Capa Crianças 2003.cdr - Observatório Brasileiro de Informações ...
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O uso <strong>de</strong> drogas na infância e na adolescência em situação <strong>de</strong> rua nas capitais brasileiras...............................33...............................Tabela 6: Primeira experiência com uso <strong>de</strong> alguma droga ilegal (maconha, cocaína) ouobtida clan<strong>de</strong>stinamente (solventes e medicamentos psicotrópicos) entre as 2.807 criançase adolescentes entrevistados nas 27 capitais brasileiras.Primeiro episódio(N = 2.807)N %Época <strong>de</strong> uso Antes da situação <strong>de</strong> rua 537 19,1Depois da situação <strong>de</strong> rua 869 31,0Motivo do primeiro Acompanhar amigo 825 29,4uso Curiosida<strong>de</strong> 821 29,2Acompanhar familiar 97 3,5Foi forçado 30 1,1Procurava “coisa mais forte” 26 0,9Outros 205 7,3Primeira droga usada Solvente 762 27,1Uso recenteMaconha 574 20,4Cocaína ou <strong>de</strong>rivados 57 2,0Medicamentos 9 0,3Motivos atribuídos Acha legal, gostoso, divertido 556 19,8para o uso “atual” 1 Esquecer a tristeza 251 8,9Porque os amigos usam 248 8,8Sentir mais solto (<strong>de</strong>sinibido) 198 7,1Sentir mais forte, po<strong>de</strong>roso, corajoso 166 5,9Esquecer a fome, o frio 105 3,7Porque é fácil conseguir 68 2,4Não sabe 85 3,0Outros 326 11,61Perguntado apenas para quem estava usando recentemente alguma droga (uso no mês).ca, ou seja, o uso po<strong>de</strong> se intensificar ou cessar, <strong>de</strong> acordo com uma série <strong>de</strong>circunstâncias.A maior parte dos estudos ressalta uma série <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>s dos jovens,ou seja, ao enfrentar situações <strong>de</strong> risco e estresse, muitos <strong>de</strong>senvolvemdistúrbios <strong>de</strong> comportamento e <strong>de</strong>sequilíbrio emocional. É importante salientartambém que, <strong>de</strong> maneira diferente, muitos parecem <strong>de</strong>senvolver resiliência,superando as dificulda<strong>de</strong>s e/ou lançando mão <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> enfrentamentomenos prejudiciais. Com a resiliência, preservam-se durante o <strong>de</strong>senvolvimentoe tornam-se adultos bem integrados social e emocionalmente. Estudos nessalinha têm apontado para três principais fatores <strong>de</strong> proteção: características <strong>de</strong>personalida<strong>de</strong> (autonomia e auto-estima), coesão e ausência <strong>de</strong> conflitos familiares,e disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas externos <strong>de</strong> apoio que encorajem e reforcema capacida<strong>de</strong> da criança para lidar com as circunstâncias da vida (Hutz etal., 1996). Essas abordagens, ao avaliar e explorar as potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidasnas adversida<strong>de</strong>s, são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para programas preventivos...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................André, 15 anos, estudou atéa 4 a série e não morava maiscom sua família. Na rua,ficava com o“pai ou mãe <strong>de</strong>rua”, colegas e “irmãos <strong>de</strong>rua”. Comentou que saiu <strong>de</strong>casa porque o pai, quandoembriagado, o agredia.Relatou que começou abeber e a fumar antes <strong>de</strong> irpara rua. O uso <strong>de</strong> solventese maconha foi posterior.Disse usar drogas porque osamigos usam, para esquecerda fome/frio, para se sentirmais forte/corajoso, paraesquecer das tristezase porque acha legal/divertido.Seu maior medo: morrerna rua. André espera po<strong>de</strong>rarrumar lugar para morar,trabalhar, parar <strong>de</strong> usar drogase conseguir comida.Também gostaria <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar,pintar e conversarmais.Fabio, 14 anos, estudou atéa 3 a série e morava com suafamília. Comentou quecomeçou a ficar na rua poisem sua casa não havia energiaelétrica, “não tinha nada<strong>de</strong> legal para fazer”. Disseque brincava na rua, viajavapara as cida<strong>de</strong>s próximas e,para conseguir dinheiro,vigiava carros e engraxavasapatos. Contou que começoua usar cigarro, cola ebebidas alcoólicas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ir para a rua, alegando nãoter nada para fazer. Seumaior medo: a morte <strong>de</strong>le,da mãe e dos irmãos. Fabiodisse que gostaria <strong>de</strong> serbombeiro ou jogador<strong>de</strong> futebol, bem comomudar <strong>de</strong> vida juntamentecom sua mãe e irmãos.