5 0consultei, objetam a essa restrição que, criadas num ambiente que além <strong>de</strong> nãocon<strong>de</strong>nar a riqueza até a exalta (ao contrário do que se dá nos lares católicos),<strong>de</strong>ntre as novas gerações dali saídas, as pessoas que tiverem vocação empresarialseguirão esse curso sem hesitação. Assim, o <strong>de</strong>sfecho seria possível, não a curtoprazo. Naturalmente é muito difícil formar opinião acerca <strong>de</strong> tema tãocontroverso. Contudo, assiste-se a pouco mais que a con<strong>de</strong>nação do fenômenopela imprensa e os meios <strong>de</strong> comunicação em geral.Referência bibliográfica finalTambém a <strong>de</strong>pendência da consolidação do sistema <strong>de</strong>mocráticorepresentativo<strong>de</strong> base moral que a favoreça tem sido assinalada na bibliografiarecente. Refiro apenas um dos últimos livros <strong>de</strong> Samuel Huntington - The ThirdWave: <strong>de</strong>mocratization in the late twentieth century (1991), editado no Brasilpela Ática (1994). A exemplo do capitalismo, <strong>de</strong> igual modo a <strong>de</strong>mocracia não édada a todos. Embora Huntington siga a tradição da ciência política norteamericana,ao preferir mo<strong>de</strong>los quantificáveis, sua análise evi<strong>de</strong>ncia quedificilmente po<strong>de</strong>rá haver sistemas políticos <strong>de</strong>mocráticos na África, na quasetotalida<strong>de</strong> da Ásia e mesmo na América Latina.Mario Gondona publicou As condições culturais do <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico (Buenos Aires, 1999). Ainda que esteja preocupado sobretudo com aArgentina - caso extremo <strong>de</strong> um país que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tornar-se <strong>de</strong>senvolvidoregressou ao sub<strong>de</strong>senvolvimento - apresenta esta tipologia das teorias quepreten<strong>de</strong>m dar conta do <strong>de</strong>senvolvimento: estruturalismo, institucionalismo eculturalismo. Arrola o marxismo como estruturalista; os institucionalistasenfatizariam os aspectos políticos, referindo a Huntington e Dahl. Finalmente osculturalistas <strong>de</strong>stacariam as questões morais que buscamos enfatizar. A matrizbásica proviria <strong>de</strong> Max Weber, referindo gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> autor5escontemporâneos que po<strong>de</strong>riam ser assim classificados.A Editora da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Londrina, que obe<strong>de</strong>ce à competentedireção <strong>de</strong> Leonardo Prota, programou a edição <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> Robert Nisbet<strong>de</strong>dicados ao tema "mudança social". Carlos Henrique Cardim, na década <strong>de</strong>setenta e começos da seguinte, incluiu Nisbet entre os autores contemporâneosque procurou divulgar n o Brasil em caráter pioneiro. Embora a Editora da UnBtenha <strong>de</strong> certa forma regressado ao seu projeto original, Nisbet não se encontraentre as reedições. Cardim havia publicado dois <strong>de</strong> seus livros: Os filósofossociais e História da idéia <strong>de</strong> progresso.Nos textos selecionados por Prota, Nisbet atribui a seu mestreFre<strong>de</strong>rick J. Teggart (1870/1946) o mérito <strong>de</strong> ter situado o <strong>de</strong>bate da mudançasocial em ternos renovadores e <strong>de</strong> comprovado valor heurístico. Irlandês <strong>de</strong>nascimento, sua família fazia parte <strong>de</strong> um contingente <strong>de</strong> emigrantes que chegouaos Estados Unidos em 1888. Concluiu a formação acadêmica em Stanford eintegrou-se ao Corpo Docente daquela Universida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> criou o Departamento<strong>de</strong> Instituições Sociais e formou um grupo notável <strong>de</strong> sociólogos.Em síntese, Teggart observou que as teorias relacionadas aos cicloshistóricos - que culminaram com Comte e Marx, passando pelas hipótesesmilenaristas do tipo da que foi formulada por Joaquim <strong>de</strong> Fiori - dissociaram-seinteiramente do próprio processo histórico, atingindo graus crescentes <strong>de</strong>arbitrarieda<strong>de</strong>. O cerne daquelas teorias consiste na hipótese <strong>de</strong> que o própriociclo histórico conteria os elementos <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> seu esgotamento esubstituição. Nisbet as reúne sob uma única <strong>de</strong>nominação, a saber: teorias do
5 1<strong>de</strong>senvolvimento endógeno. Essas teorias chegaram a dominar amplamente asociologia contemporânea, abrangendo tanto o marxismo como o funcionalismo.Seu traço essencial consiste em isolar um aspecto da vida social (a economia, apolítica, as organizações, etc.), atribuindo-lhe imanência, continuida<strong>de</strong>,uniformida<strong>de</strong> e acumulação genética. A isto objeta Nisbet: "o que existe comofato empírico concreto é simplesmente o comportamento dos seres humanos comos seus diversos atributos procriativos. Segundo, este comportamento não se dána terra intemporal dos sistemas universais, mas em lugares e áreas concretas e<strong>de</strong>finidas."São os seguintes os argumentos mobilizados por Nisbet contra a teoriado <strong>de</strong>senvolvimento endógeno:1º) o que caracteriza o comportamento humano é a permanência, afixi<strong>de</strong>z e a inércia, todo comportamento humano ten<strong>de</strong> a ser fixo no seu gênero,até que condições peculiares gerem a mudança;2º) ao contrário do que supõe a sociologia contemporânea, a fonte damudança raramente vem <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da unida<strong>de</strong> ou entida<strong>de</strong>;3º) a mudança social não manifesta continuida<strong>de</strong> genética; essasuposição consiste numa ficção através da qual se preten<strong>de</strong> impor uma espécie <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m intelectual sobre o passado, que não autoriza nenhuma previsão científicacausal;4º) não existe processo <strong>de</strong> mudança autônomo inerente aos sistemassociais; se tal se <strong>de</strong>sse, culturas isoladas revelariam claras manifestações <strong>de</strong>mudanças significativas, o que não ocorre;6º) o estudo da mudança social é inseparável dos eventos históricos.NOTAS(1) Para evitar maior distanciamento do tema a que me proponho, vouater-me a esse enunciado esquemático remetendo o leitor interessado no seuaprofundament6o ao livro que <strong>de</strong>diquei ao assunto (Fundamentos da moralmo<strong>de</strong>rna, Curitiba, Ed. Universitária Champagnat, 1994).(2) Em 1901, Sheebohn Rowntree, no livro Poverty: a Study of TownLife, dava conta das pesquisas que <strong>de</strong>senvolveu no sentido <strong>de</strong> quantificar a quevalores correspon<strong>de</strong>ria o conceito <strong>de</strong> "mínimo necessário para a sobrevivência",com o que se inicia o conhecimento exato da evolução dos padrões <strong>de</strong> vida nospaíses <strong>de</strong>senvolvidos.(3) É interessante registrar que entre as obras editadas por PeterBerger consta a seguinte: The Capitalist Spirit. Toward a Religious Ethic ofWealth Creation (San Francisco, ICS Press, 1990).(4) Lutero respon<strong>de</strong>u-lhe prontamente com a obra De Servi Arbitrio(1525).(Transcrito <strong>de</strong> Revista Brasileira, Fase VII, Ano VI, nº 22;janeiro/março, 2000).
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