Homenagens - Academia Brasileira de Letras
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Alberto Venancio Filho<br />
dro II, que procurou trazer ao Brasil o próprio Bois-Reymon, fundador da fisiologia<br />
mo<strong>de</strong>rna, a respeito <strong>de</strong> quem Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida escreveu ensaio.<br />
Este não po<strong>de</strong>ndo vir ao Brasil, enviou o discípulo Couty.<br />
É importante assinalar que a orientação seguida então no Museu coinci<strong>de</strong><br />
com a a<strong>de</strong>quada para os países em <strong>de</strong>senvolvimento. Lacerda e Couty procuraram<br />
estudar, principalmente, problemas <strong>de</strong> interesse do país, como o mecanismo<br />
da ação dos curares. Os achados <strong>de</strong> Batista <strong>de</strong> Lacerda da ação do veneno<br />
das flechas dos índios – o terrível curare ou “urare”, <strong>de</strong> que falavam os naturalistas<br />
que visitaram o nosso país, são ainda hoje a<strong>de</strong>quados. Até a realização<br />
<strong>de</strong>les, admitia-se serem os curares o resultado <strong>de</strong> preparação indígena, do qual<br />
entravam pelo menos dois tipos <strong>de</strong> vegetais.<br />
Mas foi no Instituto Oswaldo Cruz que se institucionalizou a pesquisa científica<br />
em nosso país. Segundo Fernando <strong>de</strong> Azevedo: “Oswaldo Cruz, com<br />
o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> resolver os problemas nacionais com elementos próprios, fazendo<br />
no Brasil a ciência para o Brasil, enquanto tudo se perdia em esforços isolados<br />
e esparsos. Era preciso fundar um núcleo on<strong>de</strong> se reunissem os elementos <strong>de</strong><br />
trabalho capazes e don<strong>de</strong> se irradiasse para o país inteiro a clarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />
nova orientação e <strong>de</strong> novos horizontes. E tal função Oswaldo Cruz exerceu admiravelmente,<br />
<strong>de</strong> sorte que ele, como o seu maior título <strong>de</strong> glória se po<strong>de</strong> dizer:<br />
Oswaldo Cruz nacionalizou verda<strong>de</strong>iramente a ciência médica.” A instituição<br />
<strong>de</strong> Manguinhos, já proclamada “a maior glória científica do Brasil”, e que <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
1908 tomou o nome do seu fundador, é <strong>de</strong> fato, como escola <strong>de</strong> medicina<br />
tropical, no dizer <strong>de</strong> Rui Barbosa, “a matriz <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem beber toda a América<br />
Latina”.<br />
É nessa instituição que Oswaldo Cruz concentrou todos os esforços e toda<br />
a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização, atraindo e agrupando para a pesquisa científica<br />
uma plêia<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens que não tardariam a granjear justa notorieda<strong>de</strong>, e a constituir<br />
na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> tradições do Instituto <strong>de</strong> Manguinhos o elo, sólido e luminoso,<br />
<strong>de</strong> ligação entre o mestres dos mestres e seus próprios discípulos.<br />
Oswaldo Cruz, ao fundar o instituto não cogitou da criação do laboratório<br />
<strong>de</strong> fisiologia, preferindo talvez uma orientação mais segura. Foi a Carlos Cha-<br />
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