76 CARROS COM HISTÓRIA MINI Criado para resolver um problema Por: João Paulo Lima Conhecido de todos, palco de aventuras para muitos, sobre a história deste pequeno automóvel inglês muita coisa se tem escrito. Neste artigo, vamos situar-nos mais perto <strong>das</strong> razões que levaram ao estudo e desenvolvimento deste projeto A Inglaterra no final dos anos 50 viu-se envolvida num conflito que teve como consequência o encerramento do canal do Suez, local que servia para os britânicos, de porta de entrada do petróleo vindo do Médio Oriente. O primeiro sinal sentiu-se no aumento e racionamento dos combustíveis. Até então, poucas tinham sido as preocupações com o consumo de combustível nos automóveis. Cada modelo consumia o que precisava para transformar gasolina em energia mecânica. As coisas para os ingleses estavam prestes a mudar e o primeiro passo face às necessidades foi contar com os pequenos e económicos automóveis de fabrico alemão e italiano, que mais não eram veículos com motor de moto sobre três ro<strong>das</strong>. Impróprios para transportar uma família ou para percursos extra citadinos, foi a solução que permitiu a BMC (British Motor Corporation), o maior fabricante de automóveis britânico da época, ter tempo para projetar algo mais ajustado às necessidades da altura. A ideia surgiu do presidente da BMC, Leonard Lord, depois de ver o mercado invadido por veículos de três ro<strong>das</strong> e motor de moto pouco do seu agrado. Para que não houvesse a tentação de copiar o que já existia no mercado, Leonard estabeleceu parâmetros que despoletaram soluções ainda presentes nos dias de hoje. O modelo não podia ter grandes dimensões e estava balizado entre 3 m de largura, 1,2 m de largura e 1,2 m de altura. Tinha de ser um automóvel de quatro lugares, distribuídos por 1,8 m do comprimento total do veículo. Para acelerar o processo e baixar os custos, deveria ser montado um motor já existente. Lord Leonard desafiou Sir Alec Issigonis, um ex-colega do tempo da Austin, para apresentar um projeto. A primeira reunião de trabalho foi num jantar onde Issigonis esboçou a sua ideia num guardanapo, que passou à história. Nele, desenhou carroçaria, disposição mecânica e interior. Propôs tração dianteira, motor transversal, caixa de quatro velocidades e diferencial, montados por baixo da unidade motora dentro do mesmo cárter, solução que foi buscar aos veículos com motor de moto que circulavam na altura. A ideia agradou a Lord Leonard, pois utilizava o motor série “A” existente desde 1951. Quanto à tração, não era nenhuma inovação. Tratava-se de uma ideia tornada utilizável por André Citroën, que a resgatou de um modelo norte-americano, o “Cord”, palco de muitos fracassos devido a fugas incontornáveis de lubrificante até a Citroën as resolver. A inovação estava mesmo na colocação do motor, que até ali posicionado linearmente não apresentava problemas de refrigeração, passando a ser algo que Issigonis teve de resolver quando foi forçado pela condicionante espaço a montá-lo na transversal. O propulsor nesta posição não podia contar com o fluxo de ar deslocado no movimento do veículo para refrigeração. A ventoinha a rodar no veio da bomba de água fazia 90º de desfasamento relativamente ao fluxo proveniente do deslocamento, puxando para arrefecer ar quente que envolvia o motor. Isto ditou, à partida, dificuldades de refrigeração face a outros modelos de motor longitudinal. Para Issigonis, tratou- -se de mais um desafio que solucionou em alguns modelos, como o Cooper, com mais pás na ventoinha de arrefecimento. O primeiro Mini estava pronto para ser comercializado em 1959. O modelo, denominado 850, dispunha de 848 cm³, 34 cv às 5.500 rpm e atingia 116 km/h. Para a suspensão, foi escolhido blocos de borracha em vez de molas metálicas, que trabalhavam como mola e amortecedor montados em dois charriots. O primeiro Mini era duro mas espaçoso comparado com os microcars que veio substituir. Mais do que um automóvel, podemos comparar este fenómeno com outros, como o smart ou o VW Carocha, que foram criados para resolver um problema e acabaram por fazer história. ✱ Setembro I 2018 www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com
CLASSIFICADOS 77 AP_intitucional_1a.pdf 1 17/07/2018 11:22 Auto_pecas_maria_pia_2014.pdf 2 19/07/16 11:39 ANUNCIE nos classificadosC AUTO PEÇAS MARIA PIA, LDA “Com 25 anos de experiência” M Y CM MY Contacte-nos 219 288 052 CY CMY K HORÁRIO >2ª a 6ª Feira - 9h às 12h30 - 14h30 às18h30 >Sábado - 8h às 12h Especializados nas marcas VW, SKODA, SEAT, AUDI e em peças para VW Carocha Tel.: 213 964 690 | 213 964 837 | Fax: 213 971487 Rua Freitas Gazul,13B - C. Ourique - 1350-148 Lisboa autopecasmariapia@gmail.com www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Setembro I 2018