3 2sejam obrigados a enfrentar questões espinhosas, em relação à experiênciasoviética, que é a técnica da chamada "refundação comunista".b) Elaboração <strong>de</strong> uma categoria que possa dar conta do fenômenoda anti-globalizaçãoCreio que a experiência vivida no período subseqüente ao início daguerra contra o Iraque proporcionou, por toda parte, alianças impensáveis.Conservadores lado a lado <strong>de</strong> comunistas ou correntes afins - coisa impensávelnão fazia tanto tempo assim. Será que a anti-globalização seria a versão, do novomilênio, da clássica obsessão anti-americana? Os estudiosos da política nãopo<strong>de</strong>m passar por alto questões que seriam "<strong>de</strong>sagradáveis", a menos que hajamcapitulado diante do "politicamente correto".O fenômeno Le Pen nas últimas eleições presi<strong>de</strong>nciais francesas éoutro assunto politicamente incorreto. A julgar pelas análises dos resultados,inclusive por um jornal tão insuspeito como Le Mon<strong>de</strong>, Le Pen ganhou nosredutos da chamada extrema-esquerda. A anti-globalização será a versãocontemporânea do velho nacionalismo? Até esse ponto teriam chegado ostradicionais internacionalistas?Os estudos que Anthony Gid<strong>de</strong>ns tem <strong>de</strong>dicado à globalização facultamuma compreensão a<strong>de</strong>quada do fenômeno, inclusive no que respeita àapresentação <strong>de</strong> política econômica que daria conta <strong>de</strong> seus efeitos perversos,sem interferir na livre circulação <strong>de</strong> capitais. Mas não se <strong>de</strong>teve numa proposiçãoquanto ao que seria anti-globalização.A partir da dicotomia direita/esquerda jamais chegaremos lá;c) Perspectivas da corrente liberal européiaO pensador brasileiro prematuramente <strong>de</strong>saparecido, José GuilhermeMerquior (1941/1991), consi<strong>de</strong>rando que, por sua fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> ao sistema<strong>de</strong>mocrático representativo, tanto o conservadorismo como o liberalismo inglesesseriam legitimamente liberais, sugeriu que o último fosse qualificado comoliberalismo social. Com efeito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que emerge a questão municipal - on<strong>de</strong>havia uma franca confluência <strong>de</strong> interesses em problemas cruciais, a exemplo dosaneamento básico, por sua vez exigentes da intervenção do po<strong>de</strong>r público - enotadamente no governo <strong>de</strong> Lloyd George nos começos do século XX, os temasligados ao social é que passam a servir como divisor <strong>de</strong> águas entre as duasfacções.(7)No <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong>ssa polarida<strong>de</strong>, como se sabe, em março <strong>de</strong> 1988,o Partido Liberal inglês capitulou diante do que Pierre Fourca<strong>de</strong> chamou <strong>de</strong>tentação social-<strong>de</strong>mocrata,(8) fundindo-se com parte do PSD e mudando <strong>de</strong><strong>de</strong>nominação (Social and Liberal Democrats). Assumiram tal responsabilida<strong>de</strong>Adrian Sla<strong>de</strong> e Robert MacLennan, respectivamente presi<strong>de</strong>nte do PL e lí<strong>de</strong>r dabancada. No documento em que tentam justificar esse passo, no que se refere àeconomia, começam por fazer restrições ao mercado, embora dizendo reconhecerseu papel e força.No período <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então transcorrido, a nova agremiação não logrourecuperar o prestígio sucessivamente perdido pelo Partido Liberal. Com oencaminhamento dos trabalhistas na direção do que eles mesmos batizaram <strong>de</strong>terceira via, não parece que haja espaço a ser ocupado por uma proposta <strong>de</strong> índolesocial-<strong>de</strong>mocrata.
3 3Assim, na Inglaterra, o <strong>de</strong>stino da corrente liberal fica exclusivamenteem mãos do Partido Conservador. Vamos ver como a nova li<strong>de</strong>rança se recuperado trauma representado pela apropriação das ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> Mme. Thatcher porTony Blair.Ainda que não tenha tido a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisar o assunto com aprofundida<strong>de</strong> requerida - e louvando-me da convicção <strong>de</strong> que o liberalismo socialdistingue-se perfeitamente da social-<strong>de</strong>mocracia -, suponho que valeria a penaacompanhar os <strong>de</strong>sdobramentos da aproximação da Democracia Cristã aoliberalismo, expresso na atuação do Partido Popular europeu e também namudança <strong>de</strong> <strong>de</strong>nominação da IDC (Internacional Democrata <strong>de</strong> Centro).Lembro aqui que a adoção pelo Partido Democrata Cristão Alemão doque <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> "economia social <strong>de</strong> mercado" pren<strong>de</strong>-se ao imperativo <strong>de</strong>distinguir-se da Escola Austríaca. Seguidores <strong>de</strong>ssa Escola, recusando ointervencionismo econômico keinesiano, impuseram orçamento ignorando anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao aumento do <strong>de</strong>semprego, ao arrepio do Parlamento,dissolvendo-o. Nas eleições <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssa dissolução (setembro <strong>de</strong> 1930), osagrupamentos totalitários (41% dos votos) situam-se como uma alternativa à"coalizão <strong>de</strong> Weimar" (46% da votação). A responsabilida<strong>de</strong> da Escola Austríacapelo <strong>de</strong>sfecho hitleriano da crise nunca foi caracterizado da forma <strong>de</strong>vida.Contudo, os <strong>de</strong>mocratas cristãos, no pós-guerra, recusaram diretamente as teses<strong>de</strong> Hayek, superando, ao mesmo tempo, as antigas restrições dops agrupamentoscatólicos ao mercado.Não há dúvida <strong>de</strong> que a DC Alemã adotou ao longo <strong>de</strong> seus governosuma pauta liberal, sem concessões ao conservadorismo em matéria <strong>de</strong> políticassociais.A maior aproximação da <strong>de</strong>mocracia cristã ao liberalismo, no períodorecente, expresso na atuação do PP Espanhol e do PP Europeu tem sido assinaladapelo vice-presi<strong>de</strong>nte da Fundação Schumam, do PPE, Carlos Robles Piquer.Parece-me ser este outro tema que escapa à dicotomia, ao mesmotempo em que é inegável a sua relevância para qualquer centro universitário <strong>de</strong>pesquisa <strong>de</strong>dicada à política.5, O que efetivamente diferencia as correntes políticasEntendo que é o seu posicionamento perante o Estado.Existe uma questão central a partir da qual formam-se as nuanças.Trata-se da admissão ou não da hipótese, sugerida no século XIX, <strong>de</strong> que oEstado seria um ser moral. Na Filosofia do direito, Hegel afirma que a realizaçãoplena da moralida<strong>de</strong> dá-se com o Estado.(9) Tal convicção encontra-se à base dasdiversas variantes do socialismo - inclusive na terceira via Blair/Gid<strong>de</strong>ns -, namedida em que supõem possa o Estado efetivamente colocar-se acima dosinteresses.Para os liberais, o Estado correspon<strong>de</strong> a um pólo <strong>de</strong> interesses igual aqualquer outro, isto é, dotado <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong>, mas sem qualquer aura que oprivilegie.O comunismo correspon<strong>de</strong> à posição limite em matéria <strong>de</strong> Estado.Ainda que formalmente admita o seu <strong>de</strong>saparecimento, semelhante <strong>de</strong>sfecho ésituado num horizonte tão longínquo que sequer serve para orientar a açãopresente, integralmente <strong>de</strong>votada ao fortalecimento do Estado.
- Page 2 and 3: 2A N T O N I O P A I MA QUESTÃO DE
- Page 4 and 5: 4A P R E S E N T A Ç Ã OA q u e s
- Page 6: 6v e r i f i c a r q u e n ã o h
- Page 9 and 10: comprova que a ingerência militar
- Page 11 and 12: obtendo. 53,4% das cadeiras na Câm
- Page 13 and 14: 1 3PAPEL DA CULTURA DEMOCRÁTICA E
- Page 15 and 16: em sucedido a ponto da nova forma d
- Page 17 and 18: 1 7A relevância da noção de inte
- Page 19 and 20: 1 9sociedade que se disporá a defe
- Page 21: 2 1a primeira tentativa de implanta
- Page 24 and 25: Portanto, a solidariedade que as at
- Page 26 and 27: uma elite. Há também o chamado po
- Page 28 and 29: 2 8ELENCO DAS RAZÕES PELAS QUAIS A
- Page 30 and 31: 3 0detrimento dos acionistas. A gra
- Page 34 and 35: 3 4As nuanças nas correntes social
- Page 36 and 37: 3 6ocorrido na Europa, oportunidade
- Page 38 and 39: Mostra, em primeiro lugar, que a he
- Page 40 and 41: 4 0Muitos analistas atribuem ao sis
- Page 42 and 43: 4 2fascinação magnética, que lhe
- Page 44 and 45: 4 4(7) Não tendo chegado a ser edi
- Page 46 and 47: 4 6Os Tigres Asiáticos e a moral c
- Page 48 and 49: 4 8Outra pesquisa que aponta para a
- Page 50 and 51: 5 0consultei, objetam a essa restri
- Page 52 and 53: 5 2FANTASIAS SOBRE A DEMOCRACIA ATE
- Page 54 and 55: esolvidos por arbitragem, a interve
- Page 56 and 57: 5 6I N C O N S I S T Ê N C I A D A
- Page 58 and 59: 5 8j u s t i f i c a ç ã o d o p
- Page 60 and 61: 6 0I g n o r a n d o s o l e n e m
- Page 62 and 63: 6 2g e n e r a l i z a ç ã o d e
- Page 64 and 65: l a c r è m e d e l a b u r e a u
- Page 66 and 67: 6 6C h e g a - s e a s s i m à g r
- Page 68 and 69: 6 8i n t e g r a n t e s . É e v i
- Page 70 and 71: 7 0c u l t u r a d o s p a í s e s
- Page 72 and 73: 7 2R e p ú b l i c a d e We i m a
- Page 74 and 75: 7 4C o m u n i d a d e A t l â n t
- Page 76 and 77: t e x t o i n t r o d u t ó r i o
- Page 78 and 79: f i n s d a d é c a d a d e o i t
- Page 80 and 81: 8 0A meu ver, uma componente que, d
- Page 82 and 83:
8 2à o c u p a ç ã o n a z i s t
- Page 84 and 85:
8 4P a r t i d o %C a d e i r a sd
- Page 86 and 87:
G r a ç a s a s u c e s s i v a s
- Page 88 and 89:
8 8m u d a n ç a s e x p e r i m e
- Page 90 and 91:
9 0C o m o d e r e s t o n o s d e
- Page 92 and 93:
9 2A s a g r e m i a ç õ e s r e
- Page 94 and 95:
9 4C o m e f e i t o , e n t r e 1
- Page 96 and 97:
9 6j u s t a m e n t e o q u e l e
- Page 98 and 99:
9 8A n oT a x a d e d e s e mp r e
- Page 100 and 101:
1 0 0que sete governos. Todas as re
- Page 102 and 103:
1 0 2A E s q u e r d a U n i d a c
- Page 104 and 105:
1 0 4O s e g u n d o p a r t i d o
- Page 106 and 107:
1 0 6A p a r d i s t o , d i s t i
- Page 108 and 109:
1 0 8consubstanciada no slogan “m
- Page 110 and 111:
1 1 0p r o g r e s s i v o a b a n
- Page 112 and 113:
1 1 2m e s m o a n o , p r o c e d
- Page 114 and 115:
1 1 4Pó; aproximadamente 10 milhõ
- Page 116 and 117:
1 1 6a s s i m a t u a r c o n t i
- Page 118 and 119:
1 1 8s u p e r a d o o i n t e r r
- Page 120 and 121:
1 2 0C D S 4 9 8 9 7T O T A I S 9 3
- Page 122 and 123:
1 2 2d i v i d i d o e n t r e o s
- Page 124 and 125:
1 2 4E m q u e p e s e p o s s a o
- Page 126 and 127:
1 2 6T c h e c a , E s l o v á q u
- Page 128 and 129:
1 2 8a ) O e s f a c e l a me n t o
- Page 130 and 131:
1 3 0N o c a s o d a B ó s n i a -
- Page 132 and 133:
1 3 2d a R e p ú b l i c a , e m s
- Page 134 and 135:
1 3 4O n ã o r e c o n h e c i m e
- Page 136 and 137:
1 3 6D e s o r t e q u e , n o p r
- Page 138 and 139:
1 3 8( 1 9 5 3 ) , H o d j a r e c
- Page 140 and 141:
1 4 03 . A c o mp l e x a e x p e r
- Page 142 and 143:
1 4 2( c a s o d a T c h e c o s l
- Page 144 and 145:
1 4 4s o b a l i d e r a n ç a d e
- Page 146 and 147:
1 4 6c o m p r o p o s t a s v o l
- Page 148 and 149:
1 4 8d e n ú n c i a d e q u e S t
- Page 150 and 151:
1 5 0c o m u n i s t a s e o u t r
- Page 152 and 153:
1 5 2f o r m a l m e n t e d e d i
- Page 154 and 155:
1 5 4N a s e l e i ç õ e s p a r
- Page 156 and 157:
1 5 6o u t r a s i n i c i a t i v
- Page 158 and 159:
1 5 8Q u a n d o o c o r r e u o f
- Page 160 and 161:
1 6 0P a r l a m e n t o E u r o p
- Page 162 and 163:
1 6 2T e m i a - s e q u e a q u e
- Page 164 and 165:
1 6 4M o v i m e n t o L i b e r a
- Page 166 and 167:
1 6 6s e r i a p r e v i s í v e l