13.07.2015 Views

O Mundo de Sofia - Filosofar Sempre!!!!

O Mundo de Sofia - Filosofar Sempre!!!!

O Mundo de Sofia - Filosofar Sempre!!!!

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

295O NOSSO TEMPO... “o homem está con<strong>de</strong>nado à liberda<strong>de</strong>”...O <strong>de</strong>spertador indicava 23.55. Hil<strong>de</strong> olhava para o teto. Tentava <strong>de</strong>ixar fluir asassociações livres que lhe vinham à mente. Cada vez que o curso dos pensamentos seinterrompia, tentava compreen<strong>de</strong>r por que motivo não conseguia avançar.Seria algo que tentava recalcar?Se conseguisse eliminar toda a censura, talvez começasse a sonhar estando<strong>de</strong>sperta, pensamento que a assustava um pouco.Quanto mais tentava <strong>de</strong>scontrair-se e abrir-se aos seus pensamentos e imagens,mais tinha a sensação <strong>de</strong> estar na cabana do major junto ao lago, no bosque.O que estaria Alberto a maquinar? Bom, na verda<strong>de</strong> era o pai <strong>de</strong>la que <strong>de</strong>cidira queAlberto maquinasse qualquer coisa. Mas saberia exatamente o quê? Talvez estivesse atentar afrouxar tanto as ré<strong>de</strong>as que Alberto o surpreen<strong>de</strong>sse por fim? Faltavam poucaspáginas: <strong>de</strong>veria dar uma olha<strong>de</strong>la à última? Não, isso não seria correto. Mas não era sóisso: Hil<strong>de</strong> não tinha a certeza <strong>de</strong> que já estivesse <strong>de</strong>cidido o que suce<strong>de</strong>ria na últimapágina.Não era uma idéia estranha?O “dossiê” estava ali, e o pai não podia acrescentar mais nada. No máximoAlberto, se conseguisse. A surpresa...Mas Hil<strong>de</strong> haveria <strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> algumas surpresas por si mesma. O major Knag nãotinha controlo sobre ela. Mas teria ela controlo sobre si mesma?O que era a consciência?Não seria um dos maiores mistérios do universo? O que era a memória? O que éque faz com que "recor<strong>de</strong>mos" tudo o que vimos e vivemos? Que tipo <strong>de</strong> mecanismo nosfaz criar sonhos fabulosos noite após noite? Enquanto refletia sobre estas questões, Hil<strong>de</strong>fechava por vezes os olhos. Depois abria-os <strong>de</strong> novo e voltava a fixar o teto. Por fimesqueceu-se <strong>de</strong> os reabrir.Dormia.Quando acordou com os gritos das gaivotas, o <strong>de</strong>spertador indicava as 6.66. Eraum número estranho! Hil<strong>de</strong> saltou da cama. Como sempre, foi à janela e observou aenseada: tinha-se tornado um hábito, tanto no Verão como no Inverno.Enquanto estava ali, teve subitamente a sensação <strong>de</strong> que na sua cabeça explodiaum conjunto <strong>de</strong> cores: lembrou-se do que sonhara. Mas fora mais do que um sonho normal.Tivera cores e contornos tão vivos...Sonhara que o pai regressara do Líbano, e todo o sonho era como uma continuaçãodo sonho <strong>de</strong> <strong>Sofia</strong> quando esta encontrara o seu crucifixo <strong>de</strong> ouro.Hil<strong>de</strong> estava sentada na doca - exatamente como no sonho <strong>de</strong> <strong>Sofia</strong>. Depois ouvirauma voz muito suave a sussurrar-lhe: "Eu chamo-me <strong>Sofia</strong>!". Hil<strong>de</strong> tinha ficado imóvel,tentando compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vinha aquela voz semelhante a um fraco crepitar, como seum inseto lhe estivesse a falar: "Deves ser cega e surda!". Em seguida, o pai chegara aojardim no seu uniforme da ONU. "Hil<strong>de</strong>!", gritara. Hil<strong>de</strong> correra em direção a ele e lançaralheos braços à volta do pescoço. O sonho terminara aí.Recordou alguns versos <strong>de</strong> um poema <strong>de</strong> Arnulf \õverland:“Acor<strong>de</strong>i uma noite <strong>de</strong> um estranho sonho, era como se uma voz me estivesse afalar, longínqua como uma corrente subterrânea... e eu levantei-me: o que queres <strong>de</strong> mim?”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!