13.07.2015 Views

O Mundo de Sofia - Filosofar Sempre!!!!

O Mundo de Sofia - Filosofar Sempre!!!!

O Mundo de Sofia - Filosofar Sempre!!!!

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

260- Não para todo o sempre, espero?- Hegel chamava à força que faz avançar a história "espírito do mundo" ou "razãodo mundo". Segundo Marx, esta perspectiva invertia a verda<strong>de</strong>. Ele queria provar que astransformações das condições materiais são <strong>de</strong>terminantes para a história. Não são ascondições espirituais numa socieda<strong>de</strong> que levam a alterações materiais, mas o inverso: asrelações materiais <strong>de</strong>terminam em última análise as espirituais. São principalmente asforças econômicas numa socieda<strong>de</strong> que provocam as transformações em todos os outrosdomínios e dirigem a história.- Po<strong>de</strong>s dar-me um exemplo?- A filosofia e a ciência da Antiguida<strong>de</strong> tinham um fim puramente teórico. Nãointeressava aos filósofos da Antiguida<strong>de</strong> que o seu saber teórico implicasse quaisquervantagens práticas.- Ah, sim?- Isso tinha a ver com o modo como as socieda<strong>de</strong>s em que viviam estavamorganizadas. A vida e a produção <strong>de</strong> bens nas socieda<strong>de</strong>s antigas eram baseadasprincipalmente na mão-<strong>de</strong>-obra escrava. Por isso, os cidadãos não achavam necessáriomelhorar a produção por meio <strong>de</strong> inventos práticos. Isso é um exemplo do modo como asrelações materiais numa socieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m nela influenciar o pensamento filosófico.- Compreendo.- Marx <strong>de</strong>signava estas relações materiais, econômicas e sociais como a base dasocieda<strong>de</strong>. O modo como se pensa numa socieda<strong>de</strong> as suas instituições políticas, as suasleis, e também a sua religião, a moral, a arte, a filosofia e a ciência eram <strong>de</strong>signados porMarx a sua “superestrutura”.- Base e superestrutura, portanto.-E agora, po<strong>de</strong>s-me passar o templo grego?- Faz favor.- É uma cópia em miniatura do antigo Parténon na Acrópole. Na realida<strong>de</strong> já oviste.- Em ví<strong>de</strong>o, queres tu dizer.- Vês que o templo tem um telhado elegante e com muitos ornamentos. Talvez sejao telhado e o frontão que atraem primeiro a atenção. É isto que po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>signar porsuperestrutura. Mas o telhado não fica suspenso no ar.- É sustentado por colunas.- Todo o edifício precisa <strong>de</strong> um fundamento sólido, uma base que sustente toda aconstrução. Segundo Marx, as relações materiais sustentam <strong>de</strong> certo modo todos ospensamentos e idéias que há na socieda<strong>de</strong>. Significa que a superestrutura <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>é um reflexo da sua base material.- Queres dizer com isso que a teoria das idéias <strong>de</strong> Platão é apenas um reflexo daolaria daquela época e da viticultura ateniense?- Não, também não é assim tão simples, e Marx chamou a atenção para isso.Naturalmente, a estrutura e superestrutura <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> influenciam-sereciprocamente.Se Marx tivesse negado isso, teria sido um "materialista mecanicista", mas umavez que admitiu que entre a estrutura e a superestrutura existia também uma relaçãorecíproca, uma tensão, dizemos que Marx é um “materialista dialético”. Ainda te lembrasdo que Hegel entendia por <strong>de</strong>senvolvimento dialético. E, além disso, po<strong>de</strong>s reparar quePlatão não era nem oleiro nem viticultor.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!