141RecifeCapital do Estado <strong>de</strong> PernambucoProcesso <strong>de</strong> mapeamento e coleta <strong>de</strong> dadosForam mapeadas em Recife várias instituições que ofereciamassistência a crianças e adolescentes em situação <strong>de</strong>rua, tanto em se<strong>de</strong> quanto em rua. Para o levantamentoforam selecionadas três instituições que preenchiam oscritérios <strong>de</strong> inclusão. Todas com trabalhos em se<strong>de</strong>.Nestas instituições foram realizadas 64 entrevistas.Total <strong>de</strong> entrevistas válidas: 64Resultadoscomparados aos da amostra global brasileira (27 capitais)Características socio<strong>de</strong>mográficas da amostrapesquisada (Tabela 1):A amostra pesquisada em Recife se diferenciou da amostraglobal das 27 capitais brasileiras. Foi entrevistada umaproporção muito maior <strong>de</strong> jovens que haviam parado<strong>de</strong> estudar (92%) e passavam mais horas/dia em situação<strong>de</strong> rua (95,3% ficando 6 ou mais horas/dia). Tambémforam observados maiores índices <strong>de</strong> entrevistados quenão estavam morando com família (43,8%) e que estavamhá mais tempo em situação <strong>de</strong> rua (42,2% há mais<strong>de</strong> 5 anos)Uso <strong>de</strong> drogas em geral (Figura 1):As especificida<strong>de</strong>s da amostra acompanharam maioresíndices <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> drogas (comparado à amostra global).No entanto, chama atenção a elevada proporção <strong>de</strong> usuáriosentre os que estavam morando com família (n=28),dado que contrasta com a menor prevalência observadaneste grupo para as <strong>de</strong>mais capitais.As principais drogas mencionadas – uso no mês(Tabelas 2 e 3):Os solventes foram as drogas com os maiores índices <strong>de</strong>uso no mês (em proporções muito acima do observadona amostra global. Entre estes, predominou o consumo<strong>de</strong> cola (51 casos <strong>de</strong> uso no mês) e <strong>de</strong> “loló” (25 casos),ambos em elevada freqüência (41 casos com uso diário).........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................• Recife1.422.905 habitantes(IBGE – censo 2000)Equipecoor<strong>de</strong>naçãoDiane Neves VariscosupervisãoEvaldo Melo <strong>de</strong> OliveiraentrevistadoresMarcílio Cavalcanti LimaAdalberto Ferreira <strong>de</strong> LimaLara Liane Varisco Men<strong>de</strong>sBezerraO uso <strong>de</strong> tabaco (em freqüência diária) e <strong>de</strong> bebidasalcoólicas (cerveja, vinho e a pinga) foi relatado em proporçõesmuito superiores à média. Para a maconha e<strong>de</strong>rivados da coca, os índices também foram superiores,com 32 relatos <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> maconha no mês e 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivadosda coca (os 13 com uso <strong>de</strong> crack). Diferente damaioria das capitais, foi observado um consi<strong>de</strong>rável consumo<strong>de</strong> medicamentos psicotrópicos no mês, especialmenteo Artane ® (17 relatos) e o Rohypnol ® (14 relatos).Outros resultados (Tabelas 4, 5, 6):Embora em proporções mais elevadas (em <strong>de</strong>corrênciado elevado número <strong>de</strong> usuários), os valores observadospara as formas <strong>de</strong> aquisição, comportamentos <strong>de</strong> riscoassociados ao consumo e tentativas <strong>de</strong> parar ou diminuiro uso, foram relativamente semelhantes aos daamostra global.Expectativas <strong>de</strong> vida (Tabela 7):Assim como nas <strong>de</strong>mais capitais, entre a maioria dos entrevistados,foram observadas várias expectativas básicas<strong>de</strong> vida (trabalhar, estudar, conseguir lugar paramorar, entre outras). Muitas <strong>de</strong>ssas expectativas são, naverda<strong>de</strong>, direitos <strong>de</strong> todas as crianças e adolescentes brasileiros.Comparação com os levantamentos anteriores: 1993-1997 (Tabela 8 e Figura 2):Em comparação com os levantamentos anteriores, foramobservados índices relativamente semelhantes paratabaco, bebidas alcoólicas, maconha e Rohypnol ® . Noentanto, vale ressaltar os índices <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados dacoca em 2003, muito superiores aos observados nos anosanteriores (nos quais os relatos <strong>de</strong> uso eram pontuais).Também merece <strong>de</strong>staque a retomada do consumo <strong>de</strong>Artane ® em 2003 (que era consi<strong>de</strong>rável em 93, mas haviamdiminuído em 97). O consumo <strong>de</strong> solventes observadoem 2003 também foi superior ao dos dois levantamentosanteriores.Região Nor<strong>de</strong>ste
142 RecifeTabela 1: Características socio<strong>de</strong>mográficas <strong>de</strong> 64 crianças e adolescentes em situação <strong>de</strong> rua entrevistadosem Recife.N %SexoMasculino 41 64,1Feminino 23 35,99 a 11 6 9,4Ida<strong>de</strong> 12 a 14 26 40,6(anos) 15 a 18 31 48,4Não sabia 1 1,6Situação escolar(ensino formal)Nunca havia estudado 2 3,1Estava estudando 3 4,7Havia parado <strong>de</strong> estudar 59 92,2Situação familiar Sim 36 56,3(morar com a família) Não 28 43,8Diversão, liberda<strong>de</strong>, falta <strong>de</strong> outra ativida<strong>de</strong> 5 7,8Sustento para si e/ou família 7 10,9Motivos atribuídos Relações familiares ruins (conflitos, agressões) 20 31,3para a situação <strong>de</strong> rua Acompanhar parente ou amigo 10 15,6Mudança <strong>de</strong> estrutura familiar 3 4,7(morte <strong>de</strong> mãe/pai ou casamento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les)Menos <strong>de</strong> 1 ano 14 21,8Anos em situação <strong>de</strong> rua1 a 5 anos 16 25,0Mais <strong>de</strong> 5 anos 27 42,2Não se lembrava 7 10,9Horas na rua por diaFormas <strong>de</strong> sustento(as 5 mais citadas)1 a 5 horas 3 4,76 horas ou mais 61 95,3Pedia dinheiro 49 76,6Furtava, roubava 32 50,0Vigiava carros 11 17,2Vendia coisas 8 12,5Transava por dinheiro 5 7,8Brinca<strong>de</strong>ira / Diversão 25 39,1Outras ativida<strong>de</strong>s Esporte / Arte 7 10,9Cursos profissionalizantes 2 3,1Ir à igreja 1 1,6estava morando com família (n = 36)não estava morando com família (n = 28)Porcentagem <strong>de</strong> usuários1008060402097,292,986,182,10Uso no mêsUso diárioFigura 1: Uso <strong>de</strong> drogas psicotrópicas, inclusive álcool e tabaco, entre 36 crianças e adolescentes queestavam morando com suas famílias, comparativamente aos 28 que não estavam, entrevistados em Recife.São apresentados os parâmetros uso no mês (ao menos uma vez no mês que antece<strong>de</strong>u a pesquisa) euso diário (cerca <strong>de</strong> 20 dias ou mais no mês que antece<strong>de</strong>u a pesquisa).