Homenagens - Academia Brasileira de Letras
Homenagens - Academia Brasileira de Letras
Homenagens - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Cinqüentenário da morte <strong>de</strong> Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida<br />
a público bem maior do que o dos seus discípulos, logrou dar a cada um <strong>de</strong>les<br />
um interesse, um sabor, uma transparência, que fazem <strong>de</strong> muitos <strong>de</strong>les verda<strong>de</strong>iras<br />
obras primas do gênero. É que, filtrados através da alma do filósofo, os<br />
conhecimentos do cientista per<strong>de</strong>m certas arestas, que, por vezes, os fazem enfadonhos<br />
aos não iniciados, e ganham uma nota <strong>de</strong> sedutora universalida<strong>de</strong>...<br />
Alcançou assim o milagre <strong>de</strong> vulgarizar a ciência sem banalizá-la, antes servindo-a<br />
como poucos a serviram no Brasil, pois atraiu o interesse e a simpatia <strong>de</strong><br />
novos círculos para muitos dos problemas que afligem e esfadigam os nossos<br />
cientistas... Essa, a meu ver, a nota dominante nos magníficos ensaios reunidos<br />
em volumes que, pelo tempo afora, guardarão o nome <strong>de</strong> Miguel Osório, cuja<br />
pujança intelectual se reflete naquelas páginas somente possíveis a quem fosse,<br />
a um só tempo, cientista, filósofo e escritor...”<br />
Participou Miguel Osório <strong>de</strong> inúmeras outras socieda<strong>de</strong>s nacionais e internacionais<br />
na Argentina, Uruguai, Portugal, França e Estados Unidos. Foi doutor<br />
Honoris causa das Universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Paris, Lyon e Argel.<br />
Des<strong>de</strong> moço era um pesquisador e estudioso. Em seu trabalho, escrito ainda<br />
como estudante sobre o sinal <strong>de</strong> Babinski, ele verificou que o tal reflexo (da extensão<br />
dos <strong>de</strong>dos à excitação da planta do pé) é substituído pelo reflexo plantar<br />
normal <strong>de</strong> flexão, se a perna for submetida a isquemia por uma faixa compressora<br />
– <strong>de</strong>nominada faixa <strong>de</strong> Esmarch. Mantida a isquemia, <strong>de</strong>sapareciam<br />
ambos os reflexos até a supressão dos movimentos voluntários. Retirada a faixa,<br />
os reflexos voltavam, primeiro o normal e <strong>de</strong>pois o patológico, chamado sinal<br />
<strong>de</strong> Babinski. Mostrou que ambos os reflexos coexistem e a predominância<br />
<strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> outro é que produz o reflexo plantar normal ou o sinal patológico<br />
<strong>de</strong> Babinski.<br />
Em 9 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1911, o gran<strong>de</strong> Babinski comunicou, na Socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Neurologia <strong>de</strong> Paris, o resultado <strong>de</strong> suas pesquisas sobre o reflexo <strong>de</strong>scrito<br />
por ele, após compressão da perna. Miguel Osório escreve a Babinski, enviando<br />
seu trabalho publicado em 1910, anterior ao <strong>de</strong> Babinski. Este, em<br />
sessão <strong>de</strong> 1912, faz uma comunicação em que dá priorida<strong>de</strong> a Miguel Osório<br />
nessa importante <strong>de</strong>scoberta da Fisiologia.<br />
241