As principais drogas usadas e suas especificida<strong>de</strong>s entre os jovens em situação <strong>de</strong> rua...............................53...............................Assim como para as <strong>de</strong>mais drogas ilegais, o consumo inicial <strong>de</strong> maconhafoi, na maioria dos casos, após a situação <strong>de</strong> rua (Tabela 15). A forma <strong>de</strong>aquisição não foi perguntada no levantamento por se tratar <strong>de</strong> uma drogailegal, cujas vias <strong>de</strong> acesso são sabidamente clan<strong>de</strong>stinas. No entanto, valeressaltar que, diante da intensida<strong>de</strong> do uso, a ilegalida<strong>de</strong> da maconha nãoparece representar um impedimento <strong>de</strong> acesso para essa população.Em comparação com os dados observados entre estudantes brasileiros dare<strong>de</strong> pública, o consumo <strong>de</strong> maconha entre jovens em situação <strong>de</strong> rua foi muitosuperior. Enquanto7,6% dos estudantes pesquisados em 1997 relataramuso na vida, entre os em situação <strong>de</strong> rua o índice foi <strong>de</strong> 40,4%. A tendência <strong>de</strong>aumento, observada entre os estudantes (<strong>de</strong> 2,8% em 1987 para 7,6% em1997), ocorreu com menor intensida<strong>de</strong> entre os em situação <strong>de</strong> rua, provavelmenteem função <strong>de</strong> diversos fatores, como a elevada prevalência já observadana década <strong>de</strong> 1980.Tabela 15: Consumo <strong>de</strong> maconha (baseado, haxixe, skank) entre as 2.807 crianças eadolescentes entrevistados nas 27 capitais brasileiras.(N = 2.807)N %Parâmetro <strong>de</strong> uso 1 Uso na vida 1133 40,4Uso no ano 900 32,1Uso no mês 714 25,4Época do primeiro Antes da situação <strong>de</strong> rua 393 14,0episódio <strong>de</strong> uso Depois da situação <strong>de</strong> rua 737 26,3Para os casos <strong>de</strong> uso no mês (recente)Não lembra 3 0,1Nunca usou maconha 1674 59,6Freqüência <strong>de</strong> uso 1 a 3 dias 169 6,0no mês 4 a 19 dias 234 8,320 dias ou mais 312 11,1Já usou maconha Não 401 14,3misturada com Sim 314 11,2outra coisa?..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................1Parâmetros <strong>de</strong> uso: uso na vida(uso pelo menos uma vez na vida),uso no ano (uso pelo menos umavez nos últimos doze meses) e usono mês ou recente (uso pelo menosuma vez nos últimos trintadias).
...............................54...............................Capítulo 2Cocaína, crack e merla..........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................O consumo <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados da coca, cocaína, crack e/ou merla, ainda que em usoexperimental (na vida), foi mencionado em todas as capitais brasileiras. Asintensida<strong>de</strong>s variaram muito, tendo sido observados os maiores índices <strong>de</strong> usorecente (uso no mês) no Rio <strong>de</strong> Janeiro (45,2%), São Paulo (31,0%), Boa Vista(26,5%), Brasília (23,9%) e Recife (20,3%). Por outro lado, em Belém, Teresinae Porto Velho, não houve nenhum relato <strong>de</strong> uso recente. As diferenças entreas Regiões do país foram evi<strong>de</strong>nciadas com maior consumo na Região Su<strong>de</strong>stee menor na Norte (tendo Boa Vista como única exceção). As capitais tambémvariaram em relação ao tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivado mais consumido.O uso recente <strong>de</strong> cloridrato <strong>de</strong> cocaína foi observado em 22 capitais, nasua forma aspirada. O uso recente <strong>de</strong> cocaína injetável foi mencionado porapenas 8 entrevistados (entre os 2.807), com maior a freqüência em Salvador(3 casos).O uso recente <strong>de</strong> crack também foi relatado em 22 capitais. Os maioresíndices ocorreram em São Paulo, Recife, Curitiba e Vitória (entre 15 e 26%),seguidas <strong>de</strong> Natal, João Pessoa, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte (entre8 e 12%). Vale salientar uma peculiarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, on<strong>de</strong> predominou oconsumo do crack em mistura com maconha, na forma <strong>de</strong> cigarro, que osentrevistados a referiram como “mesclado”.A merla, embora tenha sido mencionada em 18 capitais (uso na vida), ouso recente foi relatado em oito <strong>de</strong>las. As principais foram Brasília (19,3% <strong>de</strong>uso recente), Goiânia (17,1%), Maranhão (15,5%) e Boa Vista (10,3%).O consumo inicial <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados da coca ocorreu, na maioria dos casos,após a situação <strong>de</strong> rua (Tabela 16). A forma <strong>de</strong> aquisição não foi questionada,mas a ilegalida<strong>de</strong> dos <strong>de</strong>rivados da coca (assim como a maconha) não parecerepresentar um impedimento <strong>de</strong> acesso para essa população.A tendência <strong>de</strong> aumento observada entre os estudantes (<strong>de</strong> 0,5% em 1987para 2% em 1997) também foi constatada nos levantamentos entre crianças eadolescentes em situação <strong>de</strong> rua (nas seis capitais estudadas anteriormente). Fo-Cocaína, merla e crackA cocaína é uma substância extraída das folhas <strong>de</strong> uma planta encontradana América do Sul: a Erythroxylon coca. A cocaína é comercializadana forma <strong>de</strong> um “pó” (cloridrato <strong>de</strong> cocaína), que po<strong>de</strong>ser usado na forma aspirada (cheirada) ou injetada. Existem outrosdois produtos que contêm cocaína na forma <strong>de</strong> base, o crack e amerla (mela, mel ou melado), que se volatilizam quando aquecidose, portanto, são fumados. A via pulmonar “encurta” o caminho parachegar ao cérebro e os efeitos surgem rapidamente.Logo após o uso, a pessoa sente sensação <strong>de</strong> prazer, euforia e po<strong>de</strong>r.A “fissura”, muito intensa no caso do crack e da merla, é vonta<strong>de</strong>incontrolável <strong>de</strong> sentir os efeitos <strong>de</strong> “prazer”. O crack e a merla tambémprovocam um estado <strong>de</strong> excitação, hiperativida<strong>de</strong>, insônia, perda<strong>de</strong> sensação do cansaço, falta <strong>de</strong> apetite e <strong>de</strong> cuidados com ahigiene. Após o uso intenso e repetitivo, o usuário sente cansaço e<strong>de</strong>pressão. A pressão arterial po<strong>de</strong> elevar-se e o coração po<strong>de</strong> batermuito mais rapidamente (taquicardia) e, em casos extremos, chega àparada cardíaca.O aumento da freqüência <strong>de</strong> uso favorece a “paranóia” e com ouso crônico po<strong>de</strong> levar a uma <strong>de</strong>generação irreversível dos músculosesqueléticos, chamada rabdomiólise.A cocaína faz parte da lista <strong>de</strong> substâncias consi<strong>de</strong>radas entorpecentespelo Ministério da Saú<strong>de</strong>. A legislação brasileira incriminatanto o tráfico como o porte.