Homenagens - Academia Brasileira de Letras
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Cinqüentenário da morte <strong>de</strong> Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida<br />
da”. E em seguida enviava carta ao Secretário <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong>clarando: “Os<br />
professores estrangeiros encarregados dos cursos regulares são <strong>de</strong> todo in<strong>de</strong>sejáveis,<br />
muitos seguramente nocivos [...] são perigosos, não por eles próprios,<br />
pois não sei se tanto valem, mas pela nossa geral falta <strong>de</strong> cultura e pela <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong> idéias reinantes entre nós.”<br />
Miguel Osório tentou aparar as arestas, mas inúteis os esforços resolveu pedir<br />
<strong>de</strong>missão. Numa sexta-feira à tar<strong>de</strong>, 23 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1936, pe<strong>de</strong> audiência<br />
ao Secretário Francisco Campos para entregar o pedido. Relatou-me Victor<br />
Nunes Leal, meu mestre e amigo, o episódio curioso em que Miguel Osório<br />
explicou ao secretário as razões da <strong>de</strong>missão, e sugeria que se marcasse para segunda-feira<br />
a posse do reitor interino. Francisco Campos respon<strong>de</strong>u <strong>de</strong> imediato:<br />
“Já tomei posse.”<br />
No discurso <strong>de</strong> posse, segundo novamente Victor Nunes Leal, Francisco<br />
Campos teria feito referências <strong>de</strong>sairosas aos cientistas, falando dos indivíduos<br />
que cuidavam <strong>de</strong> bichinhos.<br />
Em 1939 foi publicado um livro <strong>de</strong> homenagem aos irmãos Osório <strong>de</strong> Almeida,<br />
no Jubileu Científico dos dois professores, contendo setenta e cinco memórias<br />
originais sobre fisiologia e ciências correlatas <strong>de</strong> homens <strong>de</strong> ciência brasileiros e<br />
estrangeiros. O livro foi-lhes emtregue em cerimônia realizada nesta Casa, presidida<br />
pelo nosso confra<strong>de</strong> Afrânio Peixoto. Saudou os homenageados nosso<br />
confra<strong>de</strong> Roquette-Pinto, que, analisando a obra dos homenageados, diria:<br />
“Nascidos e criados para cooperar ... Fundadores <strong>de</strong> uma escola <strong>de</strong> trabalho<br />
científico, que se expandiu e frutificou em múltiplos e robustos centros, sois<br />
daqueles mestres felizes que vivem reacen<strong>de</strong>ndo na alma dos discípulos o <strong>de</strong>sejo<br />
renovado <strong>de</strong> saber para melhorar.” Agra<strong>de</strong>cendo, o Professor Álvaro<br />
Osório <strong>de</strong> Almeida traçou o roteiro das ativida<strong>de</strong>s científicas que realizaram<br />
e, com certa ponta <strong>de</strong> melancolia, confessou:<br />
“Se as administrações não compreen<strong>de</strong>m o caráter à parte da pesquisa científica,<br />
se negam ao pesquisador digno <strong>de</strong>sse nome a mais absoluta in<strong>de</strong>pendência,<br />
o conflito é inevitável e o resultado <strong>de</strong>sse conflito não pa<strong>de</strong>ce<br />
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