Homenagens - Academia Brasileira de Letras
Homenagens - Academia Brasileira de Letras
Homenagens - Academia Brasileira de Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Cícero Sandroni<br />
do Rio <strong>de</strong>fendia no jornal A Pátria. Em sua preocupação com a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa,<br />
vemos nesse episódio um Athay<strong>de</strong> nacionalista, insistindo em que os portugueses<br />
não tinham o direito <strong>de</strong> pescar nas águas territoriais brasileiras. Mas João<br />
do Rio, já então acadêmico, no uso da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa não po<strong>de</strong>ria ser coagido<br />
ou censurado, e muito menos vitimado por aquela cruel agressão.<br />
Sua preocupação com a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa é permanente. Esse episódio<br />
que acabei <strong>de</strong> relatar data do princípio do século XX; mais tar<strong>de</strong> bateu-se pela<br />
liberda<strong>de</strong>, ao engajar-se na Revolução Constitucionalista <strong>de</strong> 32; em seguida,<br />
com os ataques ao nazismo e ao fascismo, Athay<strong>de</strong> foi o primeiro jornalista<br />
brasileiro a escrever duras críticas a Hitler e Mussolini; <strong>de</strong>pois, as críticas ao<br />
Estado Novo, quando a censura o permitia, até a notória <strong>de</strong>fesa que fez dos<br />
jornalistas Carlos Heitor Cony e Helio Fernan<strong>de</strong>s durante o regime miliar.<br />
É preciso lembrar ainda a sua permanente pregação contra a interferência<br />
dos militares na política. Apenas uma vez, em 1964, aceitou, sem críticas, num<br />
primeiro momento, como tantos outros liberais, o golpe militar, por temer um<br />
conflito que levasse o País à guerra civil. Mas, no dia 2 <strong>de</strong> abril daquele ano, no<br />
Diário da Noite, publicou enérgico artigo, pedindo anistia para os <strong>de</strong>rrotados e a<br />
<strong>de</strong>volução do po<strong>de</strong>r aos civis. Amigo pessoal <strong>de</strong> Castelo Branco, não se sentiu<br />
por isso impedido <strong>de</strong> criticar duramente a Lei <strong>de</strong> Imprensa enviada por ele ao<br />
Congresso e <strong>de</strong> escrever criticamente contra a “Constituição” – alguns preferem<br />
colocar o termo entre aspas – <strong>de</strong> 1967. Nesses artigos ele pediu eleições<br />
diretas muito antes do movimento que empolgou o Brasil, combateu os Atos<br />
Institucionais e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u jornalistas perseguidos.<br />
Voltando um pouco a 1948, diria que o liberalismo <strong>de</strong> Austregésilo <strong>de</strong><br />
Athay<strong>de</strong>, que se <strong>de</strong>monstrara no início do século e se acentuara no fim do<br />
Estado Novo, levou o chanceler Raul Fernan<strong>de</strong>s a convidá-lo para integrar a<br />
Delegação do Brasil que participou da III Assembléia Geral da ONU, em<br />
1948, em Paris. Sua atuação na redação da Declaração Universal dos Direitos<br />
Humanos é conhecida por todos.<br />
No meio século seguinte à promulgação da Declaração, a Humanida<strong>de</strong> passou<br />
pela mais profunda e mais rápida transformação social <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a invenção da<br />
164