09.11.2014 Views

Homenagens - Academia Brasileira de Letras

Homenagens - Academia Brasileira de Letras

Homenagens - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

20 o Aniversário <strong>de</strong> falecimento <strong>de</strong> Alceu Amoroso Lima<br />

mo, também em Minas, com tantas figuras expressivas, o segundo momento do<br />

Mo<strong>de</strong>rnismo. Às vezes foi chamado <strong>de</strong> romance regionalista. em certos casos,<br />

como o <strong>de</strong> Marques Rebelo, foi chamado <strong>de</strong> romance urbano, aquele que anteviu<br />

o avanço da cida<strong>de</strong>, da cida<strong>de</strong> inalcançável, da cida<strong>de</strong> grave e ao mesmo tempo<br />

inóspita, <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong> que nós estamos vivendo hoje provavelmente num estágio<br />

terminal – no sentido <strong>de</strong> se concluir uma fase, não <strong>de</strong> se <strong>de</strong>sesperar diante<br />

da possibilida<strong>de</strong> da gran<strong>de</strong> metrópole. A gran<strong>de</strong> metrópole é, ainda hoje, uma<br />

construção cotidiana <strong>de</strong> todos nós. Todos nós temos uma parcela <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong><br />

precisa com a elaboração tenaz e diária da gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>. Da gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong><br />

que nos escapa, mas sem a qual nós não po<strong>de</strong>mos viver.<br />

Alceu é também o crítico do terceiro mo<strong>de</strong>rnismo, na sua vertente verda<strong>de</strong>iramente<br />

mo<strong>de</strong>rna, porque existe nesse terceiro momento – aliás, existiu<br />

no primeiro também e no segundo às vezes – uma cisão entre o mo<strong>de</strong>rnismo<br />

e a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Quando o Mo<strong>de</strong>rnismo abraçou os gran<strong>de</strong>s temas nacionais<br />

e retornou ao Brasil profundo, ele <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser mo<strong>de</strong>rno e passou a ser<br />

um mo<strong>de</strong>rnismo às vezes saudoso e outras vezes saudosista. Ele soube compreen<strong>de</strong>r,<br />

como um crítico mo<strong>de</strong>rno, essa terceira geração: João Cabral <strong>de</strong><br />

Melo Neto, Clarice Lispector, Guimarães Rosa.<br />

As periodizações cronológicas são sempre precárias. As pessoas, mais tar<strong>de</strong>,<br />

não coinci<strong>de</strong>m. João Cabral estréia em 1942 com o livro A pedra do sono, que<br />

quase passou <strong>de</strong>sapercebido, e ele viria a ser o gran<strong>de</strong> poeta da sua geração.<br />

Nós, das Edições Tempo Brasileiro, temos o orgulho <strong>de</strong> termos publicado<br />

três livros <strong>de</strong> Alceu. O primeiro livro, Revolução, reação ou reforma?, foi lançado,<br />

na se<strong>de</strong> do Jornal do Brasil, os anos <strong>de</strong> chumbo da ditadura militar. Lá estava<br />

Alceu autografando o volume dos artigos que escrevera, cotidianamente, <strong>de</strong>nunciando<br />

a barbárie, o autoritarismo, a brutalida<strong>de</strong>. Se estivesse hoje vivo, estaria<br />

na mesma trincheira, na mesma fronteira, e certamente <strong>de</strong>nunciando essas<br />

mesmas <strong>de</strong>rrapagens da História.<br />

Editamos em seguida um livro do qual ele me <strong>de</strong>u a honra <strong>de</strong> sugerir o título<br />

– e ele, com a generosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sempre, aceitou: Pelo humanismo ameaçado. O terceiro<br />

que nós editamos foi A experiência reacionária. Em todos esses três livros se<br />

171

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!