Homenagens - Academia Brasileira de Letras
Homenagens - Academia Brasileira de Letras
Homenagens - Academia Brasileira de Letras
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Cinqüentenário da morte <strong>de</strong> Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida<br />
cessário fazer experiências na França, pois na Europa o fenômeno se apresenta<br />
com aspectos diferentes.<br />
Então, no meio <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s afirmava que “a vida continuava tão normal<br />
quanto possível e apesar da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> obter rãs, as experiências eram diariamente<br />
feitas por mim no laboratório da Sorbonne, sendo meu assistente e<br />
auxiliar Chweitzer”.<br />
E em outro dia: “Segunda e terça-feira prossegui como sempre os meus trabalhos<br />
<strong>de</strong> laboratório, na terça, 21 <strong>de</strong> junho terminei mais cedo as experiências;<br />
um pouco antes das seis horas, saí da Sorbonne com meu assistente Chweitzer.<br />
Mal tínhamos chegado ao Boulevard Saint Michel as sirenas entraram a funcionar.<br />
Voltamos à Sorbonne on<strong>de</strong> o abrigo era muito amplo.”<br />
A situação ia se agravando e “o último dia que trabalhei no laboratório foi<br />
sábado, dia 8 <strong>de</strong> junho”, e dias após, “continuo a procurar alguma coisa a fazer.<br />
Uma visita à Sorbonne mostrou-me a mesma situação, todos os laboratórios<br />
fechados, quase ninguém voltou ao trabalho”.<br />
Esses trabalhos científicos se conjugavam com os contatos com os amigos<br />
intelectuais e científicos, inclusive <strong>de</strong> Cooperação Internacional e em contato<br />
com eles foi instado a escrever carta aos intelectuais <strong>de</strong> países neutros, ao mesmo<br />
tempo que falava pelo rádio para o Brasil e escrevia artigos para o jornal Le<br />
Temps.<br />
Entre as judiciosas observações constantes nesta carta, discute sobretudo a<br />
impossibilida<strong>de</strong> da neutralida<strong>de</strong> diante da guerra e o problema da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pensamento diante do conflito mundial. E dizia:<br />
“Os países livres <strong>de</strong>monstraram, talvez <strong>de</strong>mais, suas tendências pacíficas.<br />
Tive a honra <strong>de</strong> estar em Paris <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia 18 <strong>de</strong> agosto (<strong>de</strong> 1939). Creio<br />
conhecer bem a França. Eu a amo pela cultura, profundida<strong>de</strong> intelectual e<br />
finura <strong>de</strong> civilização, <strong>de</strong> cortesia e <strong>de</strong> beleza. Mas <strong>de</strong>vo confessar minha<br />
profunda emoção vendo o que vi, misturado ao povo, nesses momentos <strong>de</strong>cisivos<br />
<strong>de</strong> mobilização geral em <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> guerra. O homem na rua aceitava<br />
tudo isto como qualquer coisa <strong>de</strong> necessário e inevitável, como se ele<br />
227