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Capa Crianças 2003.cdr - Observatório Brasileiro de Informações ...

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...............................64...............................Capítulo 3A informação: sua importância e seus limites na prevençãoOs diferentes níveis<strong>de</strong> prevenção:primária, secundária e terciáriaAs intervenções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública sãotradicionalmente caracterizadas por trêsníveis <strong>de</strong> prevenção: primária, secundáriae terciária. Para o consumo in<strong>de</strong>vido<strong>de</strong> drogas, essa classificação foi transpostada seguinte forma:. prevenção primária: conjunto <strong>de</strong> açõesque procura evitar o uso <strong>de</strong> drogas, visandodiminuir a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novaspessoas começarem a usar;. prevenção secundária: conjunto <strong>de</strong>ações que procura evitar a ocorrência <strong>de</strong>complicações para as pessoas que fazemuso ocasional <strong>de</strong> drogas;. prevenção terciária: conjunto <strong>de</strong> açõesque, a partir <strong>de</strong> um uso problemático <strong>de</strong>drogas, procura evitar prejuízos adicionaise/ou reintegrar na socieda<strong>de</strong> os indivíduoscom problemas mais sérios.(WHO, 1992; Noto & Moreira, 2004)Intervenções universais,seletivas e indicadasNesta classificação estão implícitos osconceitos <strong>de</strong> fatores associados à proteçãoe ao risco, consi<strong>de</strong>rando a multiplicida<strong>de</strong><strong>de</strong> fatores envolvidos no usoabusivo e na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> drogas. Enquantona classificação tradicional (primária,secundária, terciária) o foco é ograu <strong>de</strong> envolvimento do indivíduo coma droga, nesta passa a ser centrado nascaracterísticas do indivíduo ou na população,da seguinte forma:. intervenções universais: programas<strong>de</strong>stinados à população geral, supostamentesem qualquer fator específico associadoao risco;. intervenções seletivas: ações voltadaspara populações com um ou mais fatoresassociados ao risco para o uso in<strong>de</strong>vido<strong>de</strong> substâncias;. intervenções indicadas: incluem intervençõesvoltadas especificamente parapessoas i<strong>de</strong>ntificadas como usuárias oucom comportamentos direta ou indiretamenterelacionados ao uso in<strong>de</strong>vido<strong>de</strong> substâncias.Neste referencial <strong>de</strong> classificação, aoprivilegiar o enfoque na população (ouno indivíduo), fica implícita a importânciada análise das características da população-alvoao se planejar uma intervenção.Assim, programas universais,quando aplicados a populações queapresentam vários fatores <strong>de</strong> risco, que<strong>de</strong>mandariam programas seletivos, corremo risco <strong>de</strong> se tornarem improdutivosou até contraproducentes.(Gilvarry, 2000; Noto & Moreira, 2004;WHO, 2002)..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................A informação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> é um aspecto básico para qualquer programa preventivo.Historicamente, as primeiras intervenções informativas exploraram oamedrontamento (divulgação apenas dos prejuízos causados pelas drogas),viés este que foi avaliado como contraproducente em diversos estudos. Posteriormente,começou a ser utilizado o mo<strong>de</strong>lo da informação científica nãoten<strong>de</strong>nciosa (informação geral e isenta). Foi concluído, porém, que a informaçãoquando aplicada isoladamente não tem muito sucesso enquanto medidapreventiva, uma vez que, embora ela seja capaz <strong>de</strong> mudar alguns conceitos dapopulação-alvo, isso não implica, necessariamente, uma mudança <strong>de</strong> comportamento(Carlini-Cotrim, 1992; Dorn & Murji, 1992; Noto et al., 1994; Boothet al., 1999).Essas limitações dos mo<strong>de</strong>los informativos foramconfirmadas no presente levantamento. Quandoquestionada sobre as conseqüências para a saú<strong>de</strong>,a gran<strong>de</strong> maioria dos usuários tinha conhecimentodos danos <strong>de</strong>correntes do uso (Tabela 18), como:“estraga o pulmão”, “emagrece”, “acaba com a pessoa”,“<strong>de</strong>ixa louco”, “faz mal para o coração”.Muitos já haviam tido problemas graves <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.No entanto, esse conhecimento não parece ter sidosuficiente para promover uma mudança <strong>de</strong> comportamento.Por outro lado, a maioria dos não-usuários alegouevitar o uso por saber que “faz mal à saú<strong>de</strong>”,sugerindo que o esclarecimento po<strong>de</strong> ser relevantepara alguns (Tabela 18). O mesmo vale para as informaçõese as orientações voltadas para a redução<strong>de</strong> danos entre os usuários. A divulgação <strong>de</strong>informações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> é o primeiro passo <strong>de</strong>qualquer medida preventiva, porém, acreditar queesta seja uma intervenção preventiva em si é <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rartodo o contexto que envolve a situação <strong>de</strong> rua.A transmissão da informação através <strong>de</strong> pares, ou seja, através <strong>de</strong> outrosjovens em situação <strong>de</strong> rua, foi sugerida por alguns dos profissionais entrevistados.Esse mo<strong>de</strong>lo também tem sido <strong>de</strong>batido na literatura internacional, nãoapenas para o uso <strong>de</strong> drogas, mas também para questões <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong> eoutros cuidados com a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma geral (Booth et al., 1999). Os paresten<strong>de</strong>m a inspirar maior confiança e credibilida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> utilizarem umaforma <strong>de</strong> comunicação mais compreensível ao grupo.Vale salientar que mo<strong>de</strong>los universais <strong>de</strong> prevenção, como a divulgação <strong>de</strong>informações muito gerais, ten<strong>de</strong>m a ser pouco efetivos ou até mesmo ina<strong>de</strong>quadospara populações <strong>de</strong> risco, como as crianças e os adolescentes em situação<strong>de</strong> rua. Essas populações <strong>de</strong>mandam mo<strong>de</strong>los mais específicos, como osseletivos e/ou indicados. Portanto, a divulgação <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><strong>de</strong>ve ser apenas uma das metas em integração com várias outras intervenções.

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