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Capa Crianças 2003.cdr - Observatório Brasileiro de Informações ...

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...............................27...............................CAPÍTULO 1IntroduçãoO uso <strong>de</strong> drogas na infânciae na adolescência em situação <strong>de</strong> ruanas capitais brasileiras*A situação <strong>de</strong> rua <strong>de</strong> crianças e adolescentes não é um fenômeno exclusivamentebrasileiro, nem dos países em <strong>de</strong>senvolvimento. Embora os contextossocioculturais e a postura da população geral possam variar, em maior oumenor grau, a presença <strong>de</strong> jovens vivendo em situação <strong>de</strong> rua é uma questãomundial (Tyler & Tyler, 1996; Roux & Smith, 1998; Scanlon et al., 1998). Oconsumo <strong>de</strong> substâncias psicoativas, lícitas ou ilícitas, parece acompanhar essecenário. Assim como o abuso <strong>de</strong>ssas substâncias é freqüente entre as criançase os adolescentes que vivem nessas condições no Brasil, o mesmo ocorre emoutros países, como México, Colômbia, Honduras, Rwanda, África do Sul,Índia, assim como em países consi<strong>de</strong>rados mais <strong>de</strong>senvolvidos como EstadosUnidos, Canadá, os do Reino Unido, Holanda e Austrália (Swart-Kruger &Donald, 1996; Auerswald & Eyre, 2002; Tiwari et al., 2002; Roy et al., 2003;Veale & Dona, 2003).Existe uma gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> rua, a maioria das quaistraz consigo muitos aspectos que aumentam a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> drogaspsicotrópicas. Além dos fatores individuais e familiares, o contexto social darua ten<strong>de</strong> a favorecer o consumo. Alguns jovens em situação <strong>de</strong> rua, no entanto,não consomem psicotrópicos, ou o fazem muito esporadicamente. Assim,embora seja inegável que as drogas psicotrópicas tenham potencial reforçador,propiciem prazer e/ou alívio do enfrentamento da realida<strong>de</strong>, responsabilizá-lasexclusivamente pelo abuso é <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar a participação ativa <strong>de</strong> seususuários e do contexto no qual se inserem (Trubilin & Zaitsev, 1995; Lowry,1995; Auerswald & Eyre, 2002).Torna-se essencial, então, avaliar as condições <strong>de</strong> vida, bem como os fatoresassociados ao risco ou à proteção do uso in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong> drogas em situação<strong>de</strong> rua. Este capítulo tem por objetivo explorar esses aspectos, com a apresentaçãoe discussão dos dados epi<strong>de</strong>miológicos das 27 capitais brasileiras. Noentanto, vale mais uma vez ressaltar os cuidados na interpretação dos resultados,uma vez que as amostras não são representativas <strong>de</strong> todos os jovens emsituação <strong>de</strong> rua das capitais, mas sim dos que estavam recebendo assistência<strong>de</strong> instituições. Os resultados <strong>de</strong>vem então ser analisados com as <strong>de</strong>vidas pon<strong>de</strong>rações,tendo em vista as peculiarida<strong>de</strong>s das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência em cadacapital.* Neste capítulo estão apresentados relatos <strong>de</strong> histórias verídicas <strong>de</strong> alguns dos entrevistados.Para garantir anonimato, seus nomes foram alterados...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................Fatores associados ao riscoou à proteçãoEsses fatores são assim consi<strong>de</strong>radospor aparecerem freqüentementeassociados ao uso (ou não-uso)in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong> drogas. Entre os fatores<strong>de</strong> caráter individual estão aauto-estima, a autonomia, a tolerânciaà frustração, a religiosida<strong>de</strong>,os aspectos cognitivos, entre outros.Os sociais incluem questões relacionadasà inserção cultural, condiçãosocioeconômica, vínculoescolar, vínculos familiares e/ou estabelecimento<strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong>cuidado com um adulto <strong>de</strong> referência(<strong>de</strong>ntro ou fora da família), entreoutros.Embora as expressões mais utilizadassejam “fatores <strong>de</strong> risco” e “fatoresprotetores”, alguns autorespreferem utilizar “fatores associadosao risco ou à proteção”, poismuitas vezes aquelas expressõessão interpretadas <strong>de</strong> forma equivocada.Fatores associados ao risconão po<strong>de</strong>m ser interpretados comocausais ou <strong>de</strong>terminantes, nemmesmo consi<strong>de</strong>rados isoladamenteindicativos <strong>de</strong> abuso <strong>de</strong> substâncias,uma vez que esta associaçãose dá por um somatório <strong>de</strong> fatorese/ou circunstâncias (<strong>de</strong>s)favoráveis.Estes fatores também não são universais,po<strong>de</strong>ndo variar entre as populaçõese os contextos sociais.(Noto & Moreira, no prelo)

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