7 2R e p ú b l i c a d e We i m a r e à Fr a n ç a d o a p ó s S e g u n d a G u e r r a . N o l i v r op u b l i c a d o e m 1 9 4 1 c o m o t í t u l o D e m o c r a c i a o u A n a r q u i a ? E s t u d os o b r e o s i s t e m a p r o p o r c i o n a l - - q u e g a n h a r i a c e r t a n o m e a d a , t e n d os i d o r e e d i t a d o p e l a J o h n s o n R e p r i n t e C o r p o r a t i o n , d e N o v a I o r q u e ,e m 1 9 7 2 - - , Fe r d i n a n d A . H e r m e n s ( 1 9 0 6 / 1 9 9 8 ) r e s p o n s a b i l i z a os i s t e m a e l e i t o r a l v i g e n t e p e l o f r a c a s s o d a R e p ú b l i c a d e W e i m a r e aa s c e n s ã o d e H i t l e r , a f i r m a n d o e x p r e s s a m e n t e : “ A r e p r e s e n t a ç ã op r o p o r c i o n a l f o i u m f a t o r e s s e n c i a l n o n a u f r á g i o d a d e m o c r a c i aa l e m ã ” .O texto <strong>de</strong> Hermens figura na antologia, organizada pelo prof. Manuel Braga daCruz, intitulada Sistemas eleitorais: o <strong>de</strong>bate científico (Lisboa: <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> CiênciasSociais da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lisboa, 1998).A li<strong>de</strong>rança emergente neste pós-guerra soube apren<strong>de</strong>r com a lição, isto é, nãocorreu o risco <strong>de</strong> restaurar aquele mo<strong>de</strong>lo, substituindo-o pelo distrital.No caso da França, entretanto, repetiu-se o erro, vale dizer, insistiu-se namanutenção <strong>de</strong> sistema eleitoral que perpetuara a instabilida<strong>de</strong> no ciclo anterior. Oresultado não foi diferente.Des<strong>de</strong> a eleição <strong>de</strong> Léon Blum (1872/1959) para formar o gabinete em<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1946, após o novo or<strong>de</strong>namento institucional, até a crise <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1958,quando a Assembléia entrega o po<strong>de</strong>r ao General De Gaulle (1890/1970), passam pelopo<strong>de</strong>r nada menos que 22 gabinetes (média <strong>de</strong> dois por ano). As dificulda<strong>de</strong>s para superaras crises ministeriais acentuavam-se. Ao governo que durou <strong>de</strong> junho a setembro <strong>de</strong> 1957,seguiram-se 36 dias com o po<strong>de</strong>r vago. O gabinete que subiu em <strong>de</strong>zembro daquele anocaiu em abril do ano seguinte. O substituto agüentou 15 dias. Como nos ciclos anteriores,os inimigos do sistema representativo ocupavam a cena. O movimento <strong>de</strong> extrema-direita,<strong>de</strong>nominado “poujadismo”, cuja ban<strong>de</strong>ira principal era a <strong>de</strong>núncia do parlamentarismo e aadoção <strong>de</strong> “regime forte”, obteve 2,5 milhões <strong>de</strong> votos em 1957.As reformas introduzidas por De Gaulle --que assumiu o po<strong>de</strong>r em 1958--abrangeria a abolição do sistema proporcional e a adoção do mo<strong>de</strong>lo distrital.Do que prece<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rou-se que esta seria a natureza do sistemaproporcional: incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proporcionar estabilida<strong>de</strong> política, pelo menos nos paísesmais populosos, como seria o caso da França e da Alemanha que o abandonaram no últimopós-guerra. Reconheceu-se, ao mesmo tempo que países sem maior unida<strong>de</strong> cultural teriamque insistir nesse mo<strong>de</strong>lo, buscando eventuais ajustamentos que minimizassem o referidoefeito perverso.Há entretanto vários indícios <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>sempenho em causa se haja alteradosubstancialmente, isto é, o sistema proporcional, na Europa, teria superado aquele <strong>de</strong>feitocaracterístico. Ter-se-ia tornado capaz <strong>de</strong> levar à formação <strong>de</strong> maiorias aptas a darcumprimento aos programas que, no pleito correspon<strong>de</strong>nte, mereceram a preferência doeleitorado. Neste ensaio, vamos reconstituir os indícios em causa e tentar averiguar a suaprocedência. Pareceu-nos que seria imprescindível indicar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, as alterações noprocesso político advindas da implantação da Comunida<strong>de</strong> Européia.2 . C o n d i c i o n a n t e s d o p r o c e s s o p o l í t i c on a C o m u n i d a d e E u r o p é i a
7 3a ) I d é i a s u m á r i a d a e s t r u t u r a ç ã od a C o m u n i d a d e E u r o p é i aA p ó s a S e g u n d a G u e r r a , n ã o s e r e p e t i r a m o s e q u í v o c o s d oT r a t a d o d e V e r s a l h e s q u e , a o i m p o r p e s a d o s e n c a r g o s à A l e m a n h a ,a p r e t e x t o d e r e p a r a r o s d a n o s q u e c a u s a r a a o u t r a s n a ç õ e s , l a n ç a r ao s g e r m e n s d a n o v a c o n f l a g r a ç ã o . D e s t a v e z , f o r a m l e v a d a s e mc o n t a a s r e c o m e n d a ç õ e s d e K e yn e s , f o r m u l a d a s a i n d a n a d é c a d a d ev i n t e . L e v o u - s e a c a b o o P r o g r a m a d e R e c u p e r a ç ã o E u r o p é i a , q u ep a s s a r i a à h i s t ó r i a c o m o n o m e d e P l a n o M a r s h a l l ( i n i c i a d o n os e g u n d o s e m e s t r e d e 1 9 4 7 e a p l i c a d o n o s q u a t r o e x e r c í c i o s f i s c a i ss e g u i n t e s , i s t o é , a t é j u n h o d e 1 9 5 1 ) . E s t a v a p o r t a n t o p r e s e n t e a oe s p í r i t o d a l i d e r a n ç a a n e c e s s i d a d e d e p o r f i m à s d i s p u t a s t o r n a d a st r a d i c i o n a i s g r a ç a s à i m p o s i ç ã o d e r e p a r a ç õ e s f i n a n c e i r a s a o p a í sd e r r o t a d o .E m m a i o d e 1 9 5 0 v e i o a s e r l a n ç a d o o p r o j e t o d aC o m u n i d a d e F r a n c o - A l e m ã d o C a r v ã o e d o A ç o , d e s t i n a d a a i n i c i a ra i n t e g r a ç ã o d e s s e s s e t o r e s p r o d u t i v o s . S e g u i r a m - s e a a d e s ã o d aI t á l i a e d o s p a í s e s q u e , a n t e s m e s m o d o t é r m i n o d o c o n f l i t o ,h a v i a m c r i a d o a a l i a n ç a d e n o m i n a d a B E N E L U X ( B é l g i c a , H o l a n d a eL u x e m b u r g o ) . T a i s s e r i a m o s f u n d a d o r e s d o q u e s e t o r n a r i a aC o m u n i d a d e E u r o p é i a . A s l i n h a s g e r a i s d a q u i l o q u e d e v e r i ac o n s i s t i r n a i n t e g r a ç ã o e c o n ô m i c a f o r a m f i x a d a s n o T r a t a d o d eR o m a ( 1 9 5 7 ) .N o q u e s e r e f e r e à i n t e g r a ç ã o p o l í t i c a , a i d é i aa c a l e n t a d a p e l o s f r a n c e s e s s e r i a a d e a t r i b u i r - l h e a f o r m a d e u m aF e d e r a ç ã o , q u e , e m m a t é r i a e c o n ô m i c a , i n s p i r a r - s e - i a n o m o d e l o d es o c i a l i s m o ( f o r t e p r e s e n ç a d o E s t a d o ) e x p e r i m e n t a d o n a E u r o p a d op ó s - g u e r r a , h i p ó t e s e q u e , s e g u n d o a p r o f a . A g n e s A l e x a n d r e -C o l l i e r , d a u n i v e r s i d a d e f r a n c e s a Fr a n c e - C o m t é ( n o l i v r o A n a t o m i ed e s d r o i t e s e u r o p é e n n e s . P a r i s , A r m a n d C o l i n , 2 0 0 4 ) , t e r i a s i d oi m p l o d i d a p o r M a r g a r e t h T h a t c h e r . E x p l i c i t a a p o s i ç ã o i n g l e s a n od i s c u r s o p r o n u n c i a d o a 2 0 d e s e t e m b r o d e 1 9 8 8 , p r e p a r a t ó r i o d aa g e n d a d o C o n g r e s s o d o P a r t i d o C o n s e r v a d o r , q u e t e r i a l u g a r n os e g u i n t e m ê s d e o u t u b r oR e s u m i d a m e n t e , s ã o e s t a s a s t e s e s q u e e n t ã o f o r m u l o u :1 ª ) A o i n g r e s s a r e m n a C o m u n i d a d e E u r o p é i a , a sn a ç õ e s p r e s e r v a r ã o s u a i d e n t i d a d e . D i z e n d o - o c o m s u a s p a l a v r a s :“ A E u r o p a s e r á m a i s f o r t e n a m e d i d a e m q u e a Fr a n ç a e n q u a n t oF r a n ç a , a E s p a n h a e n q u a n t o E s p a n h a , a G r ã - B r e t a n h a e n q u a n t o G r ã -B r e t a n h a p e r m a n e ç a m c a d a u m a d e l a s c o m s e u s p r ó p r i o s c o s t u m e s ,t r a d i ç õ e s e i d e n t i d a d e . ”2 ª ) A s s e g u r a r a m a n u t e n ç ã o d a A l i a n ç a A t l â n t i c a :“ T e n h a m o s u m a E u r o p a q u e d e s e m p e n h e p a p e l c o m p l e t o n o m u n d o ,q u e m i r e o e x t e r i o r e n ã o o i n t e r i o r e q u e p r e s e r v e e s t a
- Page 2 and 3:
2A N T O N I O P A I MA QUESTÃO DE
- Page 4 and 5:
4A P R E S E N T A Ç Ã OA q u e s
- Page 6:
6v e r i f i c a r q u e n ã o h
- Page 9 and 10:
comprova que a ingerência militar
- Page 11 and 12:
obtendo. 53,4% das cadeiras na Câm
- Page 13 and 14:
1 3PAPEL DA CULTURA DEMOCRÁTICA E
- Page 15 and 16:
em sucedido a ponto da nova forma d
- Page 17 and 18:
1 7A relevância da noção de inte
- Page 19 and 20:
1 9sociedade que se disporá a defe
- Page 21: 2 1a primeira tentativa de implanta
- Page 24 and 25: Portanto, a solidariedade que as at
- Page 26 and 27: uma elite. Há também o chamado po
- Page 28 and 29: 2 8ELENCO DAS RAZÕES PELAS QUAIS A
- Page 30 and 31: 3 0detrimento dos acionistas. A gra
- Page 32 and 33: 3 2sejam obrigados a enfrentar ques
- Page 34 and 35: 3 4As nuanças nas correntes social
- Page 36 and 37: 3 6ocorrido na Europa, oportunidade
- Page 38 and 39: Mostra, em primeiro lugar, que a he
- Page 40 and 41: 4 0Muitos analistas atribuem ao sis
- Page 42 and 43: 4 2fascinação magnética, que lhe
- Page 44 and 45: 4 4(7) Não tendo chegado a ser edi
- Page 46 and 47: 4 6Os Tigres Asiáticos e a moral c
- Page 48 and 49: 4 8Outra pesquisa que aponta para a
- Page 50 and 51: 5 0consultei, objetam a essa restri
- Page 52 and 53: 5 2FANTASIAS SOBRE A DEMOCRACIA ATE
- Page 54 and 55: esolvidos por arbitragem, a interve
- Page 56 and 57: 5 6I N C O N S I S T Ê N C I A D A
- Page 58 and 59: 5 8j u s t i f i c a ç ã o d o p
- Page 60 and 61: 6 0I g n o r a n d o s o l e n e m
- Page 62 and 63: 6 2g e n e r a l i z a ç ã o d e
- Page 64 and 65: l a c r è m e d e l a b u r e a u
- Page 66 and 67: 6 6C h e g a - s e a s s i m à g r
- Page 68 and 69: 6 8i n t e g r a n t e s . É e v i
- Page 70 and 71: 7 0c u l t u r a d o s p a í s e s
- Page 74 and 75: 7 4C o m u n i d a d e A t l â n t
- Page 76 and 77: t e x t o i n t r o d u t ó r i o
- Page 78 and 79: f i n s d a d é c a d a d e o i t
- Page 80 and 81: 8 0A meu ver, uma componente que, d
- Page 82 and 83: 8 2à o c u p a ç ã o n a z i s t
- Page 84 and 85: 8 4P a r t i d o %C a d e i r a sd
- Page 86 and 87: G r a ç a s a s u c e s s i v a s
- Page 88 and 89: 8 8m u d a n ç a s e x p e r i m e
- Page 90 and 91: 9 0C o m o d e r e s t o n o s d e
- Page 92 and 93: 9 2A s a g r e m i a ç õ e s r e
- Page 94 and 95: 9 4C o m e f e i t o , e n t r e 1
- Page 96 and 97: 9 6j u s t a m e n t e o q u e l e
- Page 98 and 99: 9 8A n oT a x a d e d e s e mp r e
- Page 100 and 101: 1 0 0que sete governos. Todas as re
- Page 102 and 103: 1 0 2A E s q u e r d a U n i d a c
- Page 104 and 105: 1 0 4O s e g u n d o p a r t i d o
- Page 106 and 107: 1 0 6A p a r d i s t o , d i s t i
- Page 108 and 109: 1 0 8consubstanciada no slogan “m
- Page 110 and 111: 1 1 0p r o g r e s s i v o a b a n
- Page 112 and 113: 1 1 2m e s m o a n o , p r o c e d
- Page 114 and 115: 1 1 4Pó; aproximadamente 10 milhõ
- Page 116 and 117: 1 1 6a s s i m a t u a r c o n t i
- Page 118 and 119: 1 1 8s u p e r a d o o i n t e r r
- Page 120 and 121: 1 2 0C D S 4 9 8 9 7T O T A I S 9 3
- Page 122 and 123:
1 2 2d i v i d i d o e n t r e o s
- Page 124 and 125:
1 2 4E m q u e p e s e p o s s a o
- Page 126 and 127:
1 2 6T c h e c a , E s l o v á q u
- Page 128 and 129:
1 2 8a ) O e s f a c e l a me n t o
- Page 130 and 131:
1 3 0N o c a s o d a B ó s n i a -
- Page 132 and 133:
1 3 2d a R e p ú b l i c a , e m s
- Page 134 and 135:
1 3 4O n ã o r e c o n h e c i m e
- Page 136 and 137:
1 3 6D e s o r t e q u e , n o p r
- Page 138 and 139:
1 3 8( 1 9 5 3 ) , H o d j a r e c
- Page 140 and 141:
1 4 03 . A c o mp l e x a e x p e r
- Page 142 and 143:
1 4 2( c a s o d a T c h e c o s l
- Page 144 and 145:
1 4 4s o b a l i d e r a n ç a d e
- Page 146 and 147:
1 4 6c o m p r o p o s t a s v o l
- Page 148 and 149:
1 4 8d e n ú n c i a d e q u e S t
- Page 150 and 151:
1 5 0c o m u n i s t a s e o u t r
- Page 152 and 153:
1 5 2f o r m a l m e n t e d e d i
- Page 154 and 155:
1 5 4N a s e l e i ç õ e s p a r
- Page 156 and 157:
1 5 6o u t r a s i n i c i a t i v
- Page 158 and 159:
1 5 8Q u a n d o o c o r r e u o f
- Page 160 and 161:
1 6 0P a r l a m e n t o E u r o p
- Page 162 and 163:
1 6 2T e m i a - s e q u e a q u e
- Page 164 and 165:
1 6 4M o v i m e n t o L i b e r a
- Page 166 and 167:
1 6 6s e r i a p r e v i s í v e l