163BrasíliaCapital do PaísDistrito Fe<strong>de</strong>ral2.051.146 habitantes(IBGE – censo 2000)Equipecoor<strong>de</strong>naçãoGilson Martins BragasupervisãoMaria <strong>de</strong> Fátima Olivier SudbrackentrevistadoresAna Gabriela Fortunato CostaBruno Moraes SoaresMaria Terezinha da SilvaShirley Rocha Cezar RizziProcesso <strong>de</strong> mapeamento e coleta <strong>de</strong> dadosForam mapeadas em Brasília várias instituições que ofereciamassistência a crianças e adolescentes em situação<strong>de</strong> rua, tanto em se<strong>de</strong> quanto na rua. Para o levantamentoforam selecionadas três instituições que preenchiamos critérios <strong>de</strong> inclusão. Todas com trabalhos realizadosem se<strong>de</strong>.Nestas três instituições foram realizadas 92 entrevistas,das quais quatro foram excluídas da amostra durante oprocesso <strong>de</strong> crítica dos dados (vi<strong>de</strong> motivos <strong>de</strong> exclusãoTabela 2, pág. 22).Total <strong>de</strong> entrevistas válidas: 88Resultadoscomparados aos da amostra global brasileira (27 capitais)Características socio<strong>de</strong>mográficas da amostrapesquisada (Tabela 1):A amostra pesquisada em Brasília se diferenciou da amostraglobal das 27 capitais brasileiras. Houve predomínio<strong>de</strong> jovens que não estavam estudando (77,3%), que nãoestavam morando com família (77,3%) e com maior períodona rua (92,0% ficando 6 ou mais horas/dia).Uso <strong>de</strong> drogas em geral (Figura 1):As especificida<strong>de</strong>s da amostra justificam os maiores índices<strong>de</strong> uso <strong>de</strong> drogas (comparado à amostra global). Noentanto, chama a atenção a elevada proporção <strong>de</strong> usuáriosentre os que estavam morando com família (n=20),diferente do observado para a maioria das capitais.........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................As principais drogas mencionadas – uso no mês(Tabelas 2 e 3):O consumo <strong>de</strong> tabaco apresentou prevalência superiorao da amostra global, <strong>de</strong> uso no mês (n=65) e em freqüênciadiária (n=55). Entre as bebidas, além da cerveja,<strong>de</strong>stacou-se o elevado consumo <strong>de</strong> vinho e pinga. Ossolventes/inalantes também foram muito mencionados(n=52), especialmente o thinner, com consi<strong>de</strong>rável número<strong>de</strong> usuários diários (n=26). O uso recente <strong>de</strong> maconhafoi mencionado por 46 entrevistados, sendo 22 comuso diário. Entre os <strong>de</strong>rivados da coca, prevaleceu o consumo<strong>de</strong> merla (n=17). O consumo recente <strong>de</strong> Rohypnol® foi mencionado por 12 entrevistados.Outros resultados (Tabelas 4, 5, 6):Os valores observados para as formas <strong>de</strong> aquisição, comportamentos<strong>de</strong> risco associados ao consumo e tentativas<strong>de</strong> parar ou diminuir o uso, foram relativamentesemelhantes aos da amostra global.Expectativas <strong>de</strong> vida (Tabela 7):Assim como nas <strong>de</strong>mais capitais, entre a maioria dos entrevistados,foram observadas várias expectativas básicas<strong>de</strong> vida (estudar, trabalhar, conseguir lugar paramorar, entre outras). Muitas <strong>de</strong>ssas expectativas são, naverda<strong>de</strong>, direitos <strong>de</strong> todas as crianças e adolescentes brasileiros.Comparação com o levantamento anterior: 1997(Tabela 8 e Figura 2):Em comparação com o levantamento <strong>de</strong> 1997, foramobservados em 2003 índices maiores <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> praticamentetodas as drogas pesquisadas (exceto Artane ® ,para o qual não houve relato <strong>de</strong> uso no mês).Região Centro-Oeste
164 BrasíliaTabela 1: Características socio<strong>de</strong>mográficas <strong>de</strong> 88 crianças e adolescentes em situação <strong>de</strong> rua entrevistadosem Brasília.N %SexoMasculino 70 79,5Feminino 18 20,59 a 11 5 5,7Ida<strong>de</strong> 12 a 14 29 33,0(anos) 15 a 18 54 61,4Não sabia 0 0Situação escolar(ensino formal)Nunca havia estudado 3 3,4Estava estudando 20 22,7Havia parado <strong>de</strong> estudar 65 73,9Situação familiar Sim 20 22,7(morar com a família) Não 68 77,3Diversão, liberda<strong>de</strong>, falta <strong>de</strong> outra ativida<strong>de</strong> 18 20,5Sustento para si e/ou família 20 22,7Motivos atribuídos Relações familiares ruins (conflitos, agressões) 29 33,0para a situação <strong>de</strong> rua Acompanhar parente ou amigo 13 14,8Mudança <strong>de</strong> estrutura familiar 10 11,4(morte <strong>de</strong> mãe/pai ou casamento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>les)Menos <strong>de</strong> 1 ano 26 29,5Anos em situação <strong>de</strong> rua1 a 5 anos 41 46,6Mais <strong>de</strong> 5 anos 21 23,9Não se lembrava 0 0Horas na rua por diaFormas <strong>de</strong> sustento(as 5 mais citadas)1 a 5 horas 7 8,06 horas ou mais 81 92,0Vigiava carros 59 67,0Pedia dinheiro 48 54,5Furtava, roubava 12 13,6Vendia coisas 11 12,5Entregava / vendia drogas 5 5,7Brinca<strong>de</strong>ira / Diversão 21 23,9Outras ativida<strong>de</strong>s Esporte / Arte 20 22,7Cursos profissionalizantes 13 14,8Ir à igreja 8 9,110097,1estava morando com família (n = 20)não estava morando com família (n = 68)Porcentagem <strong>de</strong> usuários8060402075,060,072,10Uso no mêsUso diárioFigura 1: Uso <strong>de</strong> drogas psicotrópicas, inclusive álcool e tabaco, entre 20 crianças e adolescentes queestavam morando com suas famílias, comparativamente aos 68 que não estavam, entrevistados em Brasília.São apresentados os parâmetros uso no mês (ao menos uma vez no mês que antece<strong>de</strong>u a pesquisa) euso diário (cerca <strong>de</strong> 20 dias ou mais no mês que antece<strong>de</strong>u a pesquisa).