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Capa Crianças 2003.cdr - Observatório Brasileiro de Informações ...

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...............................70...............................Capítulo 3Trabalhando com as famíliasO trabalho com as famílias também <strong>de</strong>ve ser priorizado na prevenção. Praticamentetodos os profissionais entrevistados ressaltaram a importância da inclusãoda família em diferentes perspectivas. Gran<strong>de</strong> parte das famílias vive emcontexto <strong>de</strong> exclusão social, cada qual com sua história <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios. Entramquestões complexas como pobreza, <strong>de</strong>semprego, condições precárias <strong>de</strong> moradia(Ab<strong>de</strong>lgalil et al., 2004). Essas dificulda<strong>de</strong>s muitas vezes se acentuam coma ausência dos pais ou <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>mandando sobrecarga, geralmente damãe, no cuidado da casa e dos filhos (Tabela 8, pág. 38). Embora muitasfamílias <strong>de</strong>monstrem alta resiliência, superando essas dificulda<strong>de</strong>s e mantendo-sefuncionais, outras nem tanto, necessitando <strong>de</strong> apoio social para o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> suas potencialida<strong>de</strong>s. A valorização das forças familiares e/ou ooferecimento <strong>de</strong> suporte social são formas <strong>de</strong> prevenção à situação <strong>de</strong> rua e,conseqüentemente, ao uso abusivo <strong>de</strong> drogas. Iniciativas como as do Programa<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família, iniciado no Brasil no início da década <strong>de</strong> 1990, po<strong>de</strong>mtrazer gran<strong>de</strong>s contribuições no trabalho precoce com famílias em situação<strong>de</strong> risco social (Junior, 2003).Neste levantamento, para muitas crianças ou adolescentes que se afastaram<strong>de</strong> suas famílias (31,2% – Tabela 3, pág. 29), melhorar a relação familiarfoi uma das principais expectativas. Esse interesse foi também <strong>de</strong>monstradonos relatos sobre as inúmeras tentativas <strong>de</strong> “voltar para casa” (Tabela 8, pág.38). Um raciocínio linear seria pensar que, se a família é fator associado àproteção ao uso excessivo <strong>de</strong> drogas e, por outro lado, se existe interesse dosjovens em retomar o vínculo, a prevenção se resumiria em “voltar para a família”.No entanto, isso não é tão simples quanto possa parecer, uma vez quepara a maioria não se trata <strong>de</strong> encontrar um “en<strong>de</strong>reço perdido”, mas sim oresgate <strong>de</strong> um vínculo familiar fragilizado, muitas vezes permeado por históriasdifíceis (Tabela 4, pág. 30 e Tabela 9, pág. 41). Vale lembrar que alguns dosprincipais motivos alegados pelos jovens para a saída <strong>de</strong> casa, em geral, foramos maus-tratos físicos, os conflitos familiares e a busca <strong>de</strong> sustento. A situação<strong>de</strong> rua, portanto, está associada a uma situação <strong>de</strong> risco social da famíliacomo um todo e em diferentes níveis. Em um estudo realizado por Juarez(1991), em Recife, concluiu-se que os jovens que relataram sair <strong>de</strong> casa porquestões econômicas retornavam com maior facilida<strong>de</strong> quando comparadosàqueles que saíram por outros motivos familiares, para os quais o rompimentodo vínculo pareceu mais acentuado.A família é um sistema dinâmico e passível <strong>de</strong> mudanças. Existem relatos<strong>de</strong> famílias, com adolescentes em situação <strong>de</strong> rua, que modificaram sua forma<strong>de</strong> lidar com as dificulda<strong>de</strong>s e conseguiram retomar a união e o apoio mútuoentre seus membros (Fundação Projeto Travessia, 2004). O <strong>de</strong>senvolvimentodas potencialida<strong>de</strong>s das famílias, no entanto, é realmente um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio,que envolve esforços das próprias famílias, muitas vezes <strong>de</strong>manda suporte dacomunida<strong>de</strong> local e <strong>de</strong> diferentes setores sociais. Trata-se <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong>extrema complexida<strong>de</strong>, mas <strong>de</strong> fundamental importância, que merece ser priorizadonas políticas públicas.

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