12.07.2015 Views

A Questão Democrática, 2010. - Instituto de Humanidades

A Questão Democrática, 2010. - Instituto de Humanidades

A Questão Democrática, 2010. - Instituto de Humanidades

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sem <strong>de</strong>veres; e, o entendimento <strong>de</strong> que correspon<strong>de</strong> a construção muitocomplexa,. exigente <strong>de</strong> espírito público no seu aprimoramento. Vejamos aquestão dos direitos.A dissociação entre direitos e <strong>de</strong>veres correspon<strong>de</strong> a fenômeno <strong>de</strong>nosso tempo. Muitos analistas ten<strong>de</strong>m a associá-lo à maneira como a Europaprocurou dar conta da chamada questão social. Refiro aqui apenas um<strong>de</strong>sses autores, o eminente pensador inglês Raymond Plant, lí<strong>de</strong>r socialistae dirigente do Partido Trabalhista, no presente integrante da Câmara dosLor<strong>de</strong>s. Lord Plant ensinou em Oxford e Southampton, pertencendoatualmente ao Corpo Docente do King's College da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Londres. Autor <strong>de</strong> extensa bibliografia <strong>de</strong>dicada à ciência política, tornousereferência obrigatória a obra em que estuda o pensamento político <strong>de</strong>Hegel (Hegel, 2end edition, Blackwell, 1981). É autor <strong>de</strong> compêndiointitulado Mo<strong>de</strong>rn Polítical sTought (1991). No que respeita ao temaconsi<strong>de</strong>rado, além do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> sucessivo ensaios, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anosnoventa, mais recentemente po<strong>de</strong>-se referir The Neo Liberal State and therule of Law (Oxford University Press, 2006).Resume as principais teses que tem <strong>de</strong>fendido em artigo publicadona revista Nova Cidadania (Lisboa, Ano VII, nº 28; abril/junho, 2006),editada pelo <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Estudos Políticos da Universida<strong>de</strong> CatólicaPortuguesa, intitulado "O Partido Trabalhista e a reforma do EstadoProvidência", que tomarei por base nesta breve síntese.As indicações <strong>de</strong> Plant situam-se no âmago da discussão que orase verifica na Europa acerca do que se convencionou <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> "crisedo mo<strong>de</strong>lo social", isto é da forma como foi organizada a segurida<strong>de</strong> social.O gran<strong>de</strong> cavalo <strong>de</strong> batalha tem se situado no âmbito do tema dasolidarieda<strong>de</strong>.Sendo um <strong>de</strong>sdobramento, a bem dizer natural, do lema cristão do"amor do próximo" e <strong>de</strong> sua tradução laica, a fraternida<strong>de</strong>, o tema situa-seno núcleo central da valoração oci<strong>de</strong>ntal e que singulariza a nossa cultura: ovalor da pessoa humana.Sendo essas regras mais fundamentais que estruturam a base dodireito, não pairam dúvidas <strong>de</strong> que <strong>de</strong>las provem o Welfare. Sem embargo,não se po<strong>de</strong> confundir a solidarieda<strong>de</strong> entendida como um valor moral - quesomos instados a colher nas opções existenciais eventualmente presentes nocotidiano - com a transformação <strong>de</strong>sse instituto numa obrigação que nos éimposta e, portanto, não compreendida nas escolhas livres que singularizamo cerne da moralida<strong>de</strong>. Esse trânsito somente po<strong>de</strong> dar-se em face <strong>de</strong>princípios morais arraigados e incontestes. Por isso mesmo, tipificou-secomo consensual a moral social instaurada na Época Mo<strong>de</strong>rna, consensogeralmente requerido para que as regras vigentes sejam alteradas erenovadas.Justamente por essa razão, os estudiosos estabelecemdiferenciação entre solidarieda<strong>de</strong> voluntária (em princípio equivalente aoque tradicionalmente se <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> carida<strong>de</strong> privada) daquilo que temosem vista, isto é, a <strong>de</strong>nominada solidarieda<strong>de</strong> obrigatória, porquanto públicae universal. Cumpre ainda distingui-la da eqüida<strong>de</strong>.2 3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!