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A Questão Democrática, 2010. - Instituto de Humanidades

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4 8Outra pesquisa que aponta para a presença da valoração moral napossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conquista do <strong>de</strong>senvolvimento econômico seria dirigida porRichard Lynn, da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ulster, na Irlanda do Norte. Formou gruposhomogêneos em 43 países que haviam registrado progresso econômico no últimopós-guerra e buscou estabelecer correlação matemática entre <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico e certos valores. Naqueles países que alcançaram os mais altos níveis<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, sustentado por prazos mais dilatados, os valores maisapreciados eram a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> competir e, subsidiariamente, o significado dodinheiro. As pesquisas realizadas pelas equipes dirigidas por Richard Lynn, bemcomo a <strong>de</strong>monstração da consistência das correlações matemáticas queestabeleceu, foram resumidas no livro The Secret of the Muracle Economy;different national attitu<strong>de</strong>s to competitiviness and money (London, Social AffairsUnit, 1991).A re<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> WeberComo não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, a reviravolta nos estudos relacionadosao <strong>de</strong>senvolvimento econômico trouxe gran<strong>de</strong> atualida<strong>de</strong> às hipóteses <strong>de</strong> MaxWeber (1864/1920) relativas ao aparecimento do capitalismo. Para bem fixar doque se trata, recordo aqui, Weber indicou que os protestantes haviam dado umasolução original ao chamado "problema teodicéico" (afinal, o que estamosfazendo aqui na terra, fixando um lugar nas vida eterna, como queriam osteólogos medievais?) ao indicar que aos homens incumbia realizar uma obradigna da glória <strong>de</strong> Deus, sem atribuir-lhe méritos quanto à salvação. Assim, arevolução industrial na Europa e nos Estados Unidos não resultou <strong>de</strong> qualquerprojeto racional.Des<strong>de</strong> os fins do século passado, generaliza-se a hipótese <strong>de</strong> que ocapitalismo seria uma etapa transitória no <strong>de</strong>senvolvimento social, <strong>de</strong>vendo sersubstituído pelo socialismo, graças a uma <strong>de</strong>cisão racional. Como essa idéiaacabou apropriada por um país (a Rússia) <strong>de</strong> tradição <strong>de</strong>spótica-oriental, oprojeto transformou-se no comunismo, tornado álibi para perpetuação e expansãodo império. Enquanto durou essa trágica experiência, trouxe ao Oci<strong>de</strong>nte (para oaspecto que nos interessa) certo arrefecimento do interesse pela obra <strong>de</strong> Weber. Anovida<strong>de</strong> da fase recente que aqui preten<strong>de</strong>mos caracterizar consiste justamentena retomada <strong>de</strong> suas premissas e <strong>de</strong>scobertas. As pesquisas do <strong>Instituto</strong> para oEstudo da Cultura Econômica têm contribuído no sentido <strong>de</strong> chamar a atençãopara a componente moral do <strong>de</strong>senvolvimento, o que se viu obscurecendo nestepós-guerra, tanto pela propaganda comunista como pela rigi<strong>de</strong>z na busca damensuração, <strong>de</strong> parte da ciência política norte-americana. Em conseqüência,readquire pleno vigor o pensamento <strong>de</strong> Max Weber, notadamente os seus estudosrelacionados à religião, em especial A ética protestante e o espírito docapitalismo.(3)No livro traduzido ao português com o título <strong>de</strong> Da Reforma às Luzes(ed. Inglesa, 1972), o erudito britânico Trevor Roper resume <strong>de</strong>ste modo aspesquisas recentes acerca do mencionado tema <strong>de</strong> Weber:"Sem dúvida, os empresários do século XVI são com freqüênciacalvinistas, mesmo os que gravitam nas cortes <strong>de</strong> príncipes luteranos daDinamarca e Suécia. É verda<strong>de</strong> também que o banco <strong>de</strong> Hamburgo foi criado porcalvinistas holan<strong>de</strong>ses. Mas os empresários calvinistas têm ainda um outro traçocomum: praticamente todos são emigrantes. Nenhum dos empresários ativos <strong>de</strong>

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