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09<br />
EM QUE CONSISTE O WLTP E COMO FUNCIONA?<br />
Teste de laboratório<br />
para medição<br />
de veículos<br />
de passageiros:<br />
CONSUMO DE<br />
COMBUSTÍVEL<br />
EMISSÕES DE CO 2<br />
Os que estão diretamente<br />
relacionados com consumo<br />
de combustível<br />
EMISSÕES POLUENTES<br />
VALORES DE CONSUMO<br />
DE ENERGIA DE SOLUÇÕES DE<br />
MOBILIDADE ALTERNATIVAS<br />
Tal como a gama de veículos elétricos<br />
NEDC<br />
New European Driving Cycle<br />
l Elaborado nos anos 80<br />
l Baseado em condução teórica<br />
l Tornou-se obsoleto<br />
TESTE ANTIGO NOVO TESTE<br />
WLTP<br />
Worldwide Harmonised Light<br />
Vehicle Test Procedure<br />
l Entrou em vigor a 1 de setembro de 2017<br />
l Baseado em dados de condução real<br />
l Fornece valores mais próximos da condução real<br />
Que as normas que regulam as<br />
emissões poluentes dos veículos<br />
são cada vez mais rigorosas, obrigando<br />
fabricantes de automóveis e de<br />
componentes a constantes esforços financeiros<br />
e tecnológicos para cumprir a<br />
legislação em vigor, já não constitui novidade<br />
para ninguém. Mas a verdade é<br />
que nunca se falou tanto de emissões<br />
como agora. Depois de ter sido conhecido,<br />
nos EUA, em setembro de 2015, o caso<br />
da manipulação de software por parte da<br />
Volkswagen nos motores TDI, o chamado<br />
“Dieselgate” (esquema que permitia ativar<br />
os controlos de emissões de NOx somente<br />
durante os testes em laboratório, situação<br />
que atingiu, pelo menos, 11 milhões de<br />
veículos em todo o mundo), este escândalo<br />
deu o mote e rapidamente galgou<br />
fronteiras. Não passaram muitos dias até<br />
que a dúvida se instalasse: seria este caso<br />
a ponta de um icebergue ou, pelo contrário,<br />
tratava-se de uma ação isolada?<br />
Suspeitas, foram muitas. Certezas, poucas.<br />
Vários fabricantes de veículos vieram a<br />
terreiro reivindicar que estavam imaculados<br />
nesta matéria. Outros, passaram a<br />
ser alvo de investigação. Surgiram comunicados<br />
de imprensa a dar conta da total<br />
abertura <strong>das</strong> marcas para uma investigação<br />
transparente neste campo. Ninguém<br />
ficou imune ao espectro da desconfiança.<br />
O tempo encarregar-se-á, porventura, de<br />
demonstrar se a manipulação de valores<br />
de emissões poluentes (com consequências<br />
nefastas para a saúde e economia)<br />
tem sido prática comum e concertada ou<br />
se, ao invés, não tem passado de um ou<br />
outro episódio esporádico.<br />
n EVOLUÇÃO DAS EMISSÕES<br />
Para melhor compreendermos a evolução<br />
sofrida pelas emissões poluentes,<br />
importa, antes de mais, recuperar a origem<br />
<strong>das</strong> normas europeias, o que nos faz recuar<br />
no tempo três déca<strong>das</strong>. Foi em 1988 que se<br />
iniciaram as conversações do Protocolo de<br />
Quioto, que seria assinado em 1997 para<br />
entrar em vigor no ano de 2005. Neste<br />
tratado internacional, os países industrializados<br />
comprometeram-se a reduzir, cada<br />
um, em média, 5,2% dos gases com efeito<br />
de estufa (GEE), o que correspondia a cinco<br />
milhões de tonela<strong>das</strong> por um período de<br />
cinco anos (2008 a 2012), com base nos<br />
valores medidos em 1990. Em 1992, cinco<br />
anos após a assinatura do protocolo, foram<br />
definidos, na Europa, os limites para os vários<br />
tipos de emissões poluentes lançados<br />
para a atmosfera: uns específicos para os<br />
veículos a gasolina, outros direcionados<br />
para os Diesel.<br />
No início da década de 90, com a norma<br />
Euro 1, surgiram as primeiras panelas de<br />
escape catalisa<strong>das</strong>, cuja função era reduzir<br />
os níveis de CO e de HC+NOx. Para<br />
passar de Euro 2 para Euro 3, tiveram<br />
de ser aplica<strong>das</strong>, em alguns veículos,<br />
válvulas EGR (recirculação dos gases de<br />
escape), cuja missão era reduzir os níveis<br />
de NOx. A partir da Euro 3, começou a<br />
assistir-se à introdução de sistemas de<br />
pós-tratamento de gases de escape. Mais<br />
tarde, entraram em cena os filtros de partículas<br />
Diesel, cuja função era reduzir, nos<br />
veículos a gasóleo, as emissões de PM,<br />
levando-os a cumprir a norma Euro 5.<br />
Finalmente, para estar em conformidade<br />
com a norma que, hoje, vigora (Euro 6),<br />
os construtores tiveram de socorrer-se<br />
de novos sistemas de pós-tratamento de<br />
gases de escape, que diminuem, substancialmente,<br />
o NOx, graças à utilização de<br />
AdBlue (líquido composto por 32,5% de<br />
ureia e 67,5% de água desmineralizada),<br />
SCR (redução catalítica seletiva) e TWC<br />
(Three-Way Catalyst – catalisador de três<br />
vias). Depois, importa ainda considerar<br />
o DOC (catalisador de oxidação Diesel),<br />
o CRT (filtro de partículas mais eficiente)<br />
e o ASC (catalisador que absorve a ureia<br />
que não é consumida pelo SCR).<br />
n ADEUS, NEDC<br />
Os inimigos do ambiente são os gases<br />
poluentes que são libertados para<br />
a atmosfera pelo escape dos veículos:<br />
monóxido de carbono (CO); dióxido de<br />
carbono (CO 2); óxido de azoto (NOx);<br />
hidrocarbonetos não queimados (HC);<br />
partículas (PM). Todos se formam quando<br />
o combustível fóssil é queimado a eleva<strong>das</strong><br />
temperaturas, como as que ocorrem<br />
durante o processo de combustão dos<br />
motores a gasolina e a gasóleo. Para<br />
que os veículos possam ser lançados no<br />
mercado, os fabricantes têm, primeiro,<br />
de homologar consumos e emissões. E<br />
faziam-no, até há pouco tempo, através<br />
do NEDC (New European Driving Cycle),<br />
teste que se dividia em duas partes: uma<br />
efetuada em estrada; outra realizada em<br />
laboratório. O NEDC era alvo de críticas<br />
por ter um critério largo e por não ser<br />
representativo <strong>das</strong> condições reais de<br />
utilização dos veículos, tendo sido posto<br />
em causa graças às suspeitas levanta<strong>das</strong><br />
em torno da manipulação de resultados.<br />
Em nome da transparência e da proteção<br />
ambiental, quando já estava em<br />
substituição o NEDC pelo WLTP, com<br />
ciclos de carga que, embora mais realistas,<br />
não o eram o suficiente, o RDE<br />
(Real Driving Emisssions) foi apontado<br />
como a solução. Os valores obtidos por<br />
dinamómetros em laboratório através<br />
do WLTP podiam, assim, ser comparados<br />
com medições reais na estrada, evitado,<br />
deste modo, manipulação de leituras.<br />
Este novo método de medição pretende<br />
garantir que os motores Diesel Euro 6<br />
registam, efetivamente, baixas emissões.<br />
www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com Setembro I 2018