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O Mundo de Sofia - Filosofar Sempre!!!!

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112Jorunn assobiou baixo. <strong>Sofia</strong> olhou fixamente para ela.- Venho cá hoje à noite - disse - mas tenho <strong>de</strong> sair por volta das três. Tens <strong>de</strong> meencobrir até que eu esteja <strong>de</strong> volta.- Mas on<strong>de</strong> vais? Qual é o teu plano?- Desculpa. Não posso dizer nada.Dormir em casa <strong>de</strong> Jorunn não era problema, pelo contrário. <strong>Sofia</strong> tinha por vezesa sensação <strong>de</strong> que a mãe gostava <strong>de</strong> ter a casa para si.- Mas vens amanhã para o café-da-manhã? - foi a única pergunta que fez quando<strong>Sofia</strong> saiu.- Caso não venha, tu sabes on<strong>de</strong> estou.Porque é que dissera aquilo? Era esse precisamente o ponto fraco do seu plano. Avisita <strong>de</strong> <strong>Sofia</strong> começou como a maior parte das visitas quando se dorme fora <strong>de</strong> casa, comconversas íntimas até alta noite. A diferença é que <strong>de</strong>sta vez <strong>Sofia</strong> pôs o <strong>de</strong>spertador para astrês e quinze quando elas se <strong>de</strong>itaram por fim, cerca da uma. Jorunn acordou quando <strong>Sofia</strong><strong>de</strong>sligou o <strong>de</strong>spertador duas horas mais tar<strong>de</strong>.- Tem cuidado – pediu ela.<strong>Sofia</strong> saiu para a rua e pôs-se a caminho. A Igreja <strong>de</strong> Santa Maria ficava a algunsquilômetros <strong>de</strong> distância, mas apesar <strong>de</strong> ter dormido apenas duas horas, sentia-seextremamente <strong>de</strong>sperta. Por cima das colinas, a oriente, o céu estava vermelho.Quando ela chegou à entrada da velha igreja <strong>de</strong> pedra, eram quase quatro. <strong>Sofia</strong>empurrou a porta pesada. Estava aberta!A igreja estava <strong>de</strong>serta e imersa num profundo silêncio.Através dos vitrais penetrava uma luz azulada que tornava visíveis milhares <strong>de</strong>particularzinhas <strong>de</strong> pó que andavam no ar. O pó parecia concentrar-se em raios espessosque atravessavam a nave da igreja.<strong>Sofia</strong> sentou-se num banco, no centro. Observou o altar e um velho crucifixo <strong>de</strong>cores <strong>de</strong>smaiadas.Passaram-se alguns minutos.Subitamente, o órgão começou a tocar. <strong>Sofia</strong> não se atrevia a voltar-se. Pareciauma melodia muito antiga; certamente, medieval. Pouco <strong>de</strong>pois, voltou o silêncio. Ouviuentão passos atrás <strong>de</strong> si que se aproximavam. Deveria olhar para trás? Preferiu continuar afixar Cristo na cruz.Os passos passaram ao lado <strong>de</strong>la, e viu então uma figura avançar pela igreja. Ovulto trazia um hábito castanho <strong>de</strong> monge. <strong>Sofia</strong> podia ter jurado que se tratava <strong>de</strong> ummonge medieval.Tinha medo, mas não ficou em pânico. O monge fez uma curva em frente àbalaustrada do altar e subiu ao púlpito.Inclinou-se sobre o parapeito, olhou para <strong>Sofia</strong> e disse em latim:-Gloria Patri et Filio et Spiritui Sancto. Sicut erat in principio et nunc et semper insaecula saeculorum. Amen.- Fala em norueguês, imbecil! - exclamou <strong>Sofia</strong>. As suas palavras ressoaram naantiga igreja <strong>de</strong> pedra. Ela sabia que o monge tinha <strong>de</strong> ser Alberto Knox. Apesar disso,arrepen<strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> se ter exprimido <strong>de</strong> uma forma tão irreverente numa igreja antiga. Mastivera medo e, quando se tem medo, é por vezes reconfortante quebrar todos os tabus.- Silêncio!Alberto levantou uma mão, como um sacerdote que pe<strong>de</strong> à comunida<strong>de</strong> para sesentar.

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