Homenagens - Academia Brasileira de Letras
Homenagens - Academia Brasileira de Letras
Homenagens - Academia Brasileira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Cinqüentenário da morte <strong>de</strong> Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida<br />
dos que o mais claro dos escritores <strong>de</strong> todos os tempos achava particularmente<br />
fecundos para a criação.”<br />
Antônio Torres, polemista, crítico da <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>, e seu gran<strong>de</strong> amigo, comentou<br />
o livro A vulgarização do saber, em carta <strong>de</strong> Hamburgo <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> fevereiro<br />
<strong>de</strong> 1932, com uma ponta <strong>de</strong> ironia:<br />
“É livro instrutivo e <strong>de</strong> leitura agradável. Nele se apren<strong>de</strong> e com ele se <strong>de</strong>leita.<br />
A simplicida<strong>de</strong> da maneira <strong>de</strong> escrever não exclui a elevação dos conceitos<br />
e a abundância dos conhecimentos científicos, muitas vezes dificilmente adquiridos,<br />
que você coloca ao alcance <strong>de</strong> todas as inteligências. Escrevessem assim<br />
todos os nossos chamados cientistas e seria certo haver diminuição da pavorosa<br />
ignorância que é a principal causa <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>sgraças que afligem a<br />
nossa terra. Mas que quer você? Acham bonito escrever, nestes tempos, em<br />
linguagem do século XVII português! Que todo homem, ao pegar <strong>de</strong> uma<br />
pena, tem obrigação <strong>de</strong> bem escrever é indubitável, da mesma sorte que todo<br />
indivíduo que se preza tem obrigação <strong>de</strong> tomar banho e vestir-se com <strong>de</strong>cência,<br />
se não com elegância. Mas nenhum <strong>de</strong> nós anda vestido como no tempo<br />
da Guerra Holan<strong>de</strong>sa. Fora eu um tirano no Brasil, estes médicos e acadêmicos,<br />
que têm a mania <strong>de</strong> escrever como Vieira, Bernar<strong>de</strong>s et reliqua, seriam por<br />
mim con<strong>de</strong>nados, sob penas pecuniárias arruinantes, a andar vestidos como<br />
João Fernan<strong>de</strong>s Vieira, D. João IV e outros seus contemporâneos. Também<br />
seria proibido haver na casa <strong>de</strong>sses imbecis luz elétrica, fogão a gás, banheiros,<br />
instalações sanitárias e outras mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>s.”<br />
Falando do antecessor, o nosso colega e amigo Ivo Pitanguy ressalta no volume<br />
Ensaios, críticas e perfis, o perfil traçado sobre Axel Munthe: “Se por um<br />
lado Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida se i<strong>de</strong>ntifica com Axel Munthe, como fino<br />
observador da natureza humana, por outro, mantendo sua consciência crítica,<br />
observa que no gran<strong>de</strong> escritor e médico a emoção impediria conclusões científicas<br />
mais firmes e consolidadas.”<br />
231