147SalvadorCapital do Estado da BahiaProcesso <strong>de</strong> mapeamento e coleta <strong>de</strong> dadosForam mapeadas em Salvador várias instituições que ofereciamassistência a crianças e adolescentes em situação <strong>de</strong>rua, tanto em se<strong>de</strong> quanto na rua. Para o levantamentoforam selecionadas quatro instituições que preenchiam oscritérios <strong>de</strong> inclusão, duas em se<strong>de</strong> e duas na rua.Nestas instituições foram realizadas 156 entrevistas (23em se<strong>de</strong> e 118 na rua), das quais 15 foram excluídas daamostra durante o processo <strong>de</strong> crítica dos dados (vi<strong>de</strong>motivos <strong>de</strong> exclusão Tabela 2, pág. 22).Total <strong>de</strong> entrevistas válidas: 141Resultadoscomparados aos da amostra global brasileira (27 capitais)Características socio<strong>de</strong>mográficas da amostrapesquisada (Tabela 1):A amostra pesquisada em Salvador não se diferencioumuito da amostra global das 27 capitais brasileiras, excetopela maior proporção <strong>de</strong> jovens que relataram passarmais horas/dia (88,7% ficava 6 ou mais horas/dia) e estarhá mais tempo em situação <strong>de</strong> rua (34,7% há mais <strong>de</strong>5 anos).Uso <strong>de</strong> drogas em geral (Figura 1):Quando analisados separadamente os subgrupos dosque estavam morando com família (n=103) e os que nãoestavam (n=38), os índices <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> drogas foram relativamentesemelhantes ao perfil da amostra global.• Salvador2.443.107 habitantes(IBGE – censo 2000)........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................Equipecoor<strong>de</strong>naçãoPatrícia Rachel <strong>de</strong> AguiarGonçalvessupervisãoGeorge H. Gusmão SoaresentrevistadoresAna Iza Benigno dos SantosAna Rita Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>Eduardo Santos DiasFernanda Alves Cohim SilvaLarissa Baldoino da PaixãoLuana Dourado FigueiraMariana Bartolo FrazonMilena <strong>de</strong> Oliveira PérsicoRita <strong>de</strong> Cássia NascimentoValéria Coutinho Cerqueira LimaWellington <strong>de</strong> Jesus SousaAs principais drogas mencionadas – uso no mês(Tabelas 2 e 3):As bebidas alcoólicas (cerveja, vinho, pinga e outras) e otabaco (em freqüência diária) foram as drogas commaiores índices <strong>de</strong> uso no mês. Entre os solventes/inalantes(com índices inferiores ao observado na amostraglobal), predominou o consumo <strong>de</strong> cola (27 casos <strong>de</strong>uso no mês). Para maconha e <strong>de</strong>rivados da coca, os índicesforam semelhantes à média brasileira, com 43 relatos<strong>de</strong> uso <strong>de</strong> maconha no mês e 18 <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados da coca(12 <strong>de</strong>les com uso <strong>de</strong> crack). O consumo <strong>de</strong> medicamentospsicotrópicos foi relativamente pouco relatado (apenas2 casos <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> Rohypnol ® no mês e 1 <strong>de</strong> Artane ® )em comparação a muitas das outras capitais no Nor<strong>de</strong>ste.Outros resultados (Tabelas 4, 5, 6):Os valores observados para as formas <strong>de</strong> aquisição, comportamentos<strong>de</strong> risco associados ao consumo e tentativas<strong>de</strong> parar ou diminuir o uso, foram relativamentesemelhantes aos da amostra global.Expectativas <strong>de</strong> vida (Tabela 7):Assim como nas <strong>de</strong>mais capitais, embora em menor freqüência,foram observadas expectativas básicas <strong>de</strong> vida(trabalhar, estudar, conseguir lugar para morar, entreoutras). Muitas <strong>de</strong>ssas expectativas são, na verda<strong>de</strong>, direitos<strong>de</strong> todas as crianças e adolescentes brasileiros.Região Nor<strong>de</strong>ste
148 SalvadorTabela 1: Características socio<strong>de</strong>mográficas <strong>de</strong> 141 crianças e adolescentes em situação <strong>de</strong> rua entrevistadosem Salvador.N %SexoMasculino 124 87,9Feminino 17 12,19 a 11 22 15,6Ida<strong>de</strong> 12 a 14 54 38,3(anos) 15 a 18 65 46,1Não sabia 0 0Situação escolar(ensino formal)Nunca havia estudado 6 4,3Estava estudando 71 50,4Havia parado <strong>de</strong> estudar 64 45,4Situação familiar Sim 103 73,0(morar com a família) Não 38 27,0Diversão, liberda<strong>de</strong>, falta <strong>de</strong> outra ativida<strong>de</strong> 32 22,7Sustento para si e/ou família 54 38,3Motivos atribuídos Relações familiares ruins (conflitos, agressões) 14 9,9para a situação <strong>de</strong> rua Acompanhar parente ou amigo 24 17,0Mudança <strong>de</strong> estrutura familiar 2 1,4(morte <strong>de</strong> mãe/pai ou casamento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les)Menos <strong>de</strong> 1 ano 32 22,7Anos em situação <strong>de</strong> rua1 a 5 anos 49 34,8Mais <strong>de</strong> 5 anos 48 34,7Não se lembrava 11 7,8Em branco 1 0,7Horas na rua por dia1 a 5 horas 16 11,36 horas ou mais 125 88,7Pedia dinheiro 50 35,5Formas <strong>de</strong> sustentoVigiava carros 46 32,6(as 5 mais citadas)Furtava, roubava 14 9,9Vendia coisas 43 30,5Fazia coisas para ven<strong>de</strong>r 12 8,5Brinca<strong>de</strong>ira / Diversão 75 53,2Outras ativida<strong>de</strong>s Esporte / Arte 31 22,0Cursos profissionalizantes 8 5,7Ir à igreja 5 3,5estava morando com família (n = 103)não estava morando com família (n = 38)Porcentagem <strong>de</strong> usuários1008060402060,294,725,260,50Uso no mêsUso diárioFigura 1: Uso <strong>de</strong> drogas psicotrópicas, inclusive álcool e tabaco, entre 103 crianças e adolescentes queestavam morando com suas famílias, comparativamente aos 38 que não estavam, entrevistados em Salvador.São apresentados os parâmetros uso no mês (ao menos uma vez no mês que antece<strong>de</strong>u a pesquisa) euso diário (cerca <strong>de</strong> 20 dias ou mais no mês que antece<strong>de</strong>u a pesquisa).