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Homenagens - Academia Brasileira de Letras

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Alberto Venancio Filho<br />

Amoroso Costa foi uma obra <strong>de</strong> arte construída aos poucos, burilada lentamente<br />

com a perícia dos artistas medievais, que sentiam não trabalhar para<br />

seus contemporâneos e sim para as gerações futuras. Ele procurava em tudo a<br />

beleza e no fundo a beleza interessava-o acima <strong>de</strong> tudo. Era um homem completo<br />

que compreendia tudo que era humano e tinha uma excepcional concepção<br />

da dignida<strong>de</strong> das coisas humanas.”<br />

Os trabalhos inseridos nos três volumes <strong>de</strong> ensaios originam-se muitas vezes<br />

<strong>de</strong> recensão <strong>de</strong> livros sobre ciências, a que Miguel Osório transmite observações<br />

<strong>de</strong> originalida<strong>de</strong>.<br />

Tratando especialmente da ciência, comenta: “A ciência é absolutamente<br />

honesta. Ela nunca nos promete mais do que po<strong>de</strong>rá dar. Não <strong>de</strong>veis pedir a<br />

ela a solução <strong>de</strong> todos os problemas que se agitam na alma mais ou menos <strong>de</strong><br />

moços.”<br />

Extremamente interessante é o capítulo “O sábio”, concluindo que “o sábio<br />

reserva para si o direito <strong>de</strong> ser ignorante, pelo menos <strong>de</strong> ignorar o que quiser, e<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> esse direito com toda a coragem e energia <strong>de</strong> quem tem consciência <strong>de</strong><br />

seus direitos”.<br />

Um tom ameno é dado no capítulo “A Ciência e a Arte Culinária”, e como coroamento<br />

o texto “A Ciência e a Língua Portuguesa”, tratando do i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> formar<br />

uma literatura científica nacional escrita em português e a criação e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> uma literatura didática científica no Brasil. Disse Roquette-Pinto em<br />

1935:<br />

“Dos maiores livros <strong>de</strong> ensaios publicados no Brasil, dois figuram na<br />

vossa bibliografia: Homens e coisas <strong>de</strong> Ciência e A vulgarização do saber. É difícil dizer<br />

qual o melhor. Tudo neles concorre para o brilho com que são tratados<br />

temas variados e empolgantes, história, biologia, arte, filosofia palpitam em<br />

ambos. Muitas vezes o escritor parece em verda<strong>de</strong> trair a feição psicológica<br />

do autor, que nem sempre se compraz em fórmulas <strong>de</strong>finidas, que seriam <strong>de</strong><br />

esperar num pesquisador <strong>de</strong> tal envergadura. Chega a citar um trecho <strong>de</strong><br />

Renan quando faz apologia dos estados obscuros anteriores à reflexão, esta-<br />

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