18.11.2018 Views

Desejo a meia-noite - Lisa Kleypas

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

– Se quiser mesmo...<br />

– Sim. Pode ir.<br />

Ela se foi, relutante. Uma corrente de ar vinda de algum lugar passou por ela quando saía<br />

do aposento. Não pretendera fechar a porta por completo, mas ela bateu com força, como se<br />

fossem as mandíbulas de um animal faminto.<br />

Foi difícil obrigar-se a sair dali. Queria proteger o irmão de alguma coisa.<br />

Só não sabia do quê.<br />

Depois de chegar a seu quarto, Amelia trocou de roupa e vestiu sua camisola favorita. A<br />

flanela branca era espessa e havia encolhido depois de tantas lavagens. A gola alta e as<br />

mangas compridas eram enfeitadas com bordados de linha branca feitos por Win. A friagem<br />

que lhe assaltara no andar de baixo sumiu aos poucos, mesmo depois que ela se enfiou<br />

debaixo das cobertas e se encolheu toda. Devia ter pensado em acender a lareira. Devia fazer<br />

aquilo naquele momento, para tornar o cômodo mais quente, mas a ideia de sair da cama<br />

não era nada agradável.<br />

Em vez disso, ela pensou em coisas quentes: uma xícara de chá, um xale de lã, um banho<br />

escaldante, um tijolo recém-saido do fogo, enrolado em uma flanela. Gradualmente, o calor<br />

a envolveu e ela relaxou o suficiente para dormir.<br />

Mas foi um sono agitado. Tinha a impressão de estar discutindo com pessoas em seus<br />

sonhos – conversas intermináveis que não faziam sentido. Mudando de posição, rolando de<br />

bruços, para os lados, de costas, ela tentou ignorar os sonhos perturbadores.<br />

Agora havia vozes... A voz de Poppy, na verdade... e não importava quanto ela tentava<br />

ignorá-la, a voz persistia.<br />

– Amelia! Amelia!<br />

Ela se apoiou nos cotovelos, sem ver nada, confusa por ter sido despertada de forma tão<br />

súbita. Poppy estava ao lado da cama.<br />

– O que foi? – balbuciou Amelia, jogando para trás a cortina de cabelo que cobria seu rosto.<br />

A princípio, o rosto de Poppy pareceu flutuar na escuridão, mas à medida que os olhos de<br />

Amelia se acostumavam, o resto apareceu, um tanto indefinido.<br />

– Estou sentindo cheiro de fumaça – disse Poppy.<br />

Essas palavras nunca eram ditas sem motivo, nem podiam ser descartadas sem que se<br />

investigasse. Um incêndio era uma preocupação permanente, em qualquer lugar onde se<br />

morasse. Podia começar de numerosas formas, com velas derrubadas, lamparinas, centelhas<br />

que saltavam da lareira ou brasas de fornos a lenha. E um incêndio em uma casa tão velha<br />

como aquela seria sempre um desastre.<br />

Saindo da cama com dificuldade, Amelia foi procurar seus chinelos dentro de uma caixa<br />

aos pés da cama. Deu uma topada no dedo do pé, pulou e praguejou.<br />

– Eu pego para você.<br />

Poppy levantou a tampa de zinco da caixa e retirou os calçados enquanto Amelia pegava<br />

um xale.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!