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Capa Crianças 2003.cdr - Observatório Brasileiro de Informações ...

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...............................50...............................Capítulo 2Solventes..........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................Solventes ou inalantesOs solventes são substâncias voláteis, isto é, evaporam-se e po<strong>de</strong>mser facilmente inaladas. Vários produtos comerciais contêm solventes,como é o caso <strong>de</strong> esmaltes, colas, tintas, thinners, gasolina, removedorese vernizes. Ainda existem os inalantes fabricados <strong>de</strong> formaclan<strong>de</strong>stina, como o “cheirinho da loló” e o “lança-perfume”.Os efeitos, após a inalação, são bastante rápidos (<strong>de</strong>saparecem em15 a 40 minutos) e o usuário repete o uso para que as sensaçõesdurem mais tempo. Os efeitos vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> uma estimulação inicialseguindo-se uma <strong>de</strong>pressão, po<strong>de</strong>ndo também aparecer processosalucinatórios. Os efeitos dos solventes lembram aqueles do álcool(exceto as alucinações). O efeito mais predominante é a <strong>de</strong>pressão,que po<strong>de</strong> chegar à inconsciência. Esta fase ocorre com freqüênciaA alta intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inalação <strong>de</strong> solventes entre crianças e adolescentes emsituação <strong>de</strong> rua é um dos comportamentos mais peculiares <strong>de</strong>ssa população(Bucher, 1991; Noto et al., 1994; Forster et al., 1996). Neste levantamento foipossível avaliar a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa prática no Brasil que, embora em grausvariados, repetiu-se em quase todas as capitais pesquisadas. Porto Velho foi aúnica capital on<strong>de</strong> não foi constatado consumo <strong>de</strong> solventes. Os maiores índicesforam observados em São Paulo e Recife, com cerca <strong>de</strong> 60% dos entrevistadosfazendo uso diário (20 ou mais dias no mês).O tipo <strong>de</strong> solvente inalado também variou consi<strong>de</strong>ravelmente entre as capitaise regiões do país. A cola foi o solvente predominante em 14 capitais(sendo 12 das Regiões Norte e Nor<strong>de</strong>ste), o thinner em oito (<strong>de</strong> diferentesRegiões) e o “loló” em duas (Porto Alegre e Fortaleza). Embora em freqüênciamuito pequena, predominou o esmalte em Campo Gran<strong>de</strong> e “lança”, em Vitória.No entanto, vale ressaltar que para a maioria das capitais foram observadassituações mistas, com uso <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> solvente.O uso diário foi citado por 16,3% dos entrevistados. Em estudo realizadopor Thiesen & Barros (2004), foi avaliada a concentração urinária <strong>de</strong> ácidohipúrico (metabólito do tolueno) entre jovens em situação <strong>de</strong> rua <strong>de</strong> PortoAlegre. Os índices <strong>de</strong>tectados foram muito elevados, sugerindo alta exposiçãoa esse solvente.Diferentemente do álcool e do tabaco, o consumo inicial <strong>de</strong> solventes foi,na maioria dos casos, após a situação <strong>de</strong> rua (Tabela 14). Embora tambémtenham sido constatadas outras formas <strong>de</strong> aquisição, foi comum o relato dacompra pessoal no comércio (venda, mercado) em todas as capitais (excetoPorto Velho) e, para a maioria <strong>de</strong>las (exceto São Paulo e Brasília), foram rarosos casos em que havia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outra pessoa comprar. Esses dadosconstatam a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solventes, mesmo no comércio formal, paraconsumo abusivo entre jovens brasileiros.entre os que usam saco plástico, pois após certo tempo já não conseguemafastá-lo do nariz, aumentando a intensida<strong>de</strong> da intoxicação.Os solventes po<strong>de</strong>m tornar o coração humano mais sensível àadrenalina, assim, se uma pessoa inala solvente e logo <strong>de</strong>pois fazesforço físico, po<strong>de</strong> ter sérias complicações cardíacas.A inalação repetida <strong>de</strong> solventes favorece a apatia, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>concentração e déficit <strong>de</strong> memória. A <strong>de</strong>pendência po<strong>de</strong> ocorrer,sendo mais evi<strong>de</strong>ntes o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> usar e a perda <strong>de</strong> outros interesses.Em menor intensida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> haver <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tolerânciae síndrome <strong>de</strong> abstinência (ansieda<strong>de</strong>, agitação, tremores,câimbras nas pernas e insônia).Existam leis que proíbam a venda <strong>de</strong> solventes e inalantes à base<strong>de</strong> tolueno para menores <strong>de</strong> 18 anos.

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