer e talvez inúteis <strong>de</strong> ouvir. Seria<br />

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