Revista-Gastronomia-etc-março-2016-edição-03-atuaizada
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Revista</strong> <strong>Gastronomia</strong> <strong>etc</strong>.<br />
Com 39 anos e vigor de iniciante, o<br />
argentino Pablo Ferreyra é um<br />
entusiasta da prossão de cozinheiro.<br />
Com o brilho no olhar de quem foi<br />
envolvido pelo ofício logo no início da<br />
vida adulta, ele acredita que o<br />
respeito ao ingrediente é o que mais<br />
conta na hora de preparar uma<br />
refeição: “Não adianta ter os<br />
melhores fornecedores se não<br />
soubermos cortar bem um atum, por<br />
exemplo. É isso que transmito para a<br />
minha brigada. Respeito do início ao<br />
m, nossa missão é servir comida<br />
boa. Quero que o cliente entre triste e<br />
saia feliz. E se entrar feliz, que saia<br />
pulando de alegria”.<br />
É com essa convicção que há 20 anos<br />
Pablo trabalha na cozinha, onde<br />
começou lavando louça em um navio<br />
em Miami. Depois de percorrer<br />
diversos países e se apaixonar pelo<br />
Caribe, onde adquiriu experiência<br />
como cozinheiro, o argentino nascido<br />
em Buenos Aires descobriu o Brasil<br />
pelos caminhos do coração. “Minha<br />
mulher é carioca e a gente cava se<br />
dividindo. Até que aconteceu o ataque<br />
terrorista de 11 de setembro (de<br />
2001) e eu estava nos Estados<br />
Unidos. Meus amigos, parentes, todo<br />
mundo me mandava sair de lá. Vendi<br />
tudo e vim para o Brasil”, explica. Já<br />
são quinze anos em terras brasileiras,<br />
mas a trajetória não foi fácil. “Cheguei<br />
ganhando 600 reais, que era a base<br />
de um cozinheiro que estava<br />
começando. Era duro, porque lá fora<br />
eu ganhava mais. Mas quando eu saía<br />
e via as praias, as pessoas, sabia que<br />
tinha que car. Quando descobri<br />
Grumari, pensei porque demorei<br />
tanto para vir para cá. Era o Caribe!”.<br />
Pablo conta que a falta de informação<br />
sobre o Brasil foi sua maior diculdade,<br />
tanto em relação ao trabalho quanto na<br />
adaptação, desde a língua até as<br />
condições de vida. Começou no Gula<br />
Gula (cuidando do buffet de saladas),<br />
ajudou a criar a Prima Bruschetteria,<br />
passou anos no Chez L'Ami Martin e no<br />
Le Pre Catelan – onde aprendeu toda a<br />
sua base francesa com o chef Roland<br />
Villard, mestre de alguns dos melhores<br />
chefs da cidade - , e antes de assumir o<br />
Térèze fez história no Iate Clube do Rio.<br />
“Eu nunca quis seguir pelo caminho mais<br />
fácil. Apesar de usar técnicas francesas e<br />
s e r c l a s s i c a d o c o m o c o z i n h a<br />
contemporânea, considero que faço<br />
comida latino-americana. Que é o que<br />
sou, o que somos, e o que gosto de<br />
comer. Aqui consegui mostrar um pouco<br />
do meu jeito de cozinhar”, enfatiza. O<br />
chef também teve como escola a comfort<br />
food da chef Roberta Ciasca.<br />
DOCE CARNAVAL DE 8: Petit Gateau, Canele<br />
de dulce de leche, Macarons, Pannacotta com<br />
frutas vermelhas, Verrine de frutas frescas,<br />
Brûlée de tangerina, Alfajor de chocolate e<br />
Brownie de chocolate. Foto: Jeff Porto