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A Questão Democrática, 2010. - Instituto de Humanidades

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3 3Assim, na Inglaterra, o <strong>de</strong>stino da corrente liberal fica exclusivamenteem mãos do Partido Conservador. Vamos ver como a nova li<strong>de</strong>rança se recuperado trauma representado pela apropriação das ban<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> Mme. Thatcher porTony Blair.Ainda que não tenha tido a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisar o assunto com aprofundida<strong>de</strong> requerida - e louvando-me da convicção <strong>de</strong> que o liberalismo socialdistingue-se perfeitamente da social-<strong>de</strong>mocracia -, suponho que valeria a penaacompanhar os <strong>de</strong>sdobramentos da aproximação da Democracia Cristã aoliberalismo, expresso na atuação do Partido Popular europeu e também namudança <strong>de</strong> <strong>de</strong>nominação da IDC (Internacional Democrata <strong>de</strong> Centro).Lembro aqui que a adoção pelo Partido Democrata Cristão Alemão doque <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> "economia social <strong>de</strong> mercado" pren<strong>de</strong>-se ao imperativo <strong>de</strong>distinguir-se da Escola Austríaca. Seguidores <strong>de</strong>ssa Escola, recusando ointervencionismo econômico keinesiano, impuseram orçamento ignorando anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao aumento do <strong>de</strong>semprego, ao arrepio do Parlamento,dissolvendo-o. Nas eleições <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssa dissolução (setembro <strong>de</strong> 1930), osagrupamentos totalitários (41% dos votos) situam-se como uma alternativa à"coalizão <strong>de</strong> Weimar" (46% da votação). A responsabilida<strong>de</strong> da Escola Austríacapelo <strong>de</strong>sfecho hitleriano da crise nunca foi caracterizado da forma <strong>de</strong>vida.Contudo, os <strong>de</strong>mocratas cristãos, no pós-guerra, recusaram diretamente as teses<strong>de</strong> Hayek, superando, ao mesmo tempo, as antigas restrições dops agrupamentoscatólicos ao mercado.Não há dúvida <strong>de</strong> que a DC Alemã adotou ao longo <strong>de</strong> seus governosuma pauta liberal, sem concessões ao conservadorismo em matéria <strong>de</strong> políticassociais.A maior aproximação da <strong>de</strong>mocracia cristã ao liberalismo, no períodorecente, expresso na atuação do PP Espanhol e do PP Europeu tem sido assinaladapelo vice-presi<strong>de</strong>nte da Fundação Schumam, do PPE, Carlos Robles Piquer.Parece-me ser este outro tema que escapa à dicotomia, ao mesmotempo em que é inegável a sua relevância para qualquer centro universitário <strong>de</strong>pesquisa <strong>de</strong>dicada à política.5, O que efetivamente diferencia as correntes políticasEntendo que é o seu posicionamento perante o Estado.Existe uma questão central a partir da qual formam-se as nuanças.Trata-se da admissão ou não da hipótese, sugerida no século XIX, <strong>de</strong> que oEstado seria um ser moral. Na Filosofia do direito, Hegel afirma que a realizaçãoplena da moralida<strong>de</strong> dá-se com o Estado.(9) Tal convicção encontra-se à base dasdiversas variantes do socialismo - inclusive na terceira via Blair/Gid<strong>de</strong>ns -, namedida em que supõem possa o Estado efetivamente colocar-se acima dosinteresses.Para os liberais, o Estado correspon<strong>de</strong> a um pólo <strong>de</strong> interesses igual aqualquer outro, isto é, dotado <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong>, mas sem qualquer aura que oprivilegie.O comunismo correspon<strong>de</strong> à posição limite em matéria <strong>de</strong> Estado.Ainda que formalmente admita o seu <strong>de</strong>saparecimento, semelhante <strong>de</strong>sfecho ésituado num horizonte tão longínquo que sequer serve para orientar a açãopresente, integralmente <strong>de</strong>votada ao fortalecimento do Estado.

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