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114como uma longa "noite <strong>de</strong> mil anos" que tinha obscurecido a Europa entre a Antiguida<strong>de</strong> eo Renascimento. Ainda hoje utilizamos a expressão "medieval" pejorativamente para tudo oque nos parece dogmático e retrógrado. Mas houve também quem tivesse visto a Ida<strong>de</strong>Média como o "crescimento milenar". Foi na Ida<strong>de</strong> Média, por exemplo, que se formou oensino público. Muito cedo surgiram as primeiras escolas nos mosteiros.No século XII, nasceram as escolas nas catedrais, e a partir do século XIII foramfundadas as primeiras universida<strong>de</strong>s. Ainda hoje, as disciplinas estão divididas em diversosgrupos ou "faculda<strong>de</strong>s", como na Ida<strong>de</strong> Média.- Mas mil anos é muito tempo.- O cristianismo precisava <strong>de</strong> tempo para ser aceite pelo povo. Além disso, durantea Ida<strong>de</strong> Média nasceram as diferentes nações - com cida<strong>de</strong>s e castelos, a música e a poesiapopulares. O que seriam as lendas e as canções populares sem a Ida<strong>de</strong> Média? Sim, o queseria a Europa sem a Ida<strong>de</strong> Média? Uma província romana? Mas a ressonância <strong>de</strong> nomescomo Noruega, Inglaterra ou Alemanha resi<strong>de</strong> precisamente no abismo extraordinário a quechamamos Ida<strong>de</strong> Média. Nesta profundida<strong>de</strong> há muitos peixes graúdos, mesmo que não ospossamos encontrar.Mas Snorri era um homem da Ida<strong>de</strong> Média. E Olaf, o Santo. E Carlos Magno. Paranão falar <strong>de</strong> Romeu e Julieta, os Nibelungos, a Branca <strong>de</strong> Neve ou os gigantes das florestasnorueguesas.E ainda um conjunto <strong>de</strong> príncipes esplêndidos e reis majestosos, cavaleiroscorajosos e belas donzelas, anônimos pintores <strong>de</strong> vitrais e geniais construtores <strong>de</strong> órgãos. Enão mencionei os monges, os cruzados e as bruxas.- Também ainda não falaste dos sacerdotes.- Tens razão. O cristianismo só chegou à Noruega após a mudança do milênio, masseria um exagero se afirmássemos que a Noruega se tornou um país cristão após a batalha<strong>de</strong> Stiklestad. Antigas concepções pagãs coexistiam com a doutrina cristã, e muitos <strong>de</strong>steselementos pré-cristãos misturavam-se com os costumes cristãos. Nas festas <strong>de</strong> Natalnorueguesas, por exemplo, coabitam ainda hoje costumes cristãos e costumes nórdicosantigos. Subsiste a antiga norma segundo a qual os cônjuges ten<strong>de</strong>m a assemelhar-se cadavez mais. Apesar disso, temos <strong>de</strong> sublinhar que o cristianismo se tornou por fim a religiãodominante, pelo que, a Ida<strong>de</strong> Média é consi<strong>de</strong>rada um período dominado por uma "culturaunitária cristã".- Então não foi apenas um período obscuro e triste?- Os primeiros cem anos a seguir ao ano 400 trouxeram, <strong>de</strong> fato, uma <strong>de</strong>cadênciacultural. A época romana foi notável pelo seu alto grau <strong>de</strong> civilização, com gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>sque dispunham <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s públicas <strong>de</strong> esgotos, termas públicas e bibliotecas. Para não falarda arquitetura grandiosa. Toda esta cultura se <strong>de</strong>smoronou durante os primeiros séculos daIda<strong>de</strong> Média. O mesmo suce<strong>de</strong>u com o comércio e a economia baseados na moeda. NaIda<strong>de</strong> Média, a economia <strong>de</strong> subsistência e o pagamento em gêneros surgiram <strong>de</strong> novo. Ofeudalismo caracterizou a economia. Feudalismo significa que alguns gran<strong>de</strong>s senhorespossuíam a terra que os camponeses tinham <strong>de</strong> cultivar para ganhar o seu sustento. Duranteo primeiro século, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional também baixou fortemente.Roma fora na Antiguida<strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> com mais <strong>de</strong> um milhão <strong>de</strong> habitantes. Jáno século VII, a população da antiga metrópole estava reduzida a quarenta mil habitantes.Uma população mo<strong>de</strong>sta caminhava entre os restos dos opulentos edifícios da época áureada cida<strong>de</strong>. Quando os homens precisavam <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção, havia suficientesruínas antigas <strong>de</strong> que se podiam servir, motivo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgosto para os arqueólogos