Homenagens - Academia Brasileira de Letras
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20 o Aniversário <strong>de</strong> falecimento <strong>de</strong> Alceu Amoroso Lima<br />
O silêncio continua dominando a sala e as três vão à janela, uma forma <strong>de</strong><br />
ir à rua, sem sair <strong>de</strong> casa – coisa <strong>de</strong> velhinhas. Quando voltam, o diálogo continua:<br />
– Quelle heure est-il?<br />
– Onze heures 15.<br />
E a outra:<br />
– Comme le temps passe!<br />
Como o nosso Tristão <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong> veria essa <strong>de</strong>liciosa sutileza na idéia <strong>de</strong><br />
tempo? Ele, que tinha pressa... Seja como seja, uma verda<strong>de</strong> é clara: teve uma<br />
bela velhice – rejuvenesceu nela, como chegou a dizer. Nela cresceu; engran<strong>de</strong>ceu-se<br />
mais e mais. Foi uma velhice retificadora – eu ia dizer corretiva. Deixou-nos<br />
uma errata i<strong>de</strong>ológica, senão política; foi o revisor <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong> suas<br />
próprias posições, na ânsia <strong>de</strong> tornar-se cada dia mais cristão, para honra do<br />
catolicismo brasileiro. Impregnou-se, mais que nunca, da mensagem divina e,<br />
creio, daquela advertência <strong>de</strong> São Paulo: “Cristo é tudo, em todos.”<br />
De certo por isso, fez a opção: ficou com o povo.<br />
Tarcísio Padilha<br />
Hoje não cabe a cada acadêmico, a rigor, fazer um discurso, mas um quase<br />
discurso, dado que somos muitos que nos iremos suce<strong>de</strong>r nesta tribuna.<br />
Há um ponto que me chamou a atenção em vários pronunciamentos, hoje e<br />
numa outra reunião voltada para este gran<strong>de</strong> vulto da intelectualida<strong>de</strong> brasileira.<br />
Diz-se que Alceu <strong>de</strong> católico passou a cristão. Penso que aqui há um cone<br />
<strong>de</strong> sombra, há uma nuvem cinzenta. É preciso dirimir esta dúvida.<br />
Eu acredito, em primeiro lugar, que quando se fala em cristianismo, no<br />
caso <strong>de</strong> Alceu, é para segregá-lo do mo<strong>de</strong>lo rígido da cristanda<strong>de</strong>. Ou, então,<br />
nós nos estaremos a referir ao seu universalismo. O catolicismo, então, seria<br />
o universalismo, porquanto Alceu enten<strong>de</strong>u, num dado momento, haver encontrado<br />
“o caminho”. E quando se encontra “o caminho”, os outros cami-<br />
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