Capa Crianças 2003.cdr - Observatório Brasileiro de Informações ...
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O que já fizemos e o que po<strong>de</strong>remos fazer em relação ao uso <strong>de</strong> drogas em situação <strong>de</strong> rua no Brasil...............................61...............................As medidas repressivas e <strong>de</strong> controle da disponibilida<strong>de</strong>das drogas no Brasil: catracas em meio aberto?A repressão ao tráfico <strong>de</strong> drogas, o controle policial voltado ao usuário, arestrição à venda <strong>de</strong> bebidas alcoólicas, cigarro, solventes e medicamentospsicotrópicos são alguns exemplos <strong>de</strong> tentativas <strong>de</strong> controle sobre a disponibilida<strong>de</strong>das drogas em socieda<strong>de</strong>. Historicamente, essas foram as primeirasmedidas adotadas e as que receberam maior <strong>de</strong>staque nas últimas décadas emvários países. Inicialmente, acreditava-se que aspolíticas exclusivamente repressivas dariam conta<strong>de</strong> diminuir o consumo. No entanto, esse enfoqueminimizou o potencial da <strong>de</strong>manda social, a qualencontra brechas no sistema <strong>de</strong> controle, mantendoo consumo, ainda que clan<strong>de</strong>stinamente. Aspolíticas exclusivamente repressoras e/ou controladorasparecem assumir papel <strong>de</strong> catracas em meioaberto, ou seja, sistemas <strong>de</strong> controle com gran<strong>de</strong>sbrechas laterais que inutilizam sua função.Entre crianças e adolescentes em situação <strong>de</strong> rua,em especial aqueles em maior grau <strong>de</strong> exclusão social,as medidas <strong>de</strong> controle parecem não fazer diferençaou até mesmo ter efeito contrário. Nestelevantamento, foi constatada a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquisição<strong>de</strong> qualquer droga. As drogas mais consumidas diariamente, para muitos,foram o cigarro, os solventes e a maconha, ou seja, cada qual com umdiferente nível <strong>de</strong> controle social.Para as drogas lícitas, tabaco e bebidas alcoólicas, os entrevistados relataramcomprar livremente no comércio formal, apesar <strong>de</strong> a legislação atual preverlimite <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> para a venda (Tabela 12, pág. 47 e Tabela13, pág. 49). Para asdrogas controladas, solventes e medicamentos, foi observada dificulda<strong>de</strong> poucomaior para a compra no comércio formal, o que, entretanto, parece ser neutralizadopelo comércio clan<strong>de</strong>stino (Tabela 14, pág. 51 e Tabela 17, pág. 57). Paraas drogas ilegais, maconha e <strong>de</strong>rivados da coca, a facilida<strong>de</strong> não parece sermuito diferente, exceto o fato <strong>de</strong> o comércio ocorrer exclusivamente ilegal.Essa clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> do comércio <strong>de</strong> drogas ilícitas e/ou controladas favoreceo contato das crianças e dos adolescentes com traficantes, os quais algumasvezes incluem jovens no comércio <strong>de</strong>ssas drogas. Nesses casos, a violênciaassociada ao tráfico ganha relevância e passa a ser mais um fator <strong>de</strong> risco eexclusão social.O processo <strong>de</strong> substituição também merece ser consi<strong>de</strong>rado. O acompanhamentotemporal dos levantamentos indica que a restrição do acesso à <strong>de</strong>terminadadroga po<strong>de</strong> diminuir o seu consumo, porém <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia um processo,praticamente imediato, <strong>de</strong> substituição por outras drogas mais disponíveis.Um exemplo foi o fenômeno substituição da cola pelo esmalte em São Paulo.Nos anos <strong>de</strong> 1987 e 1989 era consi<strong>de</strong>rável o consumo <strong>de</strong> cola nesta capital,enquanto o uso <strong>de</strong> esmalte era insignificante (Figura 5). Porém, em 1993, oconsumo <strong>de</strong> cola praticamente <strong>de</strong>sapareceu, e o esmalte passou a ser o princi-..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................