09.11.2014 Views

Homenagens - Academia Brasileira de Letras

Homenagens - Academia Brasileira de Letras

Homenagens - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

20 o Aniversário <strong>de</strong> falecimento <strong>de</strong> Alceu Amoroso Lima<br />

Afonso Arinos, filho<br />

Não me é fácil ser isento, imparcial e objetivo ao evocar alguém tão próximo<br />

aos meus dois pre<strong>de</strong>cessores nesta <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong>, cujo nome honra-me haver<br />

herdado. Alceu Amoroso Lima foi amigo e biógrafo do primeiro Afonso Arinos<br />

e companheiro constante do sobrinho homônimo, com quem chegou a<br />

trocar prefácios, em livros das autorias respectivas.<br />

Afonso Arinos, sobrinho, consi<strong>de</strong>rou Alceu, “no conjunto imenso das suas<br />

qualida<strong>de</strong>s e inevitáveis <strong>de</strong>ficiências, a mais importante personalida<strong>de</strong> da vida<br />

cultural brasileira”. Para ele, no amigo, “sua humilda<strong>de</strong> no convívio; sua altivez<br />

na crença teológica e nas crenças sociais; o óbvio da sua escrita e o nada óbvio<br />

do seu pensamento; a generosida<strong>de</strong> com que se abria aos outros e a reserva<br />

com que recebia dos outros qualquer abertura; sua alegria e sua intransigência,<br />

sua acessibilida<strong>de</strong> para os sentimentos e sua reserva para os acontecimentos”,<br />

eram “processos com que se lhe espraiava a abundância do ser”.<br />

O carioca Alceu Amoroso Lima nasceu no Cosme Velho, a 11 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1893, quando, na baía <strong>de</strong> Guanabara, reboavam os tiros da revolta da<br />

Armada. Foi criado no seio <strong>de</strong> família sólida, entre as árvores frondosas da ampla<br />

chácara do comendador Amoroso Lima, daquelas que ainda faziam o encanto<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> então. Nela Alceu se lembrava, entre outras doces<br />

figuras, da bela presença cordial do primeiro Afonso Arinos, o contador <strong>de</strong><br />

histórias amigo <strong>de</strong> seu pai. O futuro escritor reconhece ter <strong>de</strong>scoberto o Brasil<br />

“através <strong>de</strong> uma pessoa, não <strong>de</strong> um livro. Essa pessoa foi Afonso Arinos, gran<strong>de</strong><br />

presença humana. Quando o conheci não era professor nem literato. Era<br />

um homem nascido em Minas Gerais, que freqüentava nossa casa e contava<br />

histórias para a infância. Através do seu convívio senti, pela primeira vez, o<br />

Brasil sertanejo. Para o menino da cida<strong>de</strong>, [...] aquilo foi um <strong>de</strong>slumbramento”.<br />

“Foi à sombra dos sapotizeiros que Afonso Arinos povoou a nossa infância<br />

<strong>de</strong> um sonho sertanejo, cheio <strong>de</strong> bravura e poesia.”<br />

199

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!