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Homenagens - Academia Brasileira de Letras

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20 o Aniversário <strong>de</strong> falecimento <strong>de</strong> Alceu Amoroso Lima<br />

Diz ele que, em 1910, “a gente não sabia o que viria <strong>de</strong>pois”. E o que viria<br />

<strong>de</strong>pois? Ele próprio respon<strong>de</strong>, relembrando que, três anos mais tar<strong>de</strong>, em<br />

1913, voltou à Europa, quando teve uma antevisão da gran<strong>de</strong> tragédia que se<br />

avizinhava, com a eclosão e os horrores da Primeira Guerra Mundial.<br />

Em Paris, encontrou-se com Henri Bergson e Marcel Proust e com Graça<br />

Aranha, que o convidou para virem ao Brasil, a fim <strong>de</strong> agitarem a apatia literária:<br />

“E <strong>de</strong>u no que <strong>de</strong>u.” O que Alceu quis dizer com esta expressão – “<strong>de</strong>u no que<br />

<strong>de</strong>u” – foi exatamente a aliança estabelecida, entre ele e Graça Aranha, em favor da<br />

renovação literária no Brasil, que iria <strong>de</strong>sembocar no Mo<strong>de</strong>rnismo, <strong>de</strong>tonado <strong>de</strong>pois,<br />

no Salão Nobre da ABL, durante a histórica sessão do dia 19 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

1924, com o grito <strong>de</strong> Graça Aranha: “Se a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> não se renova, que morra a<br />

<strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>.” E dali saiu carregado nos ombros, entre outros, pelos mo<strong>de</strong>rnistas<br />

Menotti <strong>de</strong>l Pichia, Cassiano Ricardo, Ribeiro Couto, Manuel Ban<strong>de</strong>ira, Guilherme<br />

<strong>de</strong> Almeida e Alceu Amoroso Lima, os quais, por uma <strong>de</strong>ssas felizes coincidências<br />

do <strong>de</strong>stino, seriam, todos eles, em seguida, eleitos para a <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>.<br />

Naquele ano Alceu já escrevera o seu livro Afonso Arinos e estava escrevendo<br />

o que viria a constituir os cinco volumes dos seus Estudos, simultâneos à sua célebre<br />

correspondência com Jackson <strong>de</strong> Figueiredo, que lhe foi apresentado por<br />

Afrânio Peixoto, e <strong>de</strong> cujo encontro, em 1928, redundaria sua conversão ao<br />

catolicismo, comunicada na carta “A<strong>de</strong>us à disponibilida<strong>de</strong>”, escrita ao amigo<br />

Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda. Alceu recorda: “No dia 15 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1928,<br />

com 35 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e já <strong>de</strong>clarando minha fé, confessei e comunguei pela<br />

primeira vez na vida, com o Padre Leonel Franca, na igreja <strong>de</strong> Santo Inácio.”<br />

A amiza<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alceu com Jackson cimentou-se, segundo Antônio Carlos<br />

Vilaça, em 244 cartas, trocadas entre eles, cada vez mais numerosas e mais fraternas,<br />

datando a primeira <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1919, e a última, com data<br />

<strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1928, justamente na véspera da trágica morte <strong>de</strong> Jackson.<br />

Alceu, morador da Rua Dona Mariana, em Botafogo, trabalhando na Rua<br />

da Can<strong>de</strong>lária, jovem industrial e burguês, diretor da Companhia Cometa <strong>de</strong><br />

tecidos. E Jackson, morador <strong>de</strong> São Cristóvão, trabalhando na Livraria Católica,<br />

Rua Rodrigo Silva.<br />

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