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Capa Crianças 2003.cdr - Observatório Brasileiro de Informações ...

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O uso <strong>de</strong> drogas na infância e na adolescência em situação <strong>de</strong> rua nas capitais brasileiras...............................43...............................O rebaixamento da crítica e o aumento da impulsivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>correntes do estado<strong>de</strong> intoxicação, ou a fissura para o uso, são aspectos que merecem atenção(Tabela 11). Foram mencionados comportamentos impulsivos (<strong>de</strong> brigas e/ouroubo) e outras vulnerabilida<strong>de</strong>s, como o risco <strong>de</strong> atropelamento durante o estado<strong>de</strong> intoxicação. Também foram verificados riscos específicos do uso, como amistura <strong>de</strong> drogas ou, até mesmo, adormecer com saquinho <strong>de</strong> solvente no rosto(situação que po<strong>de</strong> levar à morte). Para conseguir dinheiro durante a fissura, oroubo foi o comportamento mais freqüente. De uma maneira geral, os várioscomportamentos avaliados foram verificados em proporções semelhantes, indicandonão existir um comportamento específico <strong>de</strong> risco, mas uma série <strong>de</strong>les.Outros estudos mostram que jovens em situação <strong>de</strong> rua têm início da vidasexual precoce. Para alguns, o sexo assume caráter <strong>de</strong> sobrevivência (conseguirdinheiro), para outros, a busca <strong>de</strong> prazer ou conforto (Scanlon et al.,1998). Neste levantamento, em relação especificamente ao comportamentosexual <strong>de</strong> risco (transa sem camisinha), a intoxicação apareceu como um estado<strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> importante. Embora em menor número, esse comportamentodurante a fissura (conseguir dinheiro para comprar droga) também foimencionado. Essa vulnerabilida<strong>de</strong> também tem sido verificada em vários outrospaíses (Bailey et al., 1998; Roy et al., 2003). Outros estudos indicamtambém que, em situação <strong>de</strong> rua, os usuários <strong>de</strong> drogas costumam ter maisrelações sexuais, maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parceiros e usam menos preservativos,comparados aos não usuários (Auerswald & Eyre, 2002).Tabela 11: Comportamentos <strong>de</strong> risco (na vida) associados (ou não) ao consumo <strong>de</strong>drogas entre as 2.807 crianças e adolescentes entrevistados nas 27 capitais.(N = 2.807)N %Tentativa <strong>de</strong> suicídio Sim 355 12,6Não 2446 87,1Tinha usado droga(s) Sim 197 7,0pouco antes datentativa (suicídio)Não 153 5,5Uso injetável Sim 122 4,3Não 2685 95,7Comportamentos Risco <strong>de</strong> atropelamento 754 26,9<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> usar Foi roubar 620 22,1Transou sem camisinha 710 25,3“Provocou” os outros 1 885 31,5Os outros o “prejudicaram” 2 803 28,6Adormeceu com saquinho<strong>de</strong> solvente no rosto502 17,9Comportamentos Roubou 457 16,3em fissura (para Transou 149 5,3conseguir dinheiro)Transou sem camisinha 77 2,7Outros 552 19,7Mistura <strong>de</strong> drogas Usou ao mesmo tempo 645 23,0Misturou fisicamente (ex. mesclado) 499 17,81Ficou mais bravo, solto e irritou os outros.2Ficou mole e os outros o prejudicaram <strong>de</strong> alguma forma (roubaram, bateram, etc.)...........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................Sonia, 17 anos, estudou atéa 6 a série e não morava comsua família. Freqüentava arua há mais <strong>de</strong> 2 anos econtou que saiu <strong>de</strong> casa emfunção dos pais/padrastosusarem drogas, por apanhare pelas discussões constantes.Disse que fazia uso <strong>de</strong>cigarro, solventes, maconha,crack e cocaína. Comentouque usava drogas por sentirsesozinha e para esquecerdas tristezas. Relatou já tertentado se matar duas vezesjogando-se na frente docarro. Disse: “estava muitolouca <strong>de</strong> drogas, cocaína”.Seu maior medo: ficarsozinha no mundo. Falou:“quero encontrar uma pessoaque eu goste e que eume <strong>de</strong> bem”. Sonia gostaria<strong>de</strong> trabalhar no Bob’s e voltarpara a casa da vó.Mara, 12 anos, estudou atéa 4 a série e não morava coma família. Comentou que saiu<strong>de</strong> casa por não gostar dopadrasto. Na rua, disse queficava sozinha. Relatou fazeruso <strong>de</strong> cigarro. Já havia experimentadomaconha, solventee bebida alcoólica.Contou que já tentou sematar duas vezes (uma vezbebeu Baygon e outra tentouse cortar com uma faca) eque não havia usado drogaantes das tentativas. Seumaior medo: per<strong>de</strong>r a mãe ea irmã. Quando perguntamoso que po<strong>de</strong>ria acontecer <strong>de</strong>bom na sua vida, respon<strong>de</strong>u:“queria conhecer o meu paiverda<strong>de</strong>iro”.

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