189Rio <strong>de</strong> JaneiroCapital do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro•Rio <strong>de</strong> Janeiro5.857.904 habitantes(IBGE – censo 2000)Equipecoor<strong>de</strong>naçãoIzabel MartinssupervisãoJoão Carlos DiasentrevistadoraLetícia Costa BarbosaFernanda CanavêzCláudia Durce AlvernazPaulo MittelmanHelena BastosAna Maria Ferreira <strong>de</strong> AraújoMirla FerreiraEliane Vieira PereiraProcesso <strong>de</strong> mapeamento e coleta <strong>de</strong> dadosForam mapeadas no Rio <strong>de</strong> Janeiro várias instituiçõesque ofereciam assistência a crianças e adolescentes emsituação <strong>de</strong> rua, tanto em se<strong>de</strong> quanto na rua. Para olevantamento foram selecionadas três instituições quepreenchiam os critérios <strong>de</strong> inclusão. Todas com trabalhosrealizados em se<strong>de</strong>.Nestas instituições foram realizadas 138 entrevistas, dasquais três foram excluídas da amostra durante o processo<strong>de</strong> crítica dos dados (vi<strong>de</strong> motivos <strong>de</strong> exclusão Tabela2, pág. 22).Total <strong>de</strong> entrevistas válidas: 135Resultadoscomparados aos da amostra global brasileira (27 capitais)Características socio<strong>de</strong>mográficas da amostrapesquisada (Tabela 1):A amostra pesquisada no Rio <strong>de</strong> Janeiro se diferenciouda amostra global das 27 capitais brasileiras. Houve predomínio<strong>de</strong> jovens que não estavam estudando (88,1%),que não estavam morando com família (65,9%) e commaior período na rua (89,7% ficando 6 ou mais horas/dia).Uso <strong>de</strong> drogas em geral (Figura 1):As especificida<strong>de</strong>s da amostra justificam os maiores índices<strong>de</strong> uso <strong>de</strong> drogas comparado à amostra global. Noentanto, chama a atenção a elevada proporção <strong>de</strong> usuáriosentre os que estavam morando com família (n=46),dado que contrasta com a menor prevalência observadaneste grupo para as <strong>de</strong>mais capitais.........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................As principais drogas mencionadas – uso no mês(Tabelas 2 e 3):O perfil <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> drogas também se diferenciou daamostra global. O consumo <strong>de</strong> tabaco apresentou prevalênciamuito superior, <strong>de</strong> uso no mês (n=109) e em freqüênciadiária (n=99). A maconha foi a segunda drogamais consumida (80 casos <strong>de</strong> uso mês, 50 dos quais comconsumo diário), valores estes superiores às <strong>de</strong>mais capitais.Os solventes/inalantes também foram muito mencionados,em gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> (thinner, cola e loló) e comelevado número <strong>de</strong> consumidores diários (n=42). Para asbebidas alcoólicas os índices foram mais semelhantes aosda amostra global.Entre os <strong>de</strong>rivados da coca, além do cloridrato “cheirado”(n=35), 43 entrevistados mencionaram outras formas<strong>de</strong> uso (predominantemente a mistura <strong>de</strong> “pó” fumadoem mistura com maconha ou haxixe). Os índicestambém superaram muito ao observado na maioria das<strong>de</strong>mais capitais. Foram apenas 2 os casos <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> medicamentospsicotrópicos.Outros resultados (Tabelas 4, 5, 6):Os valores observados para as formas <strong>de</strong> aquisição, comportamentos<strong>de</strong> risco associados ao consumo e tentativas<strong>de</strong> parar ou diminuir o uso, foram relativamentesemelhantes aos da amostra global.Expectativas <strong>de</strong> vida (Tabela 7):Assim como nas <strong>de</strong>mais capitais, entre a maioria dos entrevistados,foram observadas várias expectativas básicas<strong>de</strong> vida (trabalhar, conseguir lugar para morar, estudar,entre outras). Muitas <strong>de</strong>ssas expectativas são, na verda<strong>de</strong>,direitos <strong>de</strong> todas as crianças e adolescentes brasileiros.Comparação com os levantamentos anteriores: 1993-1997 (Tabela 8 e Figura 2):A comparação dos levantamentos indicou aumento doconsumo <strong>de</strong> várias drogas pesquisadas: tabaco, solventes,maconha e <strong>de</strong>rivados da coca. Diminuíram apenasos índices <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> bebidas alcoólica.Região Su<strong>de</strong>ste
190 Rio <strong>de</strong> JaneiroTabela 1: Características socio<strong>de</strong>mográficas <strong>de</strong> 135 crianças e adolescentes em situação <strong>de</strong> rua entrevistadosno Rio <strong>de</strong> Janeiro.N %SexoMasculino 104 77,0Feminino 31 23,09 a 11 5 3,7Ida<strong>de</strong> 12 a 14 54 40,0(anos) 15 a 18 76 56,3Não sabia 0 0Situação escolar(ensino formal)Nunca havia estudado 3 2,2Estava estudando 13 9,6Havia parado <strong>de</strong> estudar 119 88,1Situação familiar Sim 46 34,1(morar com a família) Não 89 65,9Diversão, liberda<strong>de</strong>, falta <strong>de</strong> outra ativida<strong>de</strong> 10 7,4Sustento para si e/ou família 14 10,4Motivos atribuídos Relações familiares ruins (conflitos, agressões) 51 37,8para a situação <strong>de</strong> rua Acompanhar parente ou amigo 16 11,9Mudança <strong>de</strong> estrutura familiar 4 3,0(morte <strong>de</strong> mãe/pai ou casamento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les)Menos <strong>de</strong> 1 ano 39 28,9Anos em situação <strong>de</strong> rua1 a 5 anos 63 46,7Mais <strong>de</strong> 5 anos 32 23,7Não se lembrava 1 0,7Horas na rua por diaFormas <strong>de</strong> sustento(as 5 mais citadas)1 a 5 horas 14 10,36 horas ou mais 121 89,7Pedia dinheiro 78 57,8Furtava, roubava 47 34,8Vigiava carros 32 23,7Vendia coisas 15 11,1Entregava / vendia drogas 5 3,7Brinca<strong>de</strong>ira / Diversão 39 28,9Outras ativida<strong>de</strong>s Esporte / Arte 22 16,3Cursos profissionalizantes 14 10,4Ir à igreja 8 5,9Porcentagem <strong>de</strong> usuários1008060402082,694,4estava morando com família (n = 46)não estava morando com família (n = 89)76,180,90Uso no mêsUso diárioFigura 1: Uso <strong>de</strong> drogas psicotrópicas, inclusive álcool e tabaco, entre 46 crianças e adolescentes queestavam morando com suas famílias, comparativamente aos 89 que não estavam, entrevistados no Rio <strong>de</strong>Janeiro. São apresentados os parâmetros uso no mês (ao menos uma vez no mês que antece<strong>de</strong>u a pesquisa)e uso diário (cerca <strong>de</strong> 20 dias ou mais no mês que antece<strong>de</strong>u a pesquisa).