Homenagens - Academia Brasileira de Letras
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Murilo Melo Filho<br />
Estóico e conformado aos <strong>de</strong>sígnios divinos, suportou com resignação a<br />
morte <strong>de</strong> sua mulher, os pa<strong>de</strong>cimentos <strong>de</strong> seu aci<strong>de</strong>nte e os sofrimentos dos<br />
seus reveses.<br />
Cunhado <strong>de</strong> Otávio Faria, Alceu era também concunhado <strong>de</strong> Afrânio Peixoto,<br />
ambos casados com duas filhas <strong>de</strong> outro acadêmico, Alberto Faria, do<br />
qual os dois eram, assim, genros.<br />
Sobre sua mulher, Maria Teresa, disse ele: – “Com ela, vivi 64 anos. Hoje,<br />
vivo sem ela. E isto não é natural. Porque Deus não criou o homem sozinho.<br />
Com Adão e Eva, Ele criou um casal.”<br />
Tinha especial orgulho <strong>de</strong> sua família, <strong>de</strong> seus filhos Jorge, Maria Helena,<br />
Sílvia, Paulo, Luiz e Alceu Filho e, em particular, <strong>de</strong> sua filha e confi<strong>de</strong>nte,<br />
a “freirinha” Maria Teresa, aba<strong>de</strong>ssa do Mosteiro <strong>de</strong> Santa Maria,<br />
em São Paulo.<br />
Alceu foi também um gran<strong>de</strong> ensaísta e um inesquecível professor <strong>de</strong> várias<br />
universida<strong>de</strong>s brasileiras, nas quais lecionou Sociologia, Literatura, Economia<br />
e Direito.<br />
Fez diversas conferências: na União Pan-Americana, em Washington; em<br />
universida<strong>de</strong>s cana<strong>de</strong>nses, como a <strong>de</strong> Quebec; francesas, como as <strong>de</strong> Toulouse,<br />
Montpellier, Bor<strong>de</strong>aux e na Sorbonne, <strong>de</strong> Paris; americanas, como as do Texas,<br />
Pennsylvania e a Católica <strong>de</strong> Washington, na qual ministrou um curso sobre<br />
Civilização <strong>Brasileira</strong>, repetido <strong>de</strong>pois na Universida<strong>de</strong> da Colúmbia, on<strong>de</strong><br />
recebeu o Prêmio Moors Cabot, pelos relevantes serviços prestados à maior<br />
aproximação entre os países do Continente Americano.<br />
Foi Delegado do Brasil na Décima Conferência Inter-Americana <strong>de</strong> Caracas<br />
e o primeiro brasileiro a ingressar na Comissão Pontifícia <strong>de</strong> Justiça e Paz,<br />
escolhido por Paulo VI, que o consi<strong>de</strong>rava um “leigo exemplar”.<br />
Respon<strong>de</strong>ndo certa vez a uma pergunta: “Tristão, o que fizestes da vida?”,<br />
<strong>de</strong>clarou: “Amei. Tive filhos e netos. Escrevi livros. Atravessei a nado a praia <strong>de</strong><br />
Botafogo, da Urca ao Morro da Viúva. Gostei <strong>de</strong> andar a pé. Atravessei os<br />
An<strong>de</strong>s a cavalo. Guiei automóvel <strong>de</strong> Quebec à Capital do México. Mas hesitei<br />
muito em guiar no Rio. Fui um menino feio. Medonho mesmo. Tinha uma cara<br />
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