Homenagens - Academia Brasileira de Letras
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Cinqüentenário da morte <strong>de</strong> Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida<br />
aprofundada cultura humanística. Tem indagações altamente importantes ao<br />
dizer que: “Cremos que será importante chamar a atenção do leitor sobre a natureza<br />
das fontes <strong>de</strong> nossos conhecimentos históricos, mostrando suas insuficiências<br />
e como se po<strong>de</strong> analisá-los e interpretá-los.”<br />
E estudando a civilização grega, indagava: “O que permitiu à Grécia antiga<br />
chegar à posição que chegou? Certamente a base <strong>de</strong> tudo, o que na falta <strong>de</strong> outra<br />
expressão se chamou ‘gênio grego’. Mas esse gênio em si só não seria suficiente,<br />
e a prova é que a não ser que se tenha esgotado a cultura grega, após um<br />
período, não mais se renovou.”<br />
Tratando <strong>de</strong> tema <strong>de</strong> sua especialida<strong>de</strong>, apontava que a história da ciência<br />
não <strong>de</strong>veria ser tratado pela história <strong>de</strong> cada país, e sugeriu elaborar a história<br />
do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cada ciência separadamente, a história da matemática,<br />
a história da física, a história da química. E mostrava que a evolução da ciência<br />
teve caráter internacional mesmo antes <strong>de</strong> se tentar organizar a ciência sobre<br />
bases internacionais.<br />
Miguel Osório publicou três livros <strong>de</strong> ensaios: Homens e coisas <strong>de</strong> ciência<br />
(1925), A vulgarização do saber (1931) e Ensaios, críticas e perfis (1937).<br />
A peculiarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses trabalhos é que, ao mesmo tempo que representam<br />
textos <strong>de</strong> vulgarização, e um <strong>de</strong>les tem no título essa expressão, são estudos que<br />
não se afastam do verda<strong>de</strong>iro rigor científico. O ensaio <strong>de</strong> caráter científico é<br />
pouco explorado entre nós, <strong>de</strong>vido, em gran<strong>de</strong> parte, à falta <strong>de</strong> nossa cultura<br />
científica e Miguel Osório <strong>de</strong> Almeida, sendo sábio, soube traduzir em linguagem<br />
simples tormentosos problemas da ciência. Os dois primeiros se mantém<br />
numa linha estritamente científica, mas o último, contendo trabalhos escritos<br />
já na década <strong>de</strong> 30 revela o interesse que foi tomando por questões mais <strong>de</strong> cunho<br />
intelectual e cultural, em gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>corrente das ativida<strong>de</strong>s na Comissão<br />
<strong>Brasileira</strong> e no Instituto Internacional <strong>de</strong> Cooperação Intelectual.<br />
Assim, entre esses temas, “A or<strong>de</strong>m intelectual e a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> espírito”,<br />
“Nacionalismo ou patriotismo”, “Crise da inteligência”. Muitos capítulos<br />
<strong>de</strong>sse livro são perfis <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s que conheceu e <strong>de</strong>poimento sobre suas<br />
qualida<strong>de</strong>s humanas. De Amoroso Costa, ilustre matemático, diz: “A vida <strong>de</strong><br />
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