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A Questão Democrática, 2010. - Instituto de Humanidades

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<strong>de</strong> rearrumação partidária. No Brasil, nem isto faculta o impropriamenteatribuída ao sistema proporcional. A proposição que se encontra na Câmara,cuja votação vem sendo sucessivamente postergada, na qual figura aintrodução da lista pré-or<strong>de</strong>nada, teria pelo menos o mérito <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar osistema em vigor ao congênere (que faz jus ao nome), segundo o qual oeleitor vota numa lista. No período anterior à primeira guerra, o sistemaproporcional (a<strong>de</strong>quadamente estruturado, isto é, constituídas as bancadaspartidárias a partir <strong>de</strong> uma proposição da própria agremiação) <strong>de</strong>u origem agran<strong>de</strong>s estragos. Ferdinand A. Hermens (1906/1998) - na obra tornadaclássica Democracia ou anarquia? Estudo sobre o sistema proporcional(1941) - responsabiliza esse sistema pela <strong>de</strong>rrocada da República <strong>de</strong>Weimar. Contudo, ao menos facultou a estruturação <strong>de</strong> partidos políticos.Presentemente, na Europa, muitos países o adotam e tem permitido aformação <strong>de</strong> maiorias, embora consi<strong>de</strong>re-se cedo para afirmar que superouas apontadas <strong>de</strong>ficiências.No chamado "interregno <strong>de</strong>mocrático" <strong>de</strong> 1945 a 1964, resultantedo fim do Estado Novo, o conhecido prócer liberal Otávio Mangabeira(1886/1960) insistia em que a <strong>de</strong>mocracia era, entre nós, uma planta tênue,exigente <strong>de</strong> cuidados especiais. Na verda<strong>de</strong>, queria insistir na ausência <strong>de</strong>cultura <strong>de</strong>mocrática no país. Será que evoluímos o suficiente, levando emconta que, no período subseqüente, estivemos submetidos a governosautoritários entre 1964 e 1985? Por certo que nos vinte e um ano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>então transcorridos, tivemos asseguradas as regras básicas da convivência<strong>de</strong>mocrática. Entretanto, ao que tudo indica, não parece que saibamosprecisamente <strong>de</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a perpetuação <strong>de</strong>ssas regras.O governo representativo equivale à mais importante criaçãooci<strong>de</strong>ntal no plano da organização da vida política. Além disto, tem avantagem <strong>de</strong> ter surgido com base num largo período da experimentaçãohistórica, correspon<strong>de</strong>nte à luta política na Inglaterra do século XVII.Guerra civil, execução <strong>de</strong> um monarca, vigência <strong>de</strong> ditadura pessoal tendopor <strong>de</strong>sfecho o retorno à estaca zero. Depois <strong>de</strong> tantos sacrifícios, por volta<strong>de</strong> 1860, permanecia o imperativo <strong>de</strong> ser encontrada uma alternativa àmonarquia absoluta, capaz <strong>de</strong> tornar-se duradoura, isto é, diferente daditadura <strong>de</strong> Cromwell. O encontro da alternativa resultou da i<strong>de</strong>ntificaçãodos dois <strong>de</strong>feitos capitais da experiência prece<strong>de</strong>nte, substitutiva damonarquia, auto<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Commonwealth, às vezes <strong>de</strong>signada,impropriamente, como república. Preten<strong>de</strong>ndo ser o "governo doParlamento", não encontrou uma forma <strong>de</strong> constituição do Po<strong>de</strong>r Legislativoque permitisse a convivência como Executivo, isto é, não soube dividirresponsabilida<strong>de</strong>s. Em síntese, não foi capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir dois aspectos que serevelaram nucleares: 1º) quem <strong>de</strong>ve ter a prerrogativa <strong>de</strong> fazer-serepresentar, já que "governo do parlamento" queria dizer, antes <strong>de</strong> maisnada, "governo representativo"; e, 2º) quem faz o que no governo (<strong>de</strong> on<strong>de</strong>provém a tripartição do po<strong>de</strong>r).Adquirida a convicção <strong>de</strong> que era possível apren<strong>de</strong>r com ostraumas do passado recente, a intervenção propiciada pela RevoluçãoGloriosa <strong>de</strong> 1688 serviu para iniciar outro ciclo experimental, <strong>de</strong>sta vez tão1 4

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