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O Mundo de Sofia - Filosofar Sempre!!!!

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302essa responsabilida<strong>de</strong>, afirmar que "<strong>de</strong>vemos" trabalhar ou "<strong>de</strong>vemos" orientar-nos por<strong>de</strong>terminadas perspectivas burguesas acerca do mundo no qual "<strong>de</strong>vemos" viver.Quem se envolve assim na massa anônima é apenas um homem massificado eimpessoal: foge <strong>de</strong> si mesmo e vive uma vida <strong>de</strong> mentiras. A liberda<strong>de</strong> humana, pelocontrário, impõe-nos que façamos algo <strong>de</strong> nós mesmos, que existamos "<strong>de</strong> um modoautêntico".- Compreendo.- Isso é válido principalmente para as nossas escolhas éticas. Não po<strong>de</strong>mos nuncaatribuir a culpa à "natureza humana", à "fraqueza humana", ou coisa semelhante. Por vezessuce<strong>de</strong> que certos homens se comportam <strong>de</strong> modo ignóbil e empurram a suaresponsabilida<strong>de</strong> para o "velho Adão", que supostamente têm em si. Mas esse "velho Adão"não existe, é apenas uma personagem a que recorremos para fugirmos à nossaresponsabilida<strong>de</strong>.- Devia haver um limite para aquilo <strong>de</strong> que o homem po<strong>de</strong> ser acusado.- Se bem que Sartre afirme que a vida não tem significado algum a “priori”, issonão significa que queira que seja assim: Sartre não era um “niilista”.- O que é isso?- Um niilista é uma pessoa para a qual nada tem significado e tudo é possível. ParaSartre, a vida <strong>de</strong>ve ter um significado, mas somos nós que o <strong>de</strong>vemos criar para a nossavida: existir é criar a nossa própria existência.- Po<strong>de</strong>s explicar isso um pouco melhor?- Sartre tenta <strong>de</strong>monstrar que a consciência não é nada antes <strong>de</strong> perceber algumacoisa, porque consciência é sempre consciência <strong>de</strong> alguma coisa. E essa coisa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>tanto <strong>de</strong> nós como do ambiente que nos ro<strong>de</strong>ia: nós próprios temos um papel ativo no quepercebemos, escolhendo o que é importante para nós.- Tens um exemplo?- Duas pessoas po<strong>de</strong>m estar presentes no mesmo local e senti-lo <strong>de</strong> um modocompletamente diferente, porque, quando percebemos o mundo externo, fazemo-lo partindodo nosso ponto <strong>de</strong> vista ou dos nossos interesses. Por exemplo, uma mulher grávida po<strong>de</strong>ter a sensação <strong>de</strong> ver grávidas em todo o lado. Isso não significa que antes não houvesse,mas a gravi<strong>de</strong>z fez com que o mundo adquirisse para ela um novo significado. Uma pessoadoente po<strong>de</strong> ver ambulâncias por toda a parte...- Acho que compreendo.- A nossa existência contribui, portanto, para <strong>de</strong>terminar o modo como percebemosas coisas: se uma coisa não é importante para mim, não a vejo. Agora posso explicar-te omotivo do meu atraso.- Disseste que foi <strong>de</strong> propósito, não é verda<strong>de</strong>?- Quero saber o que viste quando entraste aqui.- A primeira coisa em que reparei foi que tu não estavas.- Não é um pouco estranho que a primeira coisa que tenhas visto fosse algo quenão estava aqui?- Talvez, mas eu tinha um encontro contigo.- Sartre serve-se justamente <strong>de</strong> um encontro no café para explicar o modo comonós "<strong>de</strong>struímos" o que não tem importância para nós.- Foi apenas para mostrar isso que chegaste atrasado?- Sim, eu queria que compreen<strong>de</strong>sses esse ponto importante na filosofia <strong>de</strong> Sartre.Po<strong>de</strong>s vê-lo como um pequeno exercício.

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