1 0 0que sete governos. Todas as reformas são paralisadas. Diante <strong>de</strong> situação insustentável, oParlamento é dissolvido convocando-se novas eleições para o mês <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1936. Énesse quadro que Antonio Primo <strong>de</strong> Rivera, filho do antigo ditador, organiza a Falange,entida<strong>de</strong> afeiçoada ao Partido Fascista Italiano.Para as eleições parlamentares <strong>de</strong> 1936, os republicanos organizam a<strong>de</strong>nominada Frente Popular, abrangendo os liberais, a esquerda republicana, socialistas,comunistas, trotskistas e anarquistas. Era o tempo em que coalizão semelhante se formarana França. A Frente Popular consegue ampla maioria (308 ca<strong>de</strong>iras, 66% do total), contra158 dos conservadores (34%). Mas, na Frente Popular, os liberais eram minoria escassa,dispondo <strong>de</strong> apenas 52 <strong>de</strong>putados.A a<strong>de</strong>são da esquerda à Frente Popular revelou-se circunstancial. Nos primeirosquatro meses do governo saído <strong>de</strong>ssa coalizão, o país foi sacudido por 113 greves gerais e218 parciais. Os anarquistas e outros elementos radicais incendiaram 170 igrejase<strong>de</strong>struíram as instalações <strong>de</strong> 10 jornais conservadores.O quadro era <strong>de</strong> todo insustentável. O Presi<strong>de</strong>nte da República (Zamora) tentadissolver o Parlamento e convocar novas eleições mas é fragorosamente <strong>de</strong>rrotado, o que oleva a renunciar. Em seu lugar é <strong>de</strong>signado o então chefe do conselho <strong>de</strong> Ministros (Azaña)mas sem maior suporte parlamentar. Em julho, o general Francisco Franco (1892/1975)rebela-se no Marrocos e o país é arrastado à guerra civil.A guerra civil espanhola durou cerca <strong>de</strong> quatro anos, tendo terminado em março<strong>de</strong> 1939, com a vitória <strong>de</strong> Franco. O evento tornou-se uma peleja internacional, intervindobatalhões formados pela esquerda, com pessoas provenientes <strong>de</strong> vários países. A Itáliaapoiou abertamente as tropas franquistas. As lutas foram encarniçadas, estimando-se quetenha morrido um milhão <strong>de</strong> pessoas.Franco governou durante pouco menos <strong>de</strong> quarenta anos. O novo regime quecopiou muitos institutos do corporativismo italiano e manteve-se nos marcos doautoritarismo, aprovou em 1947 a chamada Lei da Sucessão, segundo a qual <strong>de</strong>veria terlugar a restauração monárquica. Franco não <strong>de</strong>sejava, entretanto, monarquia <strong>de</strong> cunhotradicional e conseguiu, em 1954, que o her<strong>de</strong>iro presuntivo renunciasse em favor doInfante Juan Carlos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então educado para o novo mister e que iria revelar-se umgran<strong>de</strong> estadista, após a morte <strong>de</strong> Franco (1975). Assumindo o po<strong>de</strong>r, Juan Carlosimpulsionou a transição para a <strong>de</strong>mocracia agindo com mo<strong>de</strong>ração. Contou também com aemregência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s estadistas, entre estes o chefe do primeiro governo comprometidocom a abertura política e a nova li<strong>de</strong>rança socialista.Em 1978, promulgou-se uma nova Constituição, introduzindo o regimeparlamentar. O número <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>iras na Câmara Baixa (Cortes) foi fixado em 350 <strong>de</strong>putados,escolhidos pelo sistema proporcional. Embora os elementos conservadores não tivessemaceito <strong>de</strong> bom grado o novo quadro, a transição foi assegurada por uma coalizão li<strong>de</strong>radapor Adolfo Suarez, que conseguiu expressiva maioria nas eleições <strong>de</strong> 1978 (168 ca<strong>de</strong>iras;48% do total). Os militares promoveram uma insurreição armada, mas o Rei conseguiu oapoio dos comandos mais importantes. Franco havia conseguido mo<strong>de</strong>rnizar o país e, nasnovas circunstâncias, abre-se o caminho à admissão ao Mercado Comum Europeu. AEspanha ingressa numa era <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong>.Nas eleições <strong>de</strong> 1982 consegue expressiva maioria o Partido Socialista, li<strong>de</strong>radopor Felipe González, uma li<strong>de</strong>rança mo<strong>de</strong>rna mais próxima da social-<strong>de</strong>mocrata alemã quedo socialismo tradicional. González não se envolveu em aventuras estatizantes, mantendo ocrescimento econômico e a prosperida<strong>de</strong>. Graças a isto, obteve novos mandatos em 1986 e
1 0 11990, embora sua maioria se haja reduzido. A Constituição espanhola <strong>de</strong> 1978 introduziudispositivo que exclui os partidos que hajam obtido menos <strong>de</strong> 3% dos votos. Contudo, naseleições <strong>de</strong> 1993, a maioria do PSOE reduziu-se a 47%. Nessa mesma eleição, <strong>de</strong>sponta,como segunda agremiação, o Partido Popular, mas que só obteve 40% das ca<strong>de</strong>iras.Finalmente, no início <strong>de</strong> 1997 o Partido Popular suplanta os socialistas mas para governartêm que coligar-se com os catalãos que já estavam no po<strong>de</strong>r.Os dois governos do PP, chefiados por José Maria Aznar, serviram paracaracterizá-lo como uma agremiação liberal, apta a <strong>de</strong>frontar-.se com a competenteli<strong>de</strong>rança socialista exercida por Gonzalez. Seguiu firmemente a política <strong>de</strong> redução da<strong>de</strong>spesa pública, traduzida na baixa <strong>de</strong> impostos sobre empresas e pessoas físicas. O paíscresceu a taxas mais altas que as alcançadas pela Europa. E ainda que não haja logradogran<strong>de</strong> avanço na reforma trabalhista, obteve redução do <strong>de</strong>semprego (superior a 20%) aonível da média européia (8%). Consciente do <strong>de</strong>sgaste que inevitavelmente recai sobre ali<strong>de</strong>rança no caso <strong>de</strong> um terceiro mandato, o PP concorreu em 2004 com novo nome(Rajoy). Contudo, Aznar não conseguiu administrar o brutal atentado terrorista ocorrido àsvésperas das eleições, visivelmente organizado pelo radicalismo islamita, tendo em vista oengajamento da Espanha ao lado dos Estados Unidos. Sendo natural que tivesse contatocom a ajuda do grupo terrorista basco (<strong>de</strong>nominado ETA, que seguidamente perpretava taisatentados), preten<strong>de</strong>u negar a participação da Al Queda. Explorando a circunstância, ossocialistas ganharam as eleições, embora nada o indicasse.A nova li<strong>de</strong>rança socialista (José Luiz Zapatero), embora mantendo a políticaeconômica, revelou-se disposta a reintroduzir no país o clima <strong>de</strong> tensão e confronto quepraticamente se conseguira eliminar nos trinta anos <strong>de</strong> abertura política. Criouanimosida<strong>de</strong>s sucessivas com a Igreja Católica; ignorou o chamado Pacto <strong>de</strong> Moncloa queinseria o compromisso <strong>de</strong> evitar a reabertura das feridas da guerra civil, ao investir contra amemória franquista; <strong>de</strong>cidiu encaminhar isoladamente processo que acabou servindo paraassegurar a sobrevivência da ETA, violando as regras do acordo anti-terrorista em vigor,com o qual estavam comprometidos os diversos partidos, inclusive o PP; e, mais grave quetudo, estimulou o nacionalismo catalão, concordando em que a Catalunha se auto-<strong>de</strong>finissecomo uma nação, o que sem dúvida alguma compromete tanto a sobrevivência damonarquia como da própria unida<strong>de</strong> nacional.. A questão das autonomias havia sidoa<strong>de</strong>quadamente equacionada no período da abertura. Enfim, ao contrariar regras daComissão Européia, conseguiu turbar a forma como ocorria a integração à Comunida<strong>de</strong>,que abria à Espanha a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vir a participar do pequeno grupo <strong>de</strong> países que atêm li<strong>de</strong>rado.Do ponto <strong>de</strong> vista da questão sob exame, verifica-se pelos dados abaixo que osistema proporcional não tem impedido a formação <strong>de</strong> maiorias:A n o P . S o c i a l i s t a P . P o p u l a r% C a d . % C a d .1 9 9 3 3 8 , 5 1 5 9 3 4 , 6 1 4 11 9 9 7 3 7 , 4 1 4 1 3 8 , 8 1 5 62 0 0 0 4 1 , 2 1 3 8 5 1 , 1 1 7 12 0 0 4 4 6 , 8 1 6 4 4 2 , 3 1 4 82 0 0 8 4 3 , 8 1 6 9 4 0 , 1 1 5 3
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